"Os Faroleiros" é um filme do realizador e ator francês Maurice Mariaud, produzido e rodado em Portugal em 1922, e é considerado uma "raridade do cinema mudo português", como escreve o Batalha -- Centro de Cinema.
É que o filme "esteve perdido durante décadas, tendo sido encontrado no Palácio do Bolhão, no Porto, em 1993, onde a empresa do produtor Raul de Caldevilla, pioneiro dos filmes de publicidade em Portugal, teve a sua sede", lê-se na nota explicativa do cinema Batalha.
Esta obra do cinema mudo, com 80 minutos, foi restaurada e digitalizada pela Cinemateca Portuguesa, no âmbito do projeto FILMar e é agora devolvida aos espectadores.
Além da sessão de quarta-feira no Porto, o filme também será mostrado no próximo dia 31 na Culturgest, em Lisboa.
Nas duas sessões, o filme será projetado com música ao vivo, composta por Daniel Moreira, a convite do cinema Batalha, e interpretada pelo The Arditti Quartet.
Está prevista ainda a edição do filme em DVD, com a partitura da banda sonora.
"Os Faroleiros" é um drama "que acompanha um triângulo amoroso fatal" entre Rosa, João Vidal e António Gaspar; entre uma mulher, que vive num farol após a morte do seu pai no mar, e dois faroleiros.
O filme foi rodado em estúdio e na costa portuguesa, nomeadamente junto ao Guincho e Cabo da Roca (Cascais), e é protagonizado por Maurice Mariaud, Alberto Castro Neves e Maria Sampaio.
Maurice Mariaud, que morreu em França em 1958 com 83 anos, trabalhou em Portugal por via do produtor de origem espanhola Raul de Caldevilla, que abriu no Porto uma empresa de publicidade e em Lisboa uma produtora de cinema.
Nos seus escritos sobre cinema, que a Cinemateca Portuguesa tem vindo a publicar em vários tomos, o cinéfilo e antigo diretor da Cinemateca, João Bénard da Costa, explica que, até à redescoberta das bobines do filme na década de 1990, passou a ideia, de geração em geração, de que "Os Faroleiros" era "a obra-prima do cinema mudo nacional".
Para Bénard da Costa, o filme é "um exacerbado melodrama", com fraquezas no argumento e no elenco, mas que inaugurou "um verismo português que teve melhor expressão noutras obras dos anos 20 [1920]".
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