"É uma situação absolutamente inédita, nunca aconteceu, e, portanto, é uma situação bastante grave e bastante complexa para o próprio com certeza, em primeiro lugar, e, naturalmente, também para o Benfica, porque se trata do seu presidente", disse à agência Lusa Ribeiro e Castro.
Considerando que "o dano sofrido é severo e será tanto pior quanto mais se arrastar (...) o envolvimento quotidiano do Benfica com o processo", o antigo dirigente afirmou que "a primeira prioridade é separar o processo do Benfica e o Benfica do processo".
"As pessoas que estão no processo têm de se concentrar nas acusações que lhe são feitas e, naturalmente, na sua defesa -- isso não é da nossa responsabilidade de benfiquistas - e o Benfica tem de se concentrar no seu presente e no seu futuro", salientou José Ribeiro e Castro.
Para o antigo vice-presidente, o clube 'encarnado' "tem de ter dirigentes que estejam complemente libertos, com o seu espírito focado única e exclusivamente na defesa da grandeza do Benfica, do seu universo institucