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De Wu-Tang Clan a The 1975. Os grandes destaques da 2.ª noite do SBSR

O segundo dia de Super Bock Super Rock foi sinónimo de muita música (e boa onda). The 1975, Wu-Tang Clan e Charlotte De Witte foram os grandes destaques.

Depois de um dia marcado pela 'onda' mais 'pesada' de Offspring, Franz Ferdinand e The Legendary Tigerman, entre muitos outros, o segundo dia da 27.ª edição do Super Bock Super Rock seguiu um rumo muito diferente, graças à sequência altamente eclética de nomes que iam subindo a palco.

A própria meteorologia quis marcar a diferença face ao que tinha acontecido no dia anterior. Ainda que o nevoeiro e a humidade se tenham feito sentir durante a noite - e até a chuva apareceu -, tal não desmobilizou as cerca de 20 mil pessoas que se deslocaram esta sexta-feira ao Meco.

Para arrancar o fim de semana da melhor forma, o palco principal do festival recebeu, esta sexta-feira, os tão esperados The 1975, mas também Wu-Tang Clan, Charlotte De Witte, Nile Rodgers & Chic, e Sam The Kid (que subiu ao palco acompanhado de uma orquestra e dos seus Orelha Negra).

The 1975

Seria de esperar que, por serem a banda cabeça de cartaz desta segunda noite de festival, os ecléticos The 1975 fossem capazes de mobilizar os festivaleiros que se reuniram na Herdade do Cabeça da Flauta esta sexta-feira.

Mas, na verdade, não foi isso que aconteceu, com muitos dos fãs do grupo de ‘hip-hop’ norte-americano Wu-Tang Clan (que antecederam o quarteto de ‘pop-rock' britânico que leva já mais de três décadas de longevidade) a terem desmobilizado no final do espetáculo.

Porém, apesar de nem os primeiros acordes terem sido capazes de atrair mais elementos para uma audiência mais ‘despida’ do que seria de esperar, o vocalista Matty Healy fez questão de explicar que este espetáculo se tratava, ainda assim, de um marco para o grupo natural de Manchester. A razão? Foi a “primeira vez” que eram “cabeças de cartaz num festival em Portugal”.

Durante todo o concerto, e entre episódios de intenso nevoeiro, Healy e os companheiros não escaparam ao registo a que têm habituado os seus seguidores: um lirismo moderno, destinado a captar a atenção de um público jovem-adulto, ainda em processo de autodescoberta, especialmente no que toca ao romance.

‘It's Not Living (If It's Not With You)’, ‘About You’ e ‘Oh Caroline’ fizeram, portanto, as delícias dos mais dedicados que permaneceram, durante cerca de uma hora de concerto, colados ao palco a apreciar, atentamente, cada palavra do carismático cantor.

Isto apesar de, durante a atuação, o vocalista ter mostrado que tem outros ‘vícios’ para além do microfone e das suas guitarras - de que faz, até, coleção. Se em 2022 o artista confessou a sua dependência em heroína, esta sexta-feira o artista optou pelo ‘conforto’ de um ou outro cigarro e de várias doses de bebida, que o deixaram com um inegável brilho nos olhos (e um certo arrastar na voz).

Apesar de todas as peripécias, The 1975 ‘embriagou’ ainda mais de amor os festivaleiros que se deslocaram ao Meco de propósito para saborear alguns dos seus ‘hits’ mais populares, ao deixar uma promessa no festival onde tinham já atuado em 2019: “Vemo-nos no próximo ano.”

Wu-Tang Clan

Com o pôr do sol veio a chuva, que serviu para refrescar aquele que é um dos nomes que construiu, ao longo das últimas cinco décadas, o nome do 'hip-hop' nos Estados Unidos e no mundo.

Nesta segunda noite no SBSR, os Wu Tang Clan, cujos míticos logótipos pretos e amarelos preenchiam o horizonte festivaleiro nas t-shirts de quem ia passando, estrearam-se em Portugal, mais de 30 anos depois da sua formação original.

No palco principal do festival, passou-se do funk para o Hip Hop, da pesada, com RZA Ghostface Killah, Raekwon, Method Man, Inspectah Deck e GZA a animar as hostes, fiéis hostes.

As barbas nas faces dos membros do grupo já são brancas, mas a sua energia mantém-se intacta, interpretando temas clássicos como 'C.R.E.A.M.', 'Wu-Tang Clan Ain't Nuthing ta F' Wit' e ‘Bring the Ruckus’.

