A peça de teatro, escrita em 1986, fala de Paulino, um antigo artista de variedades itinerante, que recorda, "entre ruína, o dia em que ele e a sua companheira Carmela foram obrigados pelas forças nacionalistas a apresentar-se perante uma plateia composta pelas tropas e pelos seus prisioneiros", refere o Teatro da Cerca de São Bernardo (TCSB), em nota de imprensa enviada à agência Lusa.
Carmela insurge-se contra aquele espetáculo e acaba fuzilada.
No espetáculo, Carmela surge a Paulino e os dois "revisitam os dilemas, as escolhas e os compromissos que puseram cada um deles neste trágico episódio, reconstruindo passo a passo os acontecimentos que resultaram na morte da atriz", conta o TCSB.
Para Pedro Lamas, que dirige o espetáculo, a peça "leva aos limites o experimentalismo do Sinisterra, com as fronteiras do espaço e tempo a serem implodidas e desafiadas a toda a hora".
O espetáculo aborda o posicionamento de cada um perante aquele "momento" diante das forças franquistas, disse à agência Lusa o encenador.
"O que Sinisterra coloca em causa e que fala connosco, neste momento de levantamento da extrema-direita, é que caminhos podemos trilhar, quando todas as circunstâncias à nossa volta oprimem a possibilidade de atuar", apontou.
Perante as forças franquistas, Paulino dobra-se e Camila insurge-se.
"Ela paga e ele sobrevive, mas a que custo? Quando não temos caminho, para onde se vai? Sobrevive-se a qualquer custo?", pergunta Pedro Lamas, realçando também a forma como a peça aborda a responsabilidade dos vivos de garantirem que a memória não se apaga.
A peça de Sanchis Sinisterra, um dos maiores nomes da dramaturgia europeia contemporânea, estará em cena entre quinta-feira e 14 de maio, com apresentações às quintas e sextas-feiras (19:00), sábados (21:30) e domingos (16:00).
O espetáculo, que é uma coprodução entre o Trincheira Teatro e o TCSB, é encenado por Pedro Lamas e interpretado por Diana Narciso e Hugo Inácio.
O bilhete tem um custo de dez euros (com possibilidade de meio bilhete para menores de 30 e maiores de 65 anos, estudantes, desempregados e profissionais e amadores de teatro).
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