Na gíria futebolística, costuma dizer-se que 'em tática que ganha, não se mexe'. O Vodafone Paredes de Coura carregou o primeiro dia da edição comemorativa de 30 anos com uma série de concertos de rock puro e duro, quase como a dizer que, apesar de todos os estilos agora em montra, o festival continua a ser, na sua base, um certame de rock.
Mas apesar de todo o rock ao dispor, a festa foi mesmo de Jessie Ware. A britânica, às cavalitas do sucesso de 'That! Feels Good', tornou o anfiteatro natural de Coura numa pista de dança que parecia ter voltado umas quantas décadas no tempo (talvez apenas com mais telemóveis no ar). Houve muita cor, muita coreografia e até uma cover do sucesso 'Believe', de Cher, naquela que foi uma exibição poderosa de Jessie Ware e de ficar já na lista de melhores concertos desta edição.
Dos lendários Yo La Tengo, tivemos exatamente aquilo que esperávamos de uma banda que marcou a história do Paredes de Coura, aparecendo pela primeira vez no festival no longínquo ano de 2000: um autêntico tsunami de som, arrastando a noite consigo e apagando as réstias de sol que ainda se vislumbravam. O trio norte-americano, que já anda nestas lides desde os anos 80, fez do longo concerto uma viagem pela sua carreira e vários álbuns, com um rock espacial que se espalhou pelas paredes do anfiteatro.
Antes, Frank Carter & The Rattlesnakes rebentaram com o recinto com um estilo de punk rock fácil de gostar, fácil de ver de pé e altamente positivo e desconstruído. Carter saltou para o público, o público saltou com ele, e o entusiasmo de parte a parte fez Carter entrar pela maré de pessoas adentro e fazer o pino em pleno 'crowdsurf'.
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Ao início da tarde, os nortenhos Evols e os italianos Calibro 35 abriram o festival no palco secundário Yorn, e os Dry Cleaning trouxeram o seu post-rock em crise existencial e recolheram uma valente ovação, que emocionou a vocalista Florence Shaw.
Snail Mail merece também uma nota de destaque pela loucura enorme com que deixou o palco secundário. O projeto de Lindsey Jordan não para de crescer, depois de dois conceituados álbuns seguidos, e o seu indie rock intenso, com letras introspetivas e voz cortante, caiu como uma luva em Paredes de Coura
O duo de eletrónica Bicep fechou a noite no palco principal, já com um recinto bem mais vazio, esticando a luz até ao ponto mais escuro da floresta à volta.
Eis os horários para os próximos dias da edição deste ano do Vodafone Paredes de Coura:
Dia 17:
Palco Vodafone
18h40 - Tim Bernardes
20h15 - The Brian Jonestown Massacre
22h00 - The Walkmen
00h00 - Loyle Carner
01h40 - Fever Ray
Palco Yorn
18h00 - A Garota Não
19h25 - Avalon Emerson & The Charm
21h00 - Sudan Archives
23h00 - Desire
02h40 - Joe Unkown
03h30 - Sofia Kourtesis DJ Set
Dia 18:
Palco Vodafone
18h40 - Kokoroko
20h25 - Domi & JD Beck
22h15 - Yung Lean
00h15 - Black Midi
01h45 - Little Simz
Palco Yorn
18h00 - Chinaskee
19h40 - Expresso Transtlântico
21h25 - Thus Love
23h15 - The Last Dinner Party
02h45 - MADMADMAD
04h00 - Kenny Beats
Dia 19:
Palco Vodafone
18h00 - Lee Fields
19h30 - Sleaford Mods
21h10 - Explosions in the Sky
23h00 - Wilco
01h00 - Lorde
Palco Yorn
17h30 - indignu
18h50 - Yin Yin
20h30 - Crack Cloud
22h10 - Les Savy Fav
02h20 - Ascendant Vierge
03h25 - Antal
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