Sean Baker inspirou-se no "realismo social" para criar 'Anora'

O realizador independente Sean Baker saiu esta madrugada do Dolby Theatre, em Hollywood, com quatro Óscares em nome próprio e cinco no total para 'Anora', o seu filme sensação inspirado no "realismo social". 

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© ANGELA WEISS/AFP via Getty Images

Lusa
03/03/2025 08:45 ‧ há 7 horas por Lusa

Cultura

Óscares

um género que tem inspirado muito do meu trabalho", afirmou o realizador nos bastidores dos Prémios da Academia, onde respondeu a perguntas dos jornalistas. 

 

"O que é tão importante sobre o realismo social é que se foca na verdade e muitas vezes faz estudos de caráter, por vezes baseado em problemas, e põe em destaque assuntos que devem ser falados".

Para Sean Baker, esse tema é o dos trabalhadores do sexo, algo em que focou os últimos quatro filmes e que triunfou em 'Anora'. 

"De certa forma é uma culminação", reconheceu. "A pesquisa que fiz para esses filmes e o que eles me ensinaram levou-me a 'Anora', era para aí que eu caminhava". 

Baker também salientou que a sua posição pessoal é que o trabalho sexual deve ser legalizado. "É a profissão mais antiga e ainda assim tem um estigma incrível e injusto", afirmou. "O que tenho tentado fazer com os meus filmes é desmontar esse estigma", continuou, falando da humanização das pessoas envolvidas nesse trabalho em vez de fazer caricaturas delas. 

O facto de ter vencido pessoalmente quatro Óscares -- Melhor Realização, Melhor Argumento Original, Melhor Edição e Melhor Filme -- foi ainda mais significativo pelo orçamento minúsculo do filme, seis milhões de dólares, contra 'blockbusters' de estúdios poderosos e de bolsos fundos. 

"É maravilhoso que a Academia esteja a reconhecer filmes independentes", salientou Sean Baker. "Saltamos sempre para estes projetos sabendo que vamos ter de competir com filmes que têm orçamentos quase 100 vezes maiores que o nosso", lembrou. 

"Saber que conseguimos entrar na mesma sala que filmes como 'Wicked', que é excelente mas totalmente diferente, significa que estamos a fazer qualquer coisa certa". 

Baker sublinhou que a Academia tem premiado mais cinema independente, e isso não só aconteceu este ano com 'Anora' mas também com 'O Brutalista' (três Óscares) e 'Flow', uma produção da Letónia que bateu sucessos como 'Devertida Mente 2' e 'Robot Selvagem' para levar a estatueta de Melhor Longa-Metragem de Animação. 

'Anora' recebeu cinco dos seis Óscares para que estava nomeado, uma taxa de sucesso impressionante e muito superior à dos filmes que lideravam em nomeações -- 'Emilia Pérez' venceu duas de 13 categorias, 'O Brutalista' venceu três de dez e 'Wicked' levou para casa duas estatuetas em dez.

Leia Também: 'Anora' foi vencedor em noite de Óscares que penalizam 'Emilia Pérez'

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