O internacional português Cédric Soares cumpriu, diante do Leicester City, o 25.º encontro oficial com a camisola do Arsenal, assinando uma exibição que foi altamente elogiada pela imprensa britânica, e que ajudou os homens de Mikel Arteta a vencer em pleno King Power Stadium, por 3-1.
Este foi mais um passo rumo à afirmação do jogador enquanto séria opção dos gunners, face à 'feroz' concorrência de Héctor Bellerín. Ainda assim, o próprio nada dá por garantido, e, em entrevista exclusiva ao Desporto ao Minuto, avisa que "o espaço nunca está conquistado numa equipa grande".
O lateral-direito não esquece que a chegada ao Emirates, em janeiro de 2020, foi tudo menos um 'mar de rosas'. Primeiro, teve de debelar um problema físico, e, quando se preparava para regressar aos relvados... fraturou o nariz num treino, fruto de um choque com o companheiro de equipa, Bukayo Saka.
"Houve uma altura em que não pude competir devido às lesões que sofri quando cheguei ao clube. Sempre que estava a voltar acontecia alguma coisa, primeiro foi a Covid-19, depois o problema de partir o nariz… Mas agora, finalmente, tenho tido a oportunidade de tentar ajudar a equipa e mostrar o meu valor", afirma.
O pior está, no entanto, para trás. Cédric Soares foi, aos poucos, conquistando o seu espaço, o que lhe valeu, inclusive, rasgados elogios por parte parte de Mikel Arteta, que, recentemente, destacou "a forma como encara a profissão". Agora, só pensa em "continuar a ajudar o clube a atingir coisas boas no futuro".
"É um excelente treinador e é sempre bom ouvir esse tipo de elogios. Sabia que é uma época longa e que precisava de me mostrar perante o treinador. A realidade é que ele vai conhecer-te melhor competindo. Podes treinar sempre a 100%, mas é quando entras em campo que consegues mostrar o teu real valor. É o que tenho tentado fazer sempre que tenho oportunidade, e o mister tem-me dado essa confiança e esse espaço para crescer", aponta.
Cédric Soares com o treinador do Arsenal, Mikel Arteta© Getty Images
Uma época 'atribulada'
Se do ponto de vista individual a temporada tem sido positiva para Cédric Soares, o mesmo não se pode dizer do ponto de vista coletivo. Quase meio ano após o arranque de 2020/21, o Arsenal continua sem conseguir estabilizar os resultados, e tão depressa conquista quatro vitórias consecutivas, como aconteceu entre dezembro e janeiro, como passa vive uma série de cinco jogos com um triunfo, como aconteceu na entrada para fevereiro.
"É um facto que estamos a tentar ter essa estabilidade", assume o jogador, que acredita, ainda assim, que "a equipa tem vindo a melhorar e as ideias do treinador estão cada vez mais claras": "É uma questão de dar continuidade, de continuar a trabalhar ao detalhe nos treinos e de manter a mentalidade muito forte para ganharmos em cada jogo, o que é muito importante".
A época começou da melhor maneira, com o triunfo sobre o Chelsea e consecutiva conquista da Supertaça, mas os gunners não conseguiram 'embalar' daí em diante. Chegam a março afastados, quer da Taça de Inglaterra, quer da Taça da Liga, e num delicado décimo lugar na Premier League. Nesse sentido, poderá a Liga Europa ser considerada uma tábua de salvação? Cédric avisa que não é bem assim.
"Olhamos para a Liga Europa como olhávamos no início do ano. É uma competição importante para nós, queremos ir o mais longe possível. É o nosso objetivo Sabemos que temos algumas finais para podermos ir longe, mas o objetivo não mudou. Não arrancámos a época da melhor maneira, com os resultados que uma equipa como o Arsenal ambiciona, mas a equipa tem vindo a crescer", ressalva.
Uma 'arma' para o Euro?
Grande parte do 'segredo' da afirmação de Cédric Soares no Arsenal assenta na polivalência. O jogador de 29 anos habituou os adeptos do futebol português a um constante 'sobe e desce' na ala direita, mas, esta temporada, foi no lado esquerdo que começou a jogar com maior regularidade, aquando da lesão contraída por Kieran Tierney, o que lhe permitiria ganhar pontos para regressar ao lugar de origem.
"Sempre me mostrei disponível para jogar em qualquer posição, foi assim que cresci. Mesmo na formação, era médio, puseram-me a lateral durante um ou dois jogos e tive que me adaptar. É uma questão de estar disponível para o treinador e de ter a mentalidade certa para o fazer. É isso que procuro. O nosso líder é o treinador, e, se ele pede para fazer esse trabalho, é isso que tenho que fazer, no melhor das minhas capacidades", refere.
E poderá esta polivalência ser uma 'arma' na corrida por um lugar na seleção portuguesa no Campeonato da Europa?: "Se isso me faz estar mais perto ou não do Euro… Não sei. Procuro fazer o meu trabalho no meu clube para estar sempre disponível se o mister Fernando Santos assim o entender. Pode contar comigo, que estarei sempre disponível, como é óbvio".
Cédric representou a seleção portuguesa pela última vez em 2018, num encontro particular com a Escócia© Getty Images
Olhos postos em Portugal... e em Alvalade
Foi no Sporting que Cédric Soares 'nasceu' para o futebol, e, apesar de já terem passado quase seis anos desde que se despediu de Alvalade para embarcar na 'aventura' inglesa - na altura com as cores do Southampton - o internacional português continua a acompanhar com especial atenção o percurso da antiga equipa, e admite estar a torcer para que este seja o ano do final do 'jejum' de títulos.
"O Sporting encontra-se numa excelente posição, o que é bastante positivo. Tem feito, sem dúvida, uma época excelente. Merece tudo o que está a conquistar até agora. Desejo as melhores felicidades e espero que o Sporting consiga atingir o objetivo de ganhar este tão desejado título, que é tão importante para o clube e para os adeptos. Merece, sem dúvida", atirou.
Um dos obstáculos para a concretização dessa intenção será o Benfica. O lateral-direito conhece bem a equipa de Jorge Jesus. Afinal, ajudou o Arsenal a eliminá-la dos 16-avos-de-final da Liga Europa. E, nesta entrevista ao Desporto ao Minuto, tece-lhe rasgados elogios, avançando, inclusive, com uma possível explicação para a instabilidade que tem evidenciado.
"Para o Benfica, jogar contra o Arsenal ou contra uma equipa do campeonato português é diferente. Por vezes, também tem a ver com isso, com a forma como se olha para cada jogo. Mas o Benfica é uma equipa com muita qualidade. Às vezes os momentos não saem aos jogadores, há fases em que a equipa não está bem e depois dá a volta por cima…", sublinhou.
"O futebol tem muito disso. Mas atenção, o Benfica tem um grupo de grande qualidade, recheado de excelentes jogadores. Foi uma equipa bastante difícil de defrontar para nós. Ambos os jogos foram competitivos. Agora, espero que o Sporting seja campeão neste ano e continue neste trajeto incrível. Merece, tem todo o mérito", completou.
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