Chumbita Nunes, presidente em 2005, ano em que os sadinos conquistaram a sua última Taça de Portugal, revela muita apreensão pela possibilidade de o Vitória de Setúbal cair para o Campeonato de Portugal.
"Como é normal, estou muito preocupado. Neste momento qualquer vitoriano deve estar e eu, que fui presidente, ainda mais. Não sei o que se passa exatamente porque não estou lá dentro. Não posso opinar sobre coisas que desconheço. Apenas sei o que vem na comunicação social", ressalvou.
Já Carlos Cardoso, antigo capitão e treinador dos setubalenses, mostra-se confiante na resolução do problema durante o prazo de três dias que a atual direção tem para recorrer da decisão.
"Estamos um bocadinho desassossegados, mas não podemos estar muito preocupados porque estas coisas têm surgido e o Vitória tem-se mantido na 1.ª divisão. Por isso, penso que os vitorianos devem estar tranquilos porque, se for igual aos outros anos, é um 'fait-divers'", disse.
O advogado Chumbita Nunes, que foi candidato à direção do clube nas eleições de janeiro de 2020, teme as consequências que podem resultar da queda do emblema sadino para o terceiro escalão do futebol nacional.
"Se o Vitória for para o Campeonato de Portugal tem uns efeitos tremendos, devastadores na cidade de Setúbal e não só. O Vitória Futebol Clube é um histórico de Portugal, está na I Liga vai para 17 anos consecutivos. Tudo isto mói e transtorna as pessoas. O Vitória é a maior referência da cidade e da região", frisou.
Aos 75 anos, Carlos Cardoso, antigo defesa nas décadas de 1960 e 1970, lembra que nas temporadas mais recentes há sempre clubes a tentar alcançar na secretaria do que não conseguiram em campo.
"Todos os anos as equipas que descem de divisão querem que o Vitória os substitua. O ano passado foi o Chaves a querer tirar partido desta situação e noutro ano foi o União da Madeira. Agora até o Portimonense, clube que, como nós, é do Sul do país e quer aproveitar andar no futebol à pala do tribunal e da Liga", acusou.
Chumbita Nunes, líder dos sadinos entre 2003 e 2006, considera que o desfecho do processo terá sempre a direção presidida por Paulo Gomes como responsável.
"Quem está a gerir tem responsabilidade sobre as situações. Eles é que estão à frente do clube e tinham de tratar das coisas. Se trataram ou não, não posso comentar porque não sei os contornos todos da situação", referiu.
Carlos Cardoso não esconde que a decisão anunciada pela Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP) foi um autêntico 'balde de água fria' depois de o clube e a cidade terem celebrado a permanência no domingo, após o triunfo (2-0) sobre o Belenenses SAD.
"Parece ser sina não poder festejar uma coisa que deve ser celebrada. A manutenção é importante porque se não se ficar na I Liga é uma queda muito grande. Peço aos sócios que tenham calma porque as coisas não hão de ser como essa gente quer. Querem ganhar os jogos sem jogar", acusou.
Recorde-se que o Vitória de Setúbal anunciou quarta-feira que vai recorrer da decisão do impedimento de se inscrever nas competições profissionais, depois de a Comissão de Auditoria da LPFP ter reprovado o seu processo de licenciamento.
O emblema setubalense, presidido por Paulo Gomes, refere que vai trabalhar de forma a resolver a situação.
"Ciente de que a razão está do seu lado, o Vitória Futebol Clube não baixará os braços e continuará a trabalhar arduamente na tentativa de ver resolvido este processo", diz o Vitória de Setúbal, informando que hoje "serão prestados mais esclarecimentos sobre o caso".
Além do Vitória de Setúbal, a LPFP excluiu também das provas profissionais o Desportivo das Aves, que tinha sido despromovido à II Liga, depois de ter terminado a I Liga na 18.ª e última posição, enquanto os setubalenses tinham assegurado a permanência, ao ser 16.º.
A Liga de clubes convidou o Portimonense, que tinha sido 17.º posicionado e despromovido, a manter-se na I Liga e o Cova da Piedade e o Casa Pia a manterem-se na II Liga, depois de terem sido despromovidos administrativamente, com o cancelamento do segundo escalão, devido à covid-19.