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'Barry Seal', o audaz piloto de Escobar que acabou traído pela CIA

" - Isto é legal?". " - Quando estás do lado dos bons, sim!". Um trecho de uma conversa entre Barry Seal e a CIA, numa história baseada em fatos reais, passada nos bastidores de um dos mais perigosos cartéis de droga da história. 'Barry Seal - Traficante Americano' estreia em Portugal esta quinta-feira, dia 31 de agosto.

Notícias ao Minuto

12:30 - 30/08/17 por Anabela de Sousa Dantas

Cultura Filmes

Desde ‘Narcos’ que a história de Pablo Escobar beneficiou de um novo fôlego, reiterando-se os relatos de enriquecimento galopante, de violência, de derramamento de sangue e de inevitável tragédia. A história de Barry Seal, contada por Doug Liman em ‘American Made’ – em Portugal, ‘Barry Seal - Traficante Americano’ – é um dos capítulos dessa(s) história(s).

De acordo com Juan Pablo Escobar, filho de Pablo Escobar, é também o capítulo que a produção de ‘Narcos’ não quis aprofundar: "Se vir a segunda [temporada], atente na ausência de Barry Seal. Que casualidade, a série ter sido escrita pela DEA [os agentes Javier Peña e Steve Murphy, fulcrais na história de Escobar, fazem assessoria na produção de ‘Narcos’], e esqueceu-se o papel de Barry Seal na vida de Pablo Escobar. Justamente um agente da CIA, informador da DEA".

É impossível saber porquê, o que se sabe é que a história de Barry Seal, o piloto “que nunca falha uma entrega”, está ligada à ‘caça aos comunistas’ e, talvez, ao polémico caso Irão-Contra que complicou o segundo mandato do presidente norte-americano Ronald Reagan.

Quem era Adler Barriman Seal?

Barry conseguiu a licença de voo apenas com 16 anos de idade, era muito talentoso, e depois de uma passagem pelo exército tornou-se num dos pilotos mais jovens da Trans World Airlines, em finais dos anos 60. A imersão no universo do tráfico de drogas começou em meados dos anos 70, usando os aviões que pilotava para transportar, por exemplo, cocaína ou ‘quaaludes’ (metaqualona, o sedativo com efeitos hipnóticos cujos efeitos foram tão bem representados por Leonardo DiCaprio em ‘O Lobo de Wall Street’).

No início dos anos 80 foi contactado por um dos irmãos Ochoa, passando a facilitar o transporte de drogas do Cartel de Medellín, na Colômbia, para os Estados Unidos. Para além dos Ochoa, o cartel incluía Carlos Lehder, Gonzalo Rodríguez Gacha e Pablo Escobar.

A espionagem, a Casa Branca e o momento da traição

Seal foi intercetado pelas autoridades em 1983 e confessou tudo. Viria a ser condenado a 10 anos de prisão mas acabou por ser ‘salvo’ pela CIA, que lhe deu uma tarefa: espiar os sandinistas em Nicarágua. A administração de Ronald Reagan queria saber onde estavam os comunistas. É nesta altura que é mencionado o escândalo da venda de armas ao Irão durante o segundo mandato de Reagan, ao arrepio do embargo internacional de venda de armas e cujos lucros terão acabado nas mãos dos ‘Contras’ de Nicarágua.

À medida que se intensificava a polémica em torno das drogas, a administração foi mudando de ideias. Barry começou a trabalhar para a DEA (Drug Enforcement Agency, agência de combate ao narcotráfico) e tornou-se “no mais importante informador da história da DEA”, segundo a imprensa da altura.

Até que a imprensa (ou a CIA) lhe passou a perna e revelou a sua identidade como informador, tendo publicado a imagem que acabaria por ditar a sua morte. Seal foi o autor da única prova concreta que ligou Pablo Escobar definitivamente ao tráfico de drogas.

Notícias ao Minuto[A fotografia que incriminou Pablo Escobar. Tirada por Barry Seal na Nicarágua, em 1984, através de uma câmara fotográfica escondida, provou definitivamente a ligação de Escobar ao tráfico de droga. Seal acabaria por ser morto por causa desta imagem]

Depois desta polémica, Seal foi abandonado pela CIA e pela DEA, pois já não servia como informador. ‘Marcado’ pelo cartel de Medellín, acabaria por conhecer um final trágico.

Pese embora a divertida realização de Doug Liman (‘Edge of Tomorrow’, ‘Bourne Identity’) e a atração da história - baseada em factos reais -, a escolha de Tom Cruise para interpretar o bem menos atlético e atraente Barry Seal cria um sério desafio.

Notícias ao Minuto[Imagem de Barry Seal, em 1986]

Cruise, que já trabalhou com Liman em ‘Edge of Tomorrow’, é o foco principal do filme e, embora seja um excelente ator, acaba por ser insuficiente. A seu lado está o profissionalíssimo Domhnall Gleeson (‘Ex Machina’, ‘The Revenant’, ‘About Time’), que interpreta o agente da CIA Monty Schafer, mas pouco mais. Lucy Seal, interpretada por Sarah Wright, é uma personagem menosprezada, assim como, de resto, a (crucial) vertente dramática da história.

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