"Eu já ganhei. Para mim, estar nomeado para os Óscares é uma prenda”
Nomeado para o Óscar de Melhor Guarda-roupa pelo seu trabalho no filme ‘The Shape of Water’, o lusodescendente Luís Sequeira é o entrevistado de hoje do Vozes ao Minuto.
© Luís Sequeira
Cultura Luís Sequeira
Depois de serem anunciados os nomeados para os Óscares deste ano, ficámos a saber que Portugal estará representado na noite mais importante do cinema. Luís Sequeira, um lusodescendente nascido no Canadá, foi o responsável de guarda-roupa do filme com mais nomeações ‘The Shape of Water’, de Guillermo del Toro. Está nomeado nessa categoria e não é o único lusodescendente nomeado. Também Nelson Ferreira está nomeado para o Óscar de Melhor Montagem de Som pelo mesmo filme.
O Notícias ao Minuto falou com Luís Sequeira sobre a nomeação para o principal prémio do cinema, sobre o trabalho desenvolvido no filme ‘The Shape of Water’, mas também sobre o seu percurso profissional de 30 anos na indústria do cinema e televisão.
A ligação que mantém com Portugal foi outro dos temas abordados nesta entrevista, na qual Luís partilhou o desejo de um dia trabalhar num filme realizado em Portugal.
A sua mãe foi uma influência na profissão que escolheu? O seu interesse por esta profissão começou aí?
Sim, claro. A minha mãe fazia vestidos de noiva em Lisboa. Quando nasci, no Canadá, ela já estava farta da costura mas fazia algumas coisas em casa. Era menino e costumava ficar junto às pernas da minha mãe quando ela estava a costurar. Via os tecidos. Esta profissão fazia parte da casa. Era o tecido da casa. Então, bem cedo, decidi entrar no mundo da moda. Estudei design de moda e trabalhei nesta área durante cinco, seis anos. Gostei, foi bom. Mas aqui no Canadá a indústria da moda é um pouco fechada. Tinha uns amigos que trabalham na indústria dos filmes. Um dia fui vê-los. Sempre gostei de cinema, percebi que queria fazer isto, e decidi entrar nesta indústria.
Como é que foi a mudança da área da moda para a indústria do entretenimento? Foi muito drástica?
Comecei no cinema na posição mais baixa, como estagiário. Comecei numa equipa mais pequena. Éramos três e eu aprendi imenso. Uma das primeiras coisas que fiz foram uns sapatos do século XVII. Eram uns sapatos normais que forrámos com um tecido e colocámos umas joias por cima. Nesse trabalho aprendi a fazer roupa antiga. Nos filmes e nas séries a roupa é muitas vezes antiga. Aprendi de forma muito rápida, porque não havia outra pessoa para fazer isto e também não havia muito tempo. As gravações eram feitas a cada sete dias. Tive muita sorte de começar nesse trabalho. Assim que acabei esse projeto fui trabalhar logo para outro, também como estagiário. E depois quando acabei esse fui para outro projeto, no qual trabalhei dois anos. Ao todo, trabalhei com essa equipa cinco anos em vários projetos.
Tive a sorte de estar sempre a trabalhar e de ir sempre aprendendo. Isso deu-me uma base muito boa, tive a perspetiva do trabalho de várias pessoas, de cada função no processo do filme. Uma coisa é trabalhar no atelier, outra é comprar a roupa, outra é fazer a prova ou tornar a roupa velha. Mandar para o set e depois filmar também são coisas diferentes. No set vemos as coisas de outra forma. Percebemos que a roupa pode precisar mais disto ou daquilo. Isso tudo deu-me uma base fantástica e fez de mim um responsável de guarda-roupa melhor.
Nomeação para os Óscares e para outros prémios? Foi um bom mês para acordar cedo de manhã! O seu trabalho no ‘The Shape of Water’ já lhe garantiu nomeações para vários prémios, como os BAFTA. Mas como é que se sentiu quando soube que estava nomeado para os Óscares?
