"Manuel Cargaleiro deixa um legado ímpar, cruzando referências e gerações", diz a nota de pesar de Dalila Rodrigues, assinalando que Cargaleiro, nascido em 1927, em Chão das Servas, Vila Velha de Ródão (distrito de Castelo Branco) criou a fundação com o seu nome em Castelo Branco, cujo Museu mostra a sua obra, incluindo a extensa coleção de cerâmica.
"Representado em coleções nacionais, entre elas a Coleção de Arte Contemporânea do Estado, e internacionais, o seu trabalho foi reconhecido e homenageado, tendo sido condecorado como Comendador da Ordem Militar de Santiago da Espada de Portugal (1983), Grau de Officier des Arts et des Lettres, atribuído pelo governo francês, em 1984, Grã-Cruz da Ordem do Mérito (1989), Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique (2017), Medalha de Mérito Cultural (2019), Medalha Grand Vermeil (2019), Grã-Cruz da Ordem de Camões (2023)", lembra ainda a ministra da Cultura.
A sua obra foi fortemente inspirada no azulejo tradicional português. Em 1949, ingressou na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa e participou na Primeira Exposição Anual de Cerâmica, no Palácio Foz, em Lisboa, onde realizou a sua primeira exposição individual de cerâmica, no ano de 1952.
No início de carreira, ainda na década de 1950, recebeu o Prémio Nacional de Cerâmica Sebastião de Almeida, e o diploma de honra da Academia Internacional de Cerâmica, no Festival Internacional de Cerâmica de Cannes, em França, numa altura em que iniciara funções de professor de Cerâmica na Escola de Artes Decorativas António Arroio e apresentara as suas primeiras pinturas a óleo no Primeiro Salão de Arte Abstrata.
Nas décadas de 1960 e 1970, participou em exposições individuais e coletivas e durante este período afirmou-se não apenas como conceituado ceramista, mas também como desenhador e pintor. Nos anos 1980 começou a explorar a tapeçaria.
A partir da década de 90, predominariam na sua obra os padrões aglomerados e cromaticamente intensos onde continuaria a ser evocado o azulejo português.
Em Castelo Branco, viria a ser inaugurada a Fundação Manuel Cargaleiro, em 1990, depois expandida com o respetivo museu e mais tarde, no Seixal (Setúbal), a Oficina de Artes Manuel Cargaleiro.
O ceramista recebeu, em Paris, em 2019, a medalha de Mérito Cultural do Governo português e a Medalha Grand Vermeil, a mais alta condecoração da capital francesa, onde viveu grande parte da sua vida.
Na altura, foi também inaugurada a ampliação da estação de metro de Champs Elysées-Clémenceau, com novas obras de Manuel Cargaleiro, depois de originalmente concebida e totalmente decorada pelo artista português, em 1995, incluindo o painel em azulejo "Paris-Lisbonne".
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