Produzido pela Mares do Sul, com direção e argumento de Cristina Ferreira Gomes, o documentário tem autoria e entrevista de Luiz Antunes, resultado de dois anos de filmagens que acompanharam o processo de criação do espetáculo 'Pas d'Agitation', e a sua estreia, em Paris, em 2022, segundo a produção.
Sob o título 'Olga Roriz', o documentário - resultado de um 'percurso intimista pelos mundos criativos e intensos' da coreógrafa - vai ter antestreia no Teatro Nacional de São Carlos, em Lisboa, a 03 de abril, às 18h30, com entrada livre, na presença da criadora, e estreia-se na RTP2 a 05 de abril.
O longo período de rodagem permitiu à Cristina Ferreira Gomes - que assinou também um documentário sobre a coreógrafa Vera Mantero, em 2023, e deverá estrear outro este ano sobre Clara Andermatt - estabelecer uma forte proximidade com a coreógrafa, e construir um filme intimista sobre a vida e obra de Olga Roriz, passando por geografias diversas, como os Açores, Lisboa, Évora e Paris.
O repertório na área da dança, teatro e vídeo de Olga Roriz é constituído por mais de 90 obras, em que as mais recentes - 'A hora em que não sabíamos nada uns dos outros' (2023), 'Deste Mundo e do Outro' (2022), 'A minha história não é igual à tua', com interpretação de reclusos, 'Seis meses depois' (2020), e 'Autópsia' -, à semelhança da maior parte da sua produção, tiveram apresentações pelo país.
Roriz criou e remontou peças para o Ballet Gulbenkian, Companhia Nacional de Bailado, Ballet Teatro Guaira (Brasil), Ballets de Monte Carlo, Ballet Nacional de Espanha, English National Ballet, American Reportory Ballet e Alla Scala de Milão (Itália).
Em 2015, assinalou 20 anos da companhia em nome próprio e 40 anos de carreira, com a revisitação da peça 'Propriedade Privada' (1996), no Centro Cultural de Belém (CCB), em Lisboa.
Nascida em Viana do Castelo, em 1955, Olga Roriz estudou ballet clássico e dança moderna com Margarida Abreu e Ana Ivanova, ingressou na Escola de Dança do Conservatório Nacional de Lisboa e tornou-se primeira bailarina do Ballet Gulbenkian, onde foi depois convidada a coreografar.
Em 1995, viria a criar a Companhia Olga Roriz, atualmente instalada no Palácio Pancas Palha, cedido pela Câmara Municipal de Lisboa.
O seu repertório na área da dança conta ainda, entre outras, com as peças 'Pedro e Inês', 'Inferno', 'Start and Stop Again', 'Propriedade Privada', 'Electra', 'Os Olhos de Gulay Cabbar', 'Nortada', 'Jump-Up-And-Kiss-Me', 'Pets', 'A Sagração da Primavera', 'Antes que Matem os Elefantes', 'Síndrome'.
Foi distinguida com a insígnia da Ordem do Infante D. Henrique (2004), Grande Prémio da Sociedade Portuguesa de Autores (2008) e o Prémio da Latinidade (2012), entre outros.
A dança contemporânea tem sido um tema regular no trabalho documental de Cristina Ferreira Gomes e Luiz Antunes, interesse mútuo que se aprofundou a partir da produção da série documental de 16 episódios 'Portugal que Dança'.
Cristina Ferreira Gomes, realizadora que dirige a produtora Mares do Sul, estreou-se com o documentário 'Mulheres ao Mar', com o qual recebeu o prémio Revelação no Festival Caminhos do Cinema Português, em 2002. Em 2020, com 'Os Últimos Dias', recebeu o prémio de melhor documentário no festival FesTin.
O bailarino, coreógrafo e investigador Luiz Antunes, com formação em dança e em música, estudou com Anna Mascolo e o seu percurso também passou pela escola da Ópera de Paris e a escola de Jacques Lecoq. Foi ainda estagiário artístico e de produção do Ballet Gulbenkian e assistente de Olga Roriz.
Como coreógrafo desenvolve o seu trabalho desde 2000. Foi fundador da Heurtebise - Associação Cultural, e publicou vários trabalhos e artigos na área de investigação.
Além da colaboração com Cristina Ferreira Gomes, realizou as entrevistas e colaborou no argumento do documentário 'Um corpo que Dança' sobre o Ballet Gulbenkian, do realizador Marco Martins.
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