Felizes dos que podem viver as noites mágicas. Audazes os que ajudam a construir essas noites. Porque a felicidade pode chegar caída do céu, ou então arquitetar-se um plano para lá chegar.
E o Dragão traçou o caminho perfeito, em 180 minutos + 30 de prolongamento, para chegar a bom porto. Tudo começou com o golo de Taremi, aos dois minutos, na Invicta, para tudo acabar com o coração agarrado à boca.
O dragão deu o corpo às balas, pelos pés de Sérgio Oliveira, a chefia de Pepe, e com um guardião sublime entre os dois postes. Em Marchesín renovaram-se esperanças, que acabaram por ser bem consumadas com os tiros certeiros de Sérgio.
Pela porta da Igreja (Chiesa de seu nome), uma Juventus reentrou na eliminatória, mas nem a expulsão de Taremi deram energia suficiente a uma armada bianconera para aplicar o golpe fatal. O campeão nacional colocou a Juve na teia. Com sorte à mistura, mas esta sorte deu muito trabalho a ser construída. O filme em Turim não acabou em drama, apesar de Rabiot ainda ter ameaçado. Os ‘quartos’ da Liga dos Campeões são efetivamente uma realidade. E tudo começou em forma de sonho…
Vamos então aos destaques deste Juve-FC Porto:
Figura do jogo: Sérgio Oliveira. Independentemente de qualquer estatística, o troféu tem de ser direcionado ao homem que marcou os dois golos em Turim e foi o principal responsável pelo ‘carimbo’ do dragão para os ‘quartos’ da Champions. Em dia de tomada de posse de Marcelo, Sérgio Oliveira foi ‘presidente’ em Turim.
Surpresa: Apesar dos três golos sofridos, esta passagem a muito se deve ao ‘gigante’ que esteve a defender o cofre azul e branco. Marchesín com uma mão cheia de boas intervenções manteve o FC Porto dentro da eliminatória, nomeadamente na segunda parte, fase do jogo em que a Vecchia Signora montou o cerco à baliza do campeão nacional.
Desilusão: Cristiano Ronaldo. Parece até ‘criminoso’ dizer que o internacional português é uma desilusão, quando falamos de um dos melhores do mundo, porém, e apesar da assistência no primeiro golo de Chiesa, esperava-se mais vitamina CR7. O luso habituou-nos, e talvez mal, a ser antibiótico para tudo o que corre mal, mas na noite desta terça-feira faltou filigrana à chuteira do português. Faltou um suplemento mágico, faltou um salto ao terceiro andar, faltou a pujança no remate, faltou aparecer mais, faltou ser herói… porque ele assim nos habituou.
Andrea Pirlo: O pai deste fracasso. Tem um conjunto de ‘pérolas’ à sua disposição, mas não sabe pegar no que tem de valioso, e fazer uma boa peça de ‘joalharia’. Cuadrado, Chiesa e Morata foram ‘explosivos’ para o cofre de Marchesín, mas onde está o treinador quando é preciso? Na recta final da segunda parte pedia-se outro ‘boost’ ofensivo na equipa, mas Pirlo mexeu tarde. Aliás, esse é um dos grandes problemas. Não atua por antecipação, atua por reação e quando assim é? No prolongamento, a equipa partiu e, à semelhança de outros jogos, viveu à boleia dos seus heróis. Cuadrado quase lhe dava o tão desejado ‘colar’, porém a justiça coletiva imperou perante a lei de quem tem mais matéria-prima. Arrivederci, Pirlo?
Sérgio Conceição: Bravo, bravo, bravo. O treinador português alcançou, nesta terça-feira, 9 de março, um dos triunfos mais saborosos na carreira como técnico. Abordou o jogo com a intenção de o ganhar, independentemente do resultado que trazia da primeira mão. Mudou essa estratégia, apenas quando viu a equipa ficar reduzida a 10, e aí soube fazer as retificações necessárias para aguentar o maior fôlego ofensivo do emblema bianconero. No prolongamento estabilizou a equipa e os dividendos acabaram mesmo por chegar e em forma de ‘quartos’.
Björn Kuipers: Grande penalidade bem assinalada e aceita-se a expulsão de Taremi, todavia teve um critério disciplinar irregular e usou ‘dois pesos e duas medidas’ em faltas similares.
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