O festival é organizado pelo Teatro Experimental de Lagos (TEL), conta com o apoio da Direção-Geral das Artes e tem no município um "parceiro incontornável" para o financiamento e a logística do festival, que estima receber cerca de 200 alunos de 32 turmas do 1.º ciclo, nos primeiros cinco dias (06 a 10 de maio) do evento, assinalou Nelda Magalhães, uma das criadoras da iniciativa.
As duas últimas jornadas (11 e 12 de maio) destinam-se ao público em geral, dando-se assim cumprimento ao objetivo de o festival estar "fortemente dirigido a crianças e suas famílias", disse Nelda Magalhães, 'co-ideóloga' do evento, juntamente com a diretora artística Berna Huidobro.
"O festival nasce desta vontade de nós juntarmos duas artes, o Novo Circo e o Teatro, que são as nossa valência de trabalho [no TEL] também, e de pensar nestas artes no meio da natureza, ou seja, de enquadrar em espaços naturais as artes e uma ideia de usufruir do meio natural, de compreendê-lo, respeitá-lo e ao mesmo tempo fazer as artes viverem dentro desse meio", afirmou Nelda Magalhães.
A organizadora do EnRaizArt considerou que o montado de sobreiros escolhido para acolher o evento constitui "uma paisagem idílica e ideal" para a iniciativa, que tem um caráter "comunitário" e se realiza na Quinta da Velha, numa zona rural do concelho de Lagos, no distrito de Faro.
A "aprendizagem através da formação no meio natural" e o "convite a artistas para apresentação de espetáculos", sempre com um "grande enfoque na área do circo", são também apostas do festival, que procura trazer a Lagos "artistas de outros países, com outras linguagens, para diversificar o conhecimento do público", acrescentou.
Criado em 2021, o festival realizou-se sempre no outono, em outubro, mas em 2024 a organização decidiu dividir a terceira edição em dois momentos, um que se realizou em outubro de 2023 e outra, designada de edição de primavera, que realiza a partir de segunda-feira.
"Em 2022, apanhámos muita chuva e começámos a pensar se seria bom manter o festival sempre na mesma época do ano. E o plano para 2024 foi realizar uma edição em dois momentos, fixemos o tradicional festival em outubro, mas agora em maio estamos a fazer a edição primavera, apostando numa terceira edição como quase uma dupla edição", justificou.
Sobre o programa previsto para a edição de primavera do EnRaizArt, Nelda Magalhães destacou "um espetáculo com bicicleta acrobática, com a Jéssica Arpin, uma artista que vem do Brasil", e de "um trio que vem do Chile, da área do palhaço, que faz um trabalho muito próprio".
"E vamos também ter um espetáculo que combina acrobacia, teatro e nova magia, que também é uma novidade no festival", afirmou, sublinhando que os visitantes poderão usufruir de "todo o ambiente circundante, do acesso a aparelhos de circo, da interação com o meio natural" e passar "tardes agradáveis e memoráveis".
Entre os equipamentos disponíveis para os mais jovens experimentarem estão trapézios ou linhas de funambulismo, exemplificou, considerando que são atividades "apetecidas por mais novos e mais velhos também" e para as quais são "raras as oportunidades de usufruir".
A formação também estará presente, com conversas e 'workshops' que foram "pensados para a educação a partir da arte, para a relação e o respeito para com o espaço natural", disse ainda a integrante da organização.
A gestão da água, garantindo a sua "reutilização" no local, e a sustentabilidade ambiental, com a utilização por exemplo de casas de banho secas, são também marcas do festival, que "não quer deixar uma pegada nefasta" no terreno e vai deixar a área "mais nutrida" do que quando o EnRaizArt se iniciou.
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