O promotor do caso, Federico Delfino, justificou a decisão com o facto de o antigo avançado da seleção 'canarinha' e do FC Barcelona e o seu irmão e representante, Roberto de Assis Moreira, terem contribuído com "dados relevantes" para a investigação em curso contra o crime organizado no Paraguai.
Interrogados durante mais de oito horas, após a entrada com passaportes falsos no aeroporto de Assunção, Ronaldinho Gaúcho e Roberto Assis admitiram o erro e ficaram livres do processo, tendo o Ministério Público considerado que ambos "foram enganados na sua boa-fé".
O promotor Federico Delfino explicou que ambos foram beneficiados pelo recurso do Código Penal paraguaio conhecido por "critério de oportunidade", após Ronaldinho Gaúcho e Roberto Assis terem admitido os factos por si cometidos.
Duas mulheres, a quem pertenciam os números dos passaportes falsos usados por Ronaldinho e Assis, foram presas na quinta-feira, como as pessoas que, alegadamente, processaram esses documentos e foram acusadas de "abuso de identidade e associação criminosa", disse o promotor.
O brasileiro Wilmondes Sousa Lira, que também permanece em Assunção e é apontado como o fornecedor do passaporte à antiga estrela do futebol, foi alvo de um pedido de detenção preventiva e também acusado de "associação criminosa".
Ronaldinho Gaúcho chegou na manhã de quarta-feira ao Paraguai para participar em eventos do lançamento de um programa social para crianças, organizado pela Fundação Fraternidade Angelical.
A fundação que contratou o ex-futebolistas para apoiar um projeto de assistência à criança disse na quinta-feira que não tinha qualquer ligação com o escândalo, embora tenha reconhecido que o contratou através de Wilmondes Sousa Lira.
O antigo avançado da seleção 'canarinha' viajou também para lançar no mercado paraguaio o livro Génio na vida, que conta a sua história. Seria ainda entrevistado por um programa de um canal de televisão local.
Em janeiro de 2019, Ronaldinho e seu irmão Roberto tiveram os seus passaportes apreendidos, por decisão do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, que condenou, em fevereiro de 2015, os irmãos a pagarem uma indemnização por causarem danos numa área de preservação ambiental na orla do rio Guaíba, em Porto Alegre.
Em outubro de 2019, a multa de 8,5 milhões de reais (1,6 milhões de euros) foi renegociada para seis milhões de reais (1,1 milhões de euros) e Ronaldinho pôde recuperar o seu passaporte.
Em fevereiro passado, o ex-craque tornou-se réu numa ação civil coletiva por danos morais e materiais, devido à ligação à empresa 18kRonaldinho, que bloqueou o dinheiro de clientes que investiram nas suas campanhas.
A ação é movida pelo Instituto Brasileiro de Estudo e Defesa das Relações de Consumo (Ibedec), que identificou 150 pessoas lesadas dentro e fora do Brasil, inclusive em Portugal.
Apesar dos escândalos, o Governo do Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, através da Agência Brasileira de Turismo (Embratur), nomeou o ex-jogador como embaixador do turismo brasileiro.