"Se não ganhar a Taça é uma época muito fraca. O Benfica vive de títulos"

A dececionante temporada futebolística do Benfica ficará atenuada com a conquista da Taça de Portugal na final de domingo frente ao Sporting de Braga, frisou à agência Lusa o ex-internacional português e treinador Álvaro Magalhães.

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Lusa
21/05/2021 08:52 ‧ 21/05/2021 por Lusa

Desporto

Álvaro Magalhães

"Se não ganhar, é uma época muito fraca, porque o Benfica vive de títulos. Se ganhar, é sempre fundamental. Agora, não há dúvidas que o Benfica tinha aspirações e ambições de ganhar mais coisas esta época. O objetivo principal é sempre ganhar o campeonato e este ano perdeu-o com todo o mérito para o Sporting", analisou o ex-defesa das 'águias'.

Benfica e Sporting de Braga irão lutar pela conquista da 81.ª edição da 'prova rainha' numa inédita final agendada para domingo, às 20:30, no Estádio Cidade de Coimbra, depois de terem concluído o campeonato na terceira e quarta posições, respetivamente.

"Dou 30% de hipóteses ao Braga e 70% ao Benfica, mas a história não ganha jogos e alguns destes jogadores não têm a experiência do que é jogar uma final da Taça de Portugal. Penso que o Benfica tem atletas de muita qualidade, está moralizado neste momento e confiante com a vitória em Guimarães [3-1, na 34.ª jornada da I Liga", atirou.

A 'prova rainha' representa a única chance restante de troféus das 'águias' em 2020/21, época cujas perspetivas eram altas pelo regresso de Jorge Jesus, 'tricampeão' na Luz (2009/10, 2013/14 e 2014/15), além do investimento recorde de 105 milhões de euros.

"Os dois clubes estão pressionados. O Benfica entra dessa forma em cada jogo para vencer, mas terá um adversário de muita qualidade e com uma belíssima equipa. É evidente que a segunda volta do Braga não foi tão boa como a primeira e houve um relaxamento de forma, mas acredito numa final repartida", projetou Álvaro Magalhães.

Os 'encarnados' falharam a entrada na fase de grupos da próxima edição da Liga dos Campeões, ao rumarem às pré-eliminatórias, graças ao terceiro posto na I Liga, com 76 pontos, menos quatro do que o FC Porto, segundo, e a nove do campeão Sporting.

"Tem de se ter respeito pelo Braga, mas não há dúvida de que, ganhando este troféu, o Benfica esquece um bocadinho o campeonato. Os adeptos pensavam que podiam ser campeões este ano e tal não aconteceu, mas, se vencer a Taça de Portugal, o Benfica acaba a época em grande", apontou o ex-lateral, que jogou na Luz entre 1981 e 1990.

Além de André Almeida, do brasileiro Jardel e do grego Andreas Samaris, todos lesionados de longa duração, Jorge Jesus não deve contar com o central 'canarinho' Lucas Veríssimo, que abandonou a partida em Guimarães com queixas na coxa direita.

"Penso que o Everton pode desequilibrar, assim como o Haris Seferovic, que está motivado e já demonstrou nestes anos todos que é um bom avançado. Um desses dois jogadores pode decidir uma final. O Cebolinha é uma pena que só esteja a aparecer na reta final da época, mas, bem trabalhado, pode fazer mossa em qualquer jogo", elencou.

A estabilização no 'onze' de Lucas Veríssimo, único reforço contratado na reabertura de mercado, estimulou Jorge Jesus a apostar numa defesa com três centrais, embora Álvaro Magalhães, que foi adjunto do Benfica de 2003 a 2005, dê privilégio ao tradicional 4-4-2.

"Há que respeitar este sistema, mas acho que perde um pouco a jogar assim. Isto não é uma crítica, mas uma opinião de um ex-treinador e jogador do clube. O Benfica tem bons jogadores, de grande capacidade ofensiva e defensiva, capazes de atuar em várias estruturas. Com um 4-4-2 bem trabalhado, podem ter um rendimento superior", vincou.

As 'águias' venceram em Braga para o campeonato (2-0, à 24.ª ronda), após terem perdido em casa na primeira volta (3-2, à sétima) e nas meias-finais da Taça da Liga (2-1) perante o conjunto de Carlos Carvalhal, 'carrasco' do FC Porto nas 'meias' da 'prova rainha'.

"Muitas vezes, quem é o mais favorito teórico acaba por não o ser. Há sempre surpresas na Taça de Portugal, ainda por cima sem público, o que ainda leva a que as equipas não tenham aquela alegria fora das quatro linhas. Todos sabem que a Taça é a festa do futebol. Há uma grande amizade entre adeptos, seja de que clube forem", descreveu.

Devido à pandemia, a final decorrerá pela segunda época seguida à porta fechada e distante do Estádio Nacional, em Oeiras, onde a segunda prova mais importante do futebol luso se decidiu quase sempre desde 1945/46 e tinha "outro sabor e carisma".

"Mesmo sem adeptos, seria bom que acontecesse no Jamor, pela beleza, pelo encanto e pelo fim da tarde, sendo que os adeptos podiam estar separados uns dos outros a conviver. Mas pronto, temos de respeitar. Coimbra é uma cidade bonita. Pena é que não haja público. Isso é que deixa realmente tristes as pessoas", admitiu Álvaro Magalhães.

O treinador, de 60 anos, venceu quatro Taças de Portugal enquanto jogador (1982-1984, 1986/87 e 1988/89) e mais outra como adjunto do espanhol José Antonio Camacho (2003/04), sentindo que "aquele estádio gosta muito de ver o Benfica a pisar a relva".

 

 

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