O galardão internacional foi criado em 1979 para premiar anualmente um arquiteto vivo por conquistas significativas nesta disciplina, e ascende a 100 mil dólares (cerca de 93.800 euros).
Os arquitetos portugueses Álvaro Siza e Eduardo Souto de Moura foram distinguidos com o Pritzker em 1992 e em 2011, respetivamente.
Presidido este ano pelo arquiteto chileno Alejandro Aravena, o júri também integrava o diplomata brasileiro André Aranha Lago, o professor de História da Arte Barry Bergdoll, a arquiteta Deborah Berke, o jurista Stephen Breyer e a arquiteta Kazuyo Sejima, a arquiteta Benedetta Tagliabue, o professor e arquiteto Wang Shu, e a diretora executiva do galardão, a curadora Manuela Lucá-Dazio.
Em 2022, o Prémio Pritzker foi entregue ao arquiteto do Burkina Faso Francis Kéré, que se tornou o primeiro africano a conquistar o galardão, e em 2021 venceu a dupla de arquitetos franceses Anne Lacaton e Jean-Philippe Vassal.
No ano 2020, o Prémio Pritzker foi atribuído às arquitetas irlandesas Yvonne Farrell e Shelley McNamara, cofundadoras do escritório Grafton Architects, primeira dupla feminina a conquistar o galardão.
Arquiteto, urbanista e ativista, David Alan Chipperfield, de 69 anos, criou, ao longo de quatro décadas, mais de uma centena de obras que vão desde edifícios cívicos, culturais e académicos a residências e planos urbanísticos na Ásia, Europa e América do Norte.
Na sustentação da escolha, o júri afirmou: "Subtil, mas poderoso, subjugado, mas elegante, Chipperfield é um arquiteto prolífico radical na sua contenção, demonstrando a sua reverência pela história e cultura, ao mesmo tempo que honra os ambientes construídos e naturais preexistentes, ao reimaginar a funcionalidade e acessibilidade de novos edifícios, renovações e restauros através de um ´design´ moderno intemporal que enfrenta as urgências climáticas, transforma as relações sociais e revigora as cidades".
"Tal capacidade de destilar e realizar operações de ´design´ bem pensado é uma dimensão da sustentabilidade que não tem sido óbvia nos últimos anos: a sustentabilidade como pertinência, não só elimina o supérfluo como é também o primeiro passo para criar estruturas capazes de durar, física e culturalmente", sublinhou ainda o júri do galardão.
O Novo Museu, em Berlim, na Alemanha (2009), originalmente construído em meados do século XIX e deixado devastado e inabitável durante a Segunda Guerra Mundial, é considerado um dos maiores exemplos do pensamento de Chipperfield sobre unir a preservação, reconstrução e adicionar algo novo.
"Estou tão emocionado por receber esta honra extraordinária e por estar associado aos anteriores destinatários que deram tanta inspiração à profissão", comentou David Alan Chipperfield, também citado no comunicado do anúncio do galardão.
O arquiteto britânico acrescentou que recebe este prémio "como um incentivo para continuar a dirigir a atenção não só para a substância da arquitetura e o seu significado, mas também para a contribuição que [se pode] dar como arquitetos no enfrentar os desafios existenciais das alterações climáticas e da desigualdade social".
"Sabemos que, como arquitetos, podemos ter um papel mais proeminente e empenhado na criação, não só de um mundo mais belo, mas também de um mundo mais justo e sustentável. Temos de estar à altura deste desafio, e ajudar a inspirar a próxima geração a abraçar esta responsabilidade com visão e coragem", sustentou o arquiteto nascido em 1953, em Londres, e que abriu o ateliê em seu nome em 1985.
O projeto de restauro da Procuratie Vecchie, em Veneza, Itália (2022), que remonta ao século XVI, redefiniu a capacidade cívica deste edifício no coração da cidade para permitir o acesso do público pela primeira vez, apontou ainda o júri.
Outros projetos de David Alan Chipperfield destacados pela organização são, no Reino Unido, o Museu River e Rowing, em Henley-on-Thames (1997), a sede da BBC em Glasgow (2007), a galeria Turner Contemporary, em Margate (2011), e a Royal Academy of Arts (2018).
Também projetou o Museu de Arte Campus Saint Louis, no Missouri, Estados Unidos (2013), o Campus Joachimstraße, em Berlim (2013), o Museu Jumex, na Cidade do México (2013), e a Kunsthaus de Zurique, na Suíça (2020).
[Notícia atualizada às 16h17]
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