Desenvolvido pelo serviço científico interno da Comissão Europeia (o Centro Comum de Investigação), o Observatório das Cidades Culturais e Criativas fornece dados comparáveis sobre os resultados que as cidades europeias obtêm em nove dimensões --- abrangendo a cultura e a criatividade --- e realça o quanto esse desempenho contribui para o desenvolvimento social e para o crescimento económico e a criação de empregos.
O objetivo desta nova ferramenta, que nesta sua primeira edição abrange 168 cidades em 30 países (UE mais Noruega e Suíça), é "ajudar os decisores políticos, bem como os setores culturais e criativos, a identificar localmente os pontos fortes e os domínios a melhorar e a aprender com cidades que são comparáveis".
De Portugal foram selecionadas quatro cidades: três antigas capitais europeias da Cultura, Lisboa, Porto e Guimarães, e uma cidade que já tenha acolhido pelo menos dois festivais culturais internacionais, no caso, Coimbra.
A ferramenta, que será atualizada a cada dois anos, foi construída em torno de três principais índices, designadamente "dinamismo cultural", "economia criativa" e "ambiente propício", organizados em nove dimensões e medidos por meio de 29 indicadores, que vão desde o número de museus e de salas de concertos, ao emprego nos setores culturais e criativos.
O "dinamismo cultural" mede a vitalidade cultural de uma cidade à luz das infraestruturas culturais e da participação na cultura; a "economia criativa" reflete a forma como os setores culturais e criativos contribuem para a vertente do emprego, a criação de postos de trabalho e a capacidade de inovação; e o "ambiente propício" identifica os ativos corpóreos e incorpóreos que ajudam as cidades a atrair talentos criativos e a estimular o empenho cultural.
Enquanto Porto, Coimbra e Guimarães alcançam os seus melhores resultados no domínio da "economia criativa", Lisboa tem a nota mais elevada no campo do "dinamismo cultural", onde é mesmo considerada "número 1" entre as (34) cidades classificadas como "XL" em termos de população, à frente de Copenhaga, Dublin, Amesterdão e Estocolmo.
Nas cidades "XXL", a primeira classificada a nível de "economia criativa" é Paris, seguida de Praga, Milão, Viena e Barcelona.
O Observatório destaca que, desde 1994, quando foi Capital Europeia da Cultura, Lisboa acolheu diversos eventos (como a Expo'98 e o Euro2004), que levaram ao grande desenvolvimento de atividades e infraestruturas culturais.
O Porto surge no 13.º posto no grupo de 64 cidades "pequenas e médias", a nível de economia criativa, sobretudo graças ao 3.º posto na categoria de Novos Empregos em Setores Criativos, enquanto Coimbra é 15.ª e Guimarães a 32.ª.
O relatório faz um exercício sobre aquela que seria "a cidade cultural e criativa ideal na Europa", resultante da amálgama das cidades com melhor desempenho em cada indicador.
"Essa cidade teria as infraestruturas e instalações culturais de Cork (Irlanda), a participação e a atratividade culturais e os empregos criativos e baseados no conhecimento de Paris (França), a propriedade intelectual e a inovação de Eindhoven (Holanda), os novos empregos em setores criativos de Umeå (Suécia), o capital humano e a educação de Lovaina (Bélgica), a abertura, a tolerância e a confiança de Glasgow (Reino Unido), as conexões locais e internacionais de Utreque (Países Baixos) e a qualidade da governação de Copenhaga (Dinamarca)", aponta.
"O meu objetivo é colocar a cultura e a criatividade no cerne da agenda política europeia. Numa altura de grandes transformações sociais e de acesa concorrência global entre as cidades, temos de olhar para além das fontes tradicionais de crescimento e de bem-estar socioeconómico e explorar o papel da cultura nas cidades dinâmicas, inovadoras e plurais", comentou o comissário europeu da Cultura, Tibor Navracsics.