Numa entrevista concedida ao Porto Canal, Iker Casillas abordou vários aspetos da sua carreira, entre os quais percorreu o ano em que foi campeão com o FC Porto, na temporada de 2017/18.
À margem dos êxitos alcançados, o guardião espanhol recorda ainda a maneira como vive com as críticas e ironizou na maneira como responde às pessoas que dirigem críticas que não são do seu agrado.
Entrada de Sérgio Conceição no FC Porto: A culpa de termos sido campeões foi do Sérgio. Ele monta uma equipa com vários emprestados e diz para todo o balneário desde o início - “Nós vamos ser campeões”. Ninguém dava nada por nós e provavelmente nas probabilidades das casas de apostas estávamos em terceiro. Fomos colhendo mais respeito dos nossos rivais.
Período em que ficaste sem jogar, após o jogo de Leipzig: Falei com o treinador, ele tinha outra opinião e via um guarda-redes melhor que eu. A mim custou-me, mas se não me doesse algo de estranho se passava. A mim custou-me a assimilar a situação nova [de ser segunda escolha], mas é uma nova situação para aprenderes.
Mudança de Casillas e as críticas da imprensa: Agora já não estou para brincar. Se queres falar de mim, fala. Mas se falas mal de mim ou algo de errado contra mim vou ao Twitter e vou responder-te. Estou a brincar, confesso. Mas a verdade é que quando tudo corre bem, ninguém opina nada.
Golo de Herrera no Benfica-FC Porto: Quando ele pegou na bola, disse que golaço. Quando saímos do Dragão para Lisboa os adeptos deram-nos muita energia. Era um jogo decisivo, para o Benfica, se ganhasse, era um passo decisivo. Um empate, o calendário seria mais favorável ao FC Porto, mas ganhando ficavas dois pontos à frente. Ainda por cima, da forma que foi. Na primeira parte sofremos mais do que devíamos, talvez a segurar o resultado, e quando parecia que ia acabar 0-0, o Herrera faz aquele golaço e a Luz fica toda calada. Não quis festejar porque ainda poderiam marcar um golo, mas recordo com entusiasmo. Tenho sido feliz na Luz.
O significado dos recordes: Gosto de ver que continuo a desfrutar do futebol e que estou a bom nível. Daqui a uns anos, olhando para trás, estarei mais contente com aquilo que estou a viver agora. O Real Madrid é o clube de referência e fui um privilegiado de jogar lá e conquistar tanto, tive a sorte de fazer parte da melhor seleção dos últimos 50 anos, e agora tenho a sorte de estar no FC Porto. Meu nome estará sempre ligado a estes clubes. Se, no futuro, for embaixador destes clubes ou da seleção, estarei orgulhoso. Daqui a cinco ou dez anos vir aqui ver um jogo, de preferência com o Real, ir a um restaurante e que as pessoas se lembrem não do campeonato, mas do bicampeonato e da Taça da Liga, que temos de conquistar de uma vez por todas.