Bienal de Arquitetura quer propor soluções inclusivas para urgência climática

O curador da Bienal de Arquitetura de Veneza, Carlo Ratti, defendeu hoje a necessidade urgente de se passar da fase de mitigação para a de adaptação às alterações climáticas e crescente população mundial, através soluções multidisciplinares e inclusivas.

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Lusa
11/02/2025 16:42 ‧ há 4 horas por Lusa

Cultura

Veneza

O arquiteto falava numa conferência de imprensa conjunta com o presidente da Bienal de Veneza, Pietrangelo Buttafuoco, para apresentar o evento que nesta edição contará com 66 participações nacionais nos pavilhões históricos dos Jardins, Arsenal e no centro da cidade de Veneza.

 

Nesta edição, que decorrerá entre 10 de maio - dia da inauguração e anúncio dos prémios - e 23 de novembro, quatro países irão estrear-se: Azerbaijão, Omã, Qatar e Togo.

"Como vai ser o clima dentro de cem anos? Como vai evoluir a população?", foram as questões lançadas pelo curador na sua intervenção, sublinhando que a direção destes dois fatores "será determinante para o futuro da arquitetura".

"'Intelligens'. Natural. Artificial. Coletivo" foi o tema escolhido para o evento, que a cada dois anos concentra propostas da arquitetura contemporânea de todo o mundo, e que contará com o projeto "Paraíso, Hoje.", dos curadores Paula Melâneo, Pedro Bandeira e Luca Martinucci, e dos curadores-adjuntos Catarina Raposo e Nuno Cera na representação oficial de Portugal.

Recordando que a arquitetura sempre foi uma resposta ao ambiente hostil para as necessidades de sobrevivência humana, Carlo Ratti disse que o clima tem vindo a tornar-se cada vez menos tolerante, dando como exemplo os incêndios de Los Angeles, nos Estados Unidos, as inundações em Valência, em Espanha, e as secas da Sicília, em Itália.

"Durante décadas, a resposta da arquitetura à crise climática centrou-se na mitigação - na conceção para reduzir o nosso impacto no clima. Mas essa abordagem já não é suficiente. Chegou o momento de a arquitetura abraçar a adaptação: repensar a forma como projetamos para um mundo alterado", apelou o curador.

Na opinião de Ratti, para lidar com estas mudanças extremas do clima, a arquitetura deve recorrer a todas as formas de inteligência - natural, artificial, coletiva - e atravessar gerações e disciplinas - das ciências exatas às artes, e por isso convidou especialistas de múltiplas áreas, da filosofia à biologia, do design às artes plásticas e tecnologias digitais.

Por seu turno, Pietrangelo Butafuoco disse ser "um dever político de responsabilidade" por parte de instituições como a Bienal de Veneza de "discutir com urgência publicamente" um cenário em que o mundo "está a cair aos pedaços" devido ao clima, mas também as guerras na Ucrânia e na Faixa de Gaza.

Na conferência de imprensa, Carlo Ratti foi várias vezes questionado sobre a ligação da arquitetura à política, às quais respondeu reiteradamente: "Aos arquitetos cabe apresentar soluções, e à sociedade e aos políticos cabe decidir" sobre a sua execução.

Globalmente, o certame dedicado à arquitetura reunirá mais de 750 participantes, 280 projetos, muitos deles com participações multigeracionais e interdisciplinares, indicou.

Entre os projetos está "Terra Preta", do Brasil, com um grupo que reúne Nixiwaka Yawanawa, André Corrêa do Lago, Marcelo Rosenbaum, Fernando Serapião e Guilherme Wisnik.

Neste projeto, o conhecimento indígena vai cooperar com a investigação científica para criar soluções de habitação sustentáveis na Amazónia.

No programa fora de competição Bienal College Architettura 2024-2025, lançado no ano passado, e dirigido a estudantes e criadores emergentes com menos de 30 anos, foram selecionados oito projetos, entre eles um de Portugal, liderado por Rita Espinha Abreu Morais.

O objetivo desta iniciativa, que recebeu mais de 200 candidaturas, é complementar a 19.ª Exposição Internacional de Arquitetura com um laboratório de investigação para o desenvolvimento e produção de projetos que utilizem a inteligência natural, artificial e coletiva

Os oito projetos de vários países receberão uma bolsa de 20.000 euros para a realização do trabalho final.

Leia Também: Guimarães recebe exposição de artistas da Bienal de Arquitetura de Veneza

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