O ex-ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, afirmou, na quinta-feira, que as acusações da sua sucessora, Dalila Rodrigues, a seu respeito sobre "compadrio" no Centro Cultural de Belém (CCB), em Lisboa, são "injuriosas" e "caluniosas" e considerou que a ministra "está acossada, insegura" e sem "trabalho para apresentar".
"Esta é uma afirmação tão injuriosa e tão caluniosa que deve ser também considerada, de certa forma, estapafúrdia", começou por referir em entrevista à SIC Notícias, acrescentando que "está muito interessado" em esclarecer as acusações da ministra da Cultura.
Adão e Silva explicou que, ao longo dos últimos nove meses, esteve "num absoluto silêncio" sobre a política cultural para "preservar o lugar institucional de ministro da Cultura" e "permitir a quem sucede que faça a sua afirmação".
"Eu não sei exatamente em que é que se baseia essa afirmação. Eu compreendo que a senhora ministra da Cultura está acossada, insegura, não tem trabalho para apresentar, abandonada pelo setor…", considerou.
Após ter de responder perante a Assembleia da República por uma exoneração que está "marcada por ilegalidades", a ministra "deve ter sido auxiliada por uma agência de comunicação que ajuda os ministros em dificuldade e a gerir crises, e lança lama para cima de toda a gente". Ainda assim, por considerar que as acusações "estapafúrdias", não tem intenção de avançar judicialmente contra a sua sucessora.
Sobre a nomeação de Aida Tavares para diretora artística para as Artes Performativas e Pensamento do CCB, um cargo até então inexistente, o ex-ministro frisou que o "CCB é o melhor equipamento cultural do país", mas "estava capturado pelo senhor Joe Berardo".
"Eu não conheci nenhum [equipamento] no mundo ocidental um diretor do museu e um diretor artístico para as artes performativas. Foi um cargo criado porque havia uma orientação estratégica do ministro da Cultura", explicou.
Recorde-se que a polémica sobre o CCB começou a 29 de novembro quando Francisca Carneiro Fernandes foi exonerada nas vésperas de completar um ano como presidente da Fundação CCB, cargo para o qual tinha sido escolhida pelo anterior ministro da Cultura.
Chamada ao Parlamento para explicar a exoneração, na quarta-feira, a atual ministra da Cultura acusou o seu antecessor de ter feito um "assalto ao poder" e garantiu que "acabaram os compadrios" no CCB.
"Demitida que está, exonerada que está, afastada que está a sua presidente, está, evidentemente, a abordagem a este assalto ao poder, assalto ao CCB, que é absolutamente inadmissível nos termos em que foi realizado pelo ex-ministro da Cultura, doutor Pedro Adão e Silva", disse.
— pedro adão e silva (@padaoesilva) December 11, 2024
O antigo ministro do governo socialista apressou-se a responder e disse esperar ser chamado à Assembleia da República, "o mais rapidamente possível", para esclarecer "todas as questões" levantadas por Dalila Rodrigues.
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