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"Isa Leen representa a emancipação musical que finalmente tive"

Rita Sampaio apresentou o seu novo projeto como Isa Leen, dez anos depois de começar a sua carreira musical. Foi com esta nova versão mais eletrónica e independente que subiu ao palco do Primavera Sound, tendo depois conversado com o Notícias ao Minuto.

"Isa Leen representa a emancipação musical que finalmente tive"
Notícias ao Minuto

08:15 - 16/06/23 por Hélio Carvalho

Cultura Primavera Sound

Banhada pelo sol de sábado à tarde, Isa Leen ficou responsável por abrir o palco Super Bock do Primavera Sound, aproveitando o relvado convidativo e o espaço isolado para um concerto mais intimista, surpreendentemente cheio e onde teve a oportunidade para apresentar o seu EP de estreia, 'Warrior Angel', no mesmo dia em que os Blur encheram o palco principal.

Mas para quem acompanha a música independente produzida pelo Norte, especialmente pela região de Braga, reconhecerá em Isa Leen o rosto de Rita Sampaio. Aos 26 anos de idade, Rita Sampaio é quase uma veterana, levando já dez anos de música ao vivo: primeiro com os Grandfather's House, com quem pisou alguns dos maiores palcos nacionais (especialmente o do Vodafone Paredes de Coura, por três vezes), e em digressões pela Europa; e depois como IVY, o seu primeiro projeto a solo.

Ao Notícias ao Minuto, depois do concerto no festival do Porto, Isa Leen explicou quem é esta nova versão, mais eletrónica, mais techno, mas também, como descreve a própria nas suas páginas, mais política, irrequieta e complexa, e deu uma amostra para quem não a conhece de 'vidas' anteriores.

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Como correu o concerto?

Correu muito bem, estou mesmo muito feliz, estava imensa gente. É sempre muito inesperado o que... o que esperar, é sempre difícil ter a noção de como poderá ser o público, de quem estará à tua espera, mas olhei para um relvado muito composto e fiquei mesmo muito feliz por ter tanta gente a assistir ao meu concerto.

É uma honra enorme estar aqui.

Apresentaste neste Primavera Sound uma nova versão de ti, Isa Leen, depois das tuas experiências com os Grandfather's House e Ivy. Como é que tem sido a reação a esta nova identidade?

Muita gente faz referência a isso, sobre vir dos Grandfather's, criar IVY como meu projeto a solo, mas depois IVY teve uma vida curta para dar vida a Isa Leen (risos). Esta apresentação está a correr muito bem; é um projeto, como todos os outros, íntimo, e este representa muito uma mudança naquela que é a minha forma de compor e de produzir.

Representa a emancipação que eu finalmente tive, de começar a produzir as minhas músicas.

Este projeto é mais tu?

É, mas isso é difícil de dizer, porque eu já não sou a mesma pessoa que era quando comecei a compor estas músicas do 'Warrior Angel', em 2020. Ou seja, foi um processo também longo, conscientemente longo, porque sempre senti que fiz tudo com muita pressa e queria tomar o meu tempo, não ceder àquela pressão que existe sempre de 'produzir, produzir, produzir' e 'lançar, lançar, lançar', e então fico muito feliz que tenha tomado esse tempo para deixar muitas ideias amadurecer.

É mais eu, claro que sim, de certa forma foi o projeto em que consegui endereçar melhor as minhas ideias e em tudo o que estava a pensar, era eu que tinha o poder de produzir as minhas próprias ideias.

Falaste da IVY dar uma vida a esta nova identidade, também mencionamos os Grandfather's House, com quem fizeste dois LPs. De que forma é que esses projetos anteriores ajudaram a perceberes melhor que rumo tomar agora? Foram etapas a cumprir?

Claro que sim, sem dúvida. É sempre bagagem que tu acumulas: Grandfather's House foram muitos anos de estrada, foi muito estúdio, muito ensaio, cresci muito como artista e como profissional, e sem dúvida que fez tudo parte do processo. IVY foi muito importante por ter cometido erros ou tomado decisões que, se calhar, agora penso que com Isa Leen pude corrigir, ou pude fazer coisas diferentes. 

É muito difícil às vezes, ainda por cima quando um projeto é tão teu, tu tomares tantas decisões ao mesmo tempo. E por isso foi mesmo importante ter IVY para perceber mais um bocado o 'quero ir por aqui, não quero ir por ali, quero estas coisas desta forma ou daquela'. Foi tudo uma longa aprendizagem.

Ainda sobre Grandfather's House, obviamente recordamos que abriste o palco principal do Vodafone Paredes de Coura com eles, em 2018. Hoje estás aqui no Primavera Sound. Como é que as duas experiências se comparam?

É engraçado fazeres essa pergunta porque é óbvio que já fiz essa comparação na minha cabeça, no sentido em que são dois palcos grandes, e que trazem muita responsabilidade.

Eu não costumo ficar nervosa, mas para este fiquei. Principalmente ontem até, hoje estava mais calma. Mas comparam-se no sentido em que houve muito mais responsabilidade desta vez. Acho que, quando estás com banda, divides a responsabilidade por toda a gente e não sentes que é tão teu.

Notícias ao Minuto Aos 26 anos, Rita Sampaio já leva uma carreira considerável, pisando o palco do Paredes de Coura por três vezes (incluindo uma no principal)© Hélio Carvalho/Notícias ao Minuto  

E é um projeto muito diferente, porque é um trabalho que eu passei muito tempo a fazer para apresentar, como já apresentei noutros concertos, mas tinha aqui uma montra muito muito grande, e acresce responsabilidade.

Se alguém perdeu este concerto e não fizesse a mínima ideia quem é Isa Leen, que música é que deveriam ouvir primeiro?

Eu diria a 'Gone Girl', que foi o último single. Eu diria a Gone Girl porque é uma música que é um crescendo, começa muito subtil e mostra muita fragilidade ao início, e mesmo a própria temática da música é intensa nesse sentido. Mas acaba num clímax e num auge com muita intensidade, com um synth transe a partir, e é a única colaboração do EP, foi muito fixe ter o Frank Lucas comigo na 'Gone Girl' para poder cantar um verso.

É uma música especial também porque eu canto português no EP, apesar de não ser a língua dominante, e gostei finalmente de ter uma música que pudesse ser bilingue, que tivesse o inglês e o português e a minha maior inclinação para escrever e compor em português.

Leia Também: Os eternos Blur abraçaram a vida num Porto que é cada vez mais de Albarn

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