Um concerto de Wu Tang Clan é uma viagem no tempo e no espaço, que nos transporta sempre para a Nova Iorque (Staten Island, mais especificamente) dos anos 1990, com todos os seus problemas: violência de gangues, tráfico de droga e histórias que se multiplicam de amigos e familiares perdidos para o mundo do crime.

Protagonistas principais da guerra West Coast vs East Coast nos anos 1990, Wu Tang Clan vieram diversificar e enriquecer a onda de Hip Hop surfada por nomes da Califórnia como Tupac, Dr. Dre e Snoop Dogg. Por isso, e graças à sua intemporalidade, mesmo em 2023, a mais de 6 mil quilómetros de distância do seu berço, as massas cantam, dançam, saltam e entregam-se às preces dos nova-iorquinos e à sua interminável energia em palco.

Nile Rodgers & Chic

Depois de Sam the Kid inaugurar o palco principal do SBSR no segundo dia da sua 27.ª edição, foi a vez de o Hip Hop dar lugar ao funk… e que ‘funkalhada’ (da que veio de Nova Orleães) que se viveu naquele que é o principal centro nevrálgico da Herdade do Cabeço da Flauta nestes dias.

Nile Rodgers e os Chic, a banda que se serve do génio musical do norte-americano, surpreenderam tudo e todos com um concerto que englobou o melhor do melhor da carreira do compositor e produtor de 70 anos, com uma invejável lista de ‘clientes’, dos B-52 aos Daft Punk.

Nile não deixa, no entanto, transparecer a sua idade, tal é a energia com que interage com o público. Só se torna evidente a sétima década de vida em que vive quando recorda que é o autor de álbuns tão icónicos como ‘Like a Virgin’, de Madonna, lançado em 1984, ou ‘Let’s Dance’, de David Bowie.

Em resumo, este nome indissociável da música mundial, seja no funk, no R&B ou na música eletrónica (Daft Punk têm muito a agradecer a este compositor/produtor), divertiu-se durante pouco mais de uma hora sobre o palco principal, dançando e cantando a ‘crème de la crème’ da sua discografia.

Pelo meio, provas irrefutáveis do poder, da garra e do alcance da voz de Kimberly Davis, a espampanante figura que surge lado a lado com Nile, e que salta, ocasionalmente, e sempre quando a altura parece ser a certa, para o papel principal.

Primeiro com ‘Le Freak’, ‘Everybody Dance’ e ‘I want your love’, temas que imortalizaram os Chic, e depois com os ‘number one hits’ - como o próprio os definiu - que foi escrevendo ao longo dos anos. ‘I’m coming out’, interpretado por Diana Ross, ou ‘We are family’, eterno tema que marcou a transição entre a música Disco e o Pop cheio de sintetizadores, ali nos tempos idos de 1979.

Outros destaques

Mas, para além destas bandas, o palco principal recebeu ainda dois outros concertos. O ‘show’ de abertura coube, até, a um nome português. Falamos do rapper e produtor Sam The Kid, que se apresentou ao público num registo a que já nos tem habituado em tempos recentes: com orquestra e os seus Orelha Negra. 

Para fechar, Charlotte De Witte, a ‘diva’ belga da música eletrónica. No seu regresso a Portugal - após ter atuado, no ano passado, no Sónar Lisboa -, aquele que é tido como um dos maiores talentos do género na atualidade não passou ao lado do seu mais recente EP, ‘Apollo’.

Nos palcos secundários, também houve espaço para grandes destaques. Benny Sings, Sampa The Great e Caroline Polachek subiram ao Palco Pull & Bear; Amaura, Glockenwise e Holly Hood exibiram a sua obra no Palco LG; e BIIA, o DJ Premier e o português Nuno Lopes (também muito conhecido do público nacional pelo seu trabalho enquanto ator) apresentaram-se no Palco Somersby.

Sábado será o último dia desta que é a 27.ª edição do Super Bock Super Rock, com as expectativas a penderem sobre Ezra Collective, Kaleo, Kaytranada, Steve Lacy e Parov Stelar, a quem cabe a missão de entreter os festivaleiros no Palco Super Bock.

Leia Também: Do "amor" por Offspring à missa de Franz Ferdinand... A 1.ª noite de SBSR

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