A companhia, que garantiu pela segunda vez apoio bienal da Direção-Geral das Artes para criação e ações estratégicas de mediação, anunciou um ano mais ativo do que nunca.
"Vai ser um ano forte: se fizermos as contas, todos os fins de semana estão [preenchidos] com atividades", disse à agência Lusa Frédéric da Cruz Pires, para quem a exigência é acompanhada por ambição.
"Daqui a dois anos vamos tentar ir para outro nível, dos [apoios] quadrianuais [da DGArtes], com outro valor e ter mais profissionais connosco".
Depois de em 2024 ter trabalhado pela primeira vez no estrangeiro, levando o projeto de teatro e comunidade Colmeia à Arábia Saudita, o Leirena aposta forte nas ligações com o estrangeiro este ano.
Nas duas últimas semanas de fevereiro a companhia de Leiria vai ao Brasil contactar com as comunidades indígenas do Paraná e de Santa Catarina, em parceria com a organização ArpinSul - Articulação dos Povos Indígenas da Região Sul, que apoia as tribos do sul do Brasil.
A par da preparação da nova produção, intitulada 'Iks - O povo da montanha' e inspirada numa tribo do Uganda, a companhia portuguesa desenvolverá espetáculos comunitários com a população local.
"É fundamental ir para o Brasil estar lá com uma tribo; o espetáculo precisa que tenhamos essa interioridade e conviver com as comunidades locais", explicou o diretor.
O espetáculo estreia no dia 16 de maio no Teatro Diogo Bernardes, em Ponte de Lima, seguindo para a Marinha Grande, Covilhã e Setúbal.
As ligações com estruturas teatrais estrangeiras estendem-se à Palestina, com a presença em Portugal, em julho, da companhia Ashtar Teatro, para o festival Novos Ventos, em Leiria.
"É uma questão de teatro de intervenção, dado o que está a acontecer [na Palestina]. É com o apoio da embaixada e o nosso objetivo era também desenvolver um projeto na Palestina, mas não se proporcionou. Vamos ver se para o ano é possível, com outra segurança", afirmou Frédéric da Cruz Pires.
Os cruzamentos estendem-se a outra das novas produções previstas para 2025, "Conversas com formigas".
Liderado pelo Teatromosca, do Cacém, o exercício de cocriação envolve o Leirena, o Colectivo Glovo, de Espanha, e a companhia de dança Kekäläinen & Company.
"Em termos de trabalho, este é o ano mais desafiante de sempre", frisou o responsável da companhia, que vai reforçar a equipa para responder ao desafio.
O Leirena Teatro tem seis pessoas a tempo inteiro e 24 envolvidas noutros projetos com vínculos diversos.
"Estamos a reavaliar o modelo de trabalho. Queremos tornar melhor a casa, avaliar a forma como os projetos são implementados, mas também proteger o artista, para usufruir da vida, descansar e estar com os seus".
Ainda em 2025, o Leirena vai criar uma peça a partir dos muros de pedra seca que existem em Porto de Mós, Ansião e Pombal, no distrito de Leiria, envolvendo as comunidades num espetáculo original: "Muros que unem".
Ao longo do ano o projeto de residência com a comunidade em espaços edificados e naturais Estações Efémeras chega a Penafiel, Batalha e Figueiró dos Vinhos, enquanto Colmeia vai a Alvaiázere, Pombal, Marinha Grande e Figueiró dos Vinhos.
A programação contempla também o festival Novos Ventos em freguesias do concelho de Leiria, o festival de Teatro de Rua de Porto de Mós e Clim'Arte, que visa a intervenção ambiental em 15 escolas do concelho de Leiria.
Os espetáculos 'Playground', 'Sob a terra' e 'A maior flor do mundo' terão digressões por vários municípios nacionais.
Arte e Autismo, Manufatura, Via Sacra de Porto de Mós e o ensino de teatro a adultos e jovens são outras atividades previstas pelo Leirena Teatro para 2025.
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