Quando acabámos de filmar e vimos o filme, todos disseram que ia ser nomeado. E eu disse ‘Calma. Vamos ver’. Quando foram as nomeações para os BAFTA eu estava a dormir. Tinha o telemóvel ao lado da cama - normalmente não ponho-, e o telemóvel começou a tocar. E recebi mensagens de pessoas a darem-me os parabéns pela nomeação. Foi assim que soube. No caso dos Óscares, tinha trabalhado até tarde e decidi que não ia levantar-me cedo no dia seguinte, que iria ver quando me levantasse. Mas o telemóvel começou a tocar e a vibrar de novo. Liguei a televisão e vi que tinha sido nomeado. Foi um bom mês para acordar cedo de manhã!
Como foi trabalhar neste filme, cuja ação se passa na década de 60 e com toda aquela atmosfera da Guerra Fria? Para o seu trabalho no design do guarda-roupa, foi interessante essa combinação entre uma época diferente e o universo do fantástico tão típico do Guillermo del Toro?
Bom, eu trabalhei bem de perto com o cenógrafo, o Paul Austerberry, e com o Guillermo e a primeira coisa que decidimos foram as cores. Então tivemos de juntar as cores do filme para saber qual seria a palete. Tive uma reunião com o Guillermo a respeito da palete de cores da roupa e o Paul teve uma reunião com ele a respeito do filme, e, depois, eu e Paul tivemos uma reunião para comparar as cores. Isso foi a primeira coisa que fizemos. A segunda foi fazer uma pesquisa dessa época, porque era um mundo fantástico. Era o mundo de 63 e que vivia bem no passado e o filme tem essa perspetiva do futuro como algo feio. As personagens do filme falam muito sobre o facto de o futuro ser feio.
Fiz uma pesquisa mais dos anos 50 do que 60 e até dos 40 e 30. Para este mundo fantástico, eu queria ter elementos de qualquer época. Para poder usar detalhes de desenho de outra época e mudar para a época dos anos 60. Então, fiz uma pesquisa de muitas fotografias e fizemos álbuns de cada coisa. Dos trabalhadores, dos cientistas, das pessoas nas estradas. Tinha de ser uma história verdadeira. Era o universo do fantástico mas tinha de basear-se na realidade. Foi importante nós termos essa ideia de realidade no filme.
A roupa do filme não é espetacular, não é uma roupa que deslumbre, mas foi necessária muita pesquisa e muito trabalho para a fazer parecer real
O trabalho do Luís não é dos mais conhecidos do público. As pessoas já veem o resultado final no cinema. Mas como é que o Luís se preparou para este filme, que trabalho de pesquisa fez?
Depois dessa pesquisa das fotografias, fomos procurar peças que fossem interessantes. Viajei pelos Estados Unidos e pelo Canadá para procurar os tecidos. Os tecidos dessa época são muito diferentes dos tecidos de agora, que requerem mais técnica e são mais finos. Na época do filme, os tecidos eram mais grossos. Foi mesmo muito difícil encontrá-los porque não precisávamos apenas de um ou dois metros de tecido. Em certos casos precisámos de 50 ou de 60 metros.
Então fui uma semana para Nova Iorque e fiz um álbum só de tecidos. Fui a Los Angeles, fui à Pensilvânia, fui a Montreal, até fiz pesquisa aqui em Toronto. Também trouxemos tecidos de Inglaterra. Fiquei com mais de três mil amostras. Algodão, lãs, lãs para fatos, lãs para sobretudos, tecidos para soutiens, tecidos para tudo. Fiz uma paleta de tecidos mesmo para cada papel. A Elisa (interpretada por Sally Hawkins) tinha um quadro com todos os tecidos e mesmo assim não tínhamos tudo. Então tivemos de procurar mais. Foi algo fantástico, porque fizemos tanta coisa para este filme. Para os homens fizemos fatos, sobretudos, tive uma empresa em Chicago que fez os chapéus. Tive uma empresa de Toronto que fez os sapatos. Fizemos as gravatas, as camisas. Para as mulheres, os soutiens, todos os vestidos, sobretudos, sapatos, chapéus, as joias.
Foi um filme que foi mesmo desenhado. Não foi um filme em que fôssemos às lojas comprar a roupa. Eu e o Guillermo gostamos do autêntico. Queríamos sentir que estávamos naquela época, queríamos que os atores sentissem que estavam naquela época. Além disso, não tínhamos muito dinheiro por isso tivemos de ser muito espertos com o desenho e como íamos fazer as peças. Tive uma equipa fantástica, que fez roupa que não parece ter sido feita especificamente para este filme.
