A estação pública da Islândia RÚV anunciou, na noite de terça-feira, que, afinal, a participação do país no Festival Eurovisão da Canção poderá não acontecer. Em causa está o facto de Israel ter sido confirmado como um dos países em concurso, apesar da atual ofensiva na Faixa de Gaza.
Após o anúncio da União Europeia de Radiodifusão (EUR) de que Israel faria parte do total de 37 países que vão participar na 68.ª edição da Eurovisão, a RÚV foi pressionada a apelar à retirada do país do Médio Oriente ou a desistir de participar.
A Sociedade Islandesa de Autores e Compositores (ISAC) apelou ao boicote do concurso, a menos que Israel seja desqualificado, e cerca de 10 mil islandeses assinaram uma petição a apelar também à desqualificação.
Neste sentido, a estação estatal decidiu adiar a decisão acerca da sua participação - que já estava confirmada - e anunciou que a mesma será tomada de acordo com a vontade do vencedor do Söngvakeppnin 2024, a final nacional do país, equivalente ao Festival da Canção.
O concurso islandês realiza-se desde 1981 e, a partir de 1986, passou a ser utilizado para escolher o representante do país na Eurovisão. No entanto, este ano será diferente.
"Eles [os concorrentes] candidatam-se com o objetivo de se tornarem a escolha da Islândia para a Eurovisão. Tal como nós, também eles estão preocupados com a situação atual. Esta tem sido a nossa preparação para a Eurovisão e anunciámos que tencionamos participar na Eurovisão sem quaisquer alterações, mas não sabemos o que o futuro nos reserva", justificou Stefán Eiríksson, o diretor-geral da RÚV, em declarações à rádio Síðdegisútvárp.
O Söngvakeppnin 2024 contará com duas semifinais nos dias 17 e 24 de fevereiro e a final, onde será conhecido o vencedor, decorrerá a 2 de março. Só depois dessa data se saberá se a Islândia participará, ou não, na Eurovisão, que este ano acontece em Malmo, na Suécia, entre os dias 7 e 11 de maio.
Sublinhe-se que, após o anúncio de que Israel iria participar no certame, a UER defendeu que "o Festival Eurovisão da Canção é um concurso para as emissoras públicas de toda a Europa e do Médio Oriente". "É um concurso para as emissoras - não para governos - e a emissora pública israelita participa no concurso há 50 anos", reiterou.
O país do Médio Oriente, recorde-se, estreou-se no festival europeu em 1973, uma vez que, segundo as normas do concurso, todos os membros ativos da União Europeia da Radiodifusão - ou seja, que façam parte da Área Europeia de Radiodifusão e que pertençam ao Conselho da Europa - podem participar. Desde então, já venceu quatro vezes: em 1978, 1979, 1998 e 2018.
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