Depois de decidir aquilo que cada ator ia vestir, como a roupa foi toda feita para o filme, levámos a roupa para um departamento, com artistas têxteis, que deram cor aos tecidos, que passaram a roupa a ferro, lavaram a roupa e passaram-na a ferro novamente. Deram a essa roupa um vida, para que parecesse que já era usada há dois anos ou até há 10 anos. A personagem Giles (interpretada por Richard Jenkins), que era um homem que usava mais roupa dos anos 50, porque na época em que se desenrola a ação do filme ele não tinha muito dinheiro para comprar roupa, vestia roupa que tinha remendos. Fizemos furos nas camisolas e depois fizemos remendos, mesmo para dar um aspeto real à roupa que o ator vestia. A roupa do filme não é espetacular, não é uma roupa que deslumbre as pessoas, mas foi necessária muita pesquisa e muito trabalho para fazer esta roupa parecer real.
O Guillermo é um visionário. Trabalharia com ele em qualquer altura Um filme desta envergadura, que é o mais nomeado para os Óscares, teve um orçamento bastante pequeno quando comparado com outros. Foi um desafio extra gerir um orçamento mais pequeno em termos de guarda-roupa?
Tivemos de fazer escolhas. Mas penso que quando as pessoas veem o filme não percebem que o orçamento não era muito grande. Penso que fizemos um trabalho muito bom, demos um valor máximo em termos de produção face ao orçamento que tínhamos. Claro que fiz pedidos a alguns amigos e às pessoas que trabalharam connosco para fazerem um preço mais em conta e tive a sorte de ter trabalho no ‘The Strain’, com o Guillermo, durante três anos. Nesses três anos gastámos imenso dinheiro. Em cada ano gastámos cerca de um milhão de dólares (810 mil euros) só em roupa, com as empresas com as quais agora trabalhámos no ‘The Shape of Water’. Então estas empresas fizeram-nos uma atenção.
Pelo que li, a ideia original era de que o filme fosse a preto e branco e o Luís inspirou-se muito no cinema noir.
Já trabalho há 30 anos no cinema. Mas são 30 anos de filmes a cor, não a preto e branco. Quando surgiu a ideia de fazerem o filme a preto e branco, eu e o Paul Austerberry pensámos que seria complicado e fizemos alguns testes com tecidos de padrão em xadrez. Não era tanto pelo padrão, mas pelas cores porque o vermelho e o verde podiam parecer a mesma cor num filme a preto e branco. Tirava fotografias aos tecidos com cor e depois tirava a mesma fotografia aos tecidos a preto e branco, e depois ainda tirava a mesma fotografia mas num modo sépia. Quando o Guillermo nos disse que queria fazer o filme a preto e branco, nós pensámos que podia ser a preto e branco ou com um pouco de cor. Então experimentámos para perceber as várias diferenças. Fizemos isto durante duas semanas, ainda quando estava a trabalhar no ‘The Stray’. Foi bom que algumas das pessoas que trabalham na série tivessem trabalhado no ‘The Shape of Water’.
Mas depois o Guillermo falou com o estúdio sobre o orçamento. Ele queria a preto e branco, mas o estúdio apenas lhe ofereceu x de orçamento e disseram-lhe que gostavam que o filme fosse a cores. O Guillermo perguntou-lhes quanto é que lhe dariam de orçamento se o filme fosse a cores. O estúdio ofereceu-lhe mais 3,5 milhões de dólares (2,8 milhões de euros) para que o filme fosse a cores e o Guillermo aceitou. Ele percebeu que esse dinheiro faria a diferença no filme que queria fazer. E nós fizemos um filme em que a cor é mesmo importante, mas que também tem uma visão um pouco a preto e branco. Depende da perspetiva. Mas depois de ter visto o filme, não o imagino a preto e branco porque as cores são muito importantes.
Para mim, ganhar, não ganhar... eu já ganhei. Para mim, isto tudo é uma prenda. É uma prenda estar nomeado porque faço o que gostoÀ medida que a ação do filme avança e o percurso emocional das personagens muda, são feitas alterações nas roupas?
Sim. Por exemplo, no caso da Elisa, ela começa por vestir roupa com umas cores mais subtis. É uma personagem que está no escuro, não fala, embora até acabe por dizer mais do que as outras pessoas. Durante o filme vê-se que ela vai reagindo à medida que se vai apaixonando, e as cores vão sobressaindo. O Strickland, a personagem do Michael Shannon, começa por vestir roupa com tons muito a preto e branco e à medida que o papel dele perde força, que perde a capacidade de organizar a sua vida, os tons que usa vão mudando.
Com o papel do Michael Stuhlbarg, o Hoffstetler, como era um agente duplo, tinha dois padrões de cores. Uma cor para quando estava no trabalho e mais castanhos e verdes quando estava com os seus amigos soviéticos. A personagem da Octavia Spencer é muito sofrida, seja com a passagem do tempo, com o marido que não fala com ela e não lhe dá apoio, então escolhemos cores de fruta pisada para ela. Ela usava um acessório que era um passarinho com a asa partida. No final do filme, quando ela começa a reagir, troquei-o por um de um passarinho sem a asa partida e a voar. São pormenores em que não sei se as pessoas reparam, pequenas surpresas que por vezes só são reveladas por quem está dentro dos filmes.
O apelo da indústria do cinema falou mais alto e Luís Sequeira destaca a paixão pelo que faz © Jessica Laforet
A água é uma componente essencial do filme. De que forma é que isso influenciou o seu trabalho?
Nós filmámos muitas vezes à chuva, à noite. Esse foi um dos motivos por que precisámos de fazer a roupa, precisávamos de vários modelos da mesma roupa. A roupa que usámos nessas cenas foram feitas com um tecido por dentro para evitar que os atores ficassem tão molhados. Era um tecido muito fino que coloquei dentro de todas as roupas. Mas as roupas tinham de parecer molhadas, então fizemos um efeito na parte dos ombros da roupa para que parecesse que estava sempre molhada. Para os sapatos, que eram normalmente em cabedal, fizemos modelos em vinil para que pudessem ser molhados, voltassem a secar e depois fossem molhados novamente. Falámos muito na possibilidade de colocar fatos de mergulho debaixo das roupas dos atores, mas pensei que eles não iriam gostar. Então para pouparmos dinheiro, optámos por alugar uns fatos de mergulho para os atores experimentarem. Os atores não gostaram da sensação de terem os fatos de mergulho, acharam que ficavam muito apertados com eles.
Ainda assim, filmar essas cenas de chuva e com água foram difíceis. Os corpos quentes e a água fria nas roupas de lã não são uma boa combinação. Por vezes, os sobretudos ficavam mais pequenos, o forro começava a notar-se. Em cada noite depois das filmagens tínhamos de esticar a roupa e secá-la. No caso da personagem do Michael Shannon, na parte final do filme, tínhamos de secar cerca de uma dúzia de peças de roupa. Tivemos de ter uma sala só para secar a roupa com ventoinhas. Essa parte foi complicada, ainda para mais porque estávamos a filmar em outubro e novembro e nessa altura faz muito frio no Canadá.
Há ainda outro pormenor interessante com a água. Há uma cena no filme em que a Elisa está debaixo de água mas não está realmente submersa, está no ar. Foi feito com um efeito de luz do Dan Laustsen, o diretor de fotografia, que é fantástico. Fiz o vestido e o sobretudo da Elisa com outro tecido, mais mole. Com um pouco de ventoinha, com esse tecido, deu o efeito de que ela estava debaixo de água. Sem dizer, julgo que ninguém imagina que foi feito num estúdio com a Sally Hawkins no ar e com alguns efeitos visuais.
Quantas horas por dia trabalhou neste filme?
A indústria do cinema é dura. Normalmente a equipa que faz as filmagens trabalha normalmente 12 horas. Mas as equipas de maquilhagem, as que tratam do cabelo, a equipa de guarda-roupa, temos de chegar mais cedo para prepararmos os atores para estarem prontos para as filmagens. E depois das filmagens ainda há mais trabalho. A roupa tinha de secar para ficar pronta para o dia seguinte. O meu trabalho é dividido pelo set e pelo atelier. Houve dias em que trabalhei 18 horas. Normalmente, na primeira semana e na última semana trabalhamos oito horas e temos mais tempo livre para fazer outras coisas. Mas em média trabalhámos 15, 16 horas por dia. Temos mesmo de gostar do que fazemos. É por isso que digo que tenho muita sorte por ter um trabalho que amo e isto tudo é uma prenda para mim.
Pelo que já vimos nos outros prémios, este é um ano diferente. Com prémios mais divididos. Acho que não vai haver um filme a ‘limpar’ tudoJá tinha trabalhado com o Guillermo del Toro na série ‘The Strain’. Como é trabalhar com ele, sendo um realizador que gosta de fazer filmes sobre o universo do fantástico? Torna-se mais desafiante para si?
O Guillermo é um visionário. É um homem muito generoso, muito aberto. Ele tem as suas ideias, mas está sempre pronto para ouvir as ideias dos outros. Ele sabe do que gosta e do que não gosta, e regra geral decide logo no momento. Gostei muito de trabalhar com ele e é uma honra para mim que ele me tenha dado a oportunidade de fazer este filme. Lembro-me de ver um dos primeiros filmes dele e de pensar: ‘Este homem é mesmo diferente de outros realizadores’. As histórias dos filmes dele não acabam quando os filmes acabam. Nós continuamos a pensar nos filmes. Ainda agora penso nos primeiros filmes dele, como o ‘Nas Costas do Diabo’, que é fantástico. O guarda-roupa, o desenho. O filme todo. Eu trabalharia com ele em qualquer altura.
Quais são as suas expectativas para a noite dos Óscares?
Para mim ganhar, não ganhar...eu já ganhei. Para mim isto tudo é uma prenda. É uma prenda estar nomeado porque faço o que gosto, é uma prenda o Guillermo ter-me pedido para trabalhar com ele, é uma prenda ter feito um projeto que eu desenhei, não foi como noutros projetos em que ia às lojas comprar as roupas. Este foi um projeto de paixão. Penso que não vou ganhar. Vou estar contente por estar lá. Vou recordar sempre esta experiência e para mim já ganhei.
Um dos desenhos da roupa de Elisa, a personagem principal do filme e que é interpretada por Sally Hawkins © Christian Costello
Acredita que o ‘The Shape of Water’ pode ser o grande vencedor?
Pelo que já vimos nos outros prémios, este é um ano diferente. Com prémios mais divididos. Acho que não vai haver um filme a ‘limpar’ tudo. Penso que o Guillermo vai ganhar. Acho que a equipa de cenografia também pode ganhar. Houve um produtor amigo do Guillermo que viu o filme em Inglaterra quando ainda não estava concluído. E enviou-me um email a dizer que tinha achado o filme fantástico e que o ‘The Shape of Water’ ficaria sempre no meu currículo como um louro.
Gostava mesmo de fazer alguma coisa em Portugal. Gostava de dar o meu contributo com a minha experiência Está ou vai trabalhar num grande projeto em breve?
Estou a trabalhar num filme para a Netflix chamado ‘12/24’. Tem a ver com o Natal, é um filme de família. E o Kurt Russell é um dos protagonistas e faz o papel de um Pai Natal um pouco diferente, muito Rock’n’Roll. Vamos filmar até abril. Tenho outros projetos à porta, mas em abril estou ansioso por fazer uma viagem por Portugal.
Sempre manteve uma ligação grande com Portugal? Costuma vir cá com frequência?
Fomos sempre a Portugal a cada dois anos, quando a minha mãe estava viva. Passávamos três semanas. Tenho recordações de ter dois, três anos e de estar na aldeia com a minha avó. Lembro-me de sonhos que tinha com Portugal quando era mais pequeno mas também de pesadelos, porque a aldeia naquele tempo era tão sossegada à noite, que para um miúdo de uma cidade, essa aldeia era quase assustadora. Mas sempre tive uma ligação à aldeia e a Lisboa porque fazem parte de mim. Mesmo não estando lá, faz parte da minha família e da minha herança. Gosto das pessoas, gosto da comida, do ambiente. Tendo em conta a vida profissional tão movimentada e com um ritmo tão rápido que levo, gosto de ir a Portugal e relaxar. Limpo o jardim, como umas lulas grelhadas e fica tudo bem.
Gostava de trabalhar num filme realizado em Portugal?
Adorava. Sempre que vou a Portugal e encontro alguém que trabalhe na área da moda, dos filmes, da produção, pergunto como é que se pode trabalhar em Lisboa. Costumam dizer-me que é muito fechado, que é muito difícil. Tenho pena porque gostava mesmo de fazer alguma coisa em Portugal. Gostava de dar o meu contributo com a minha experiência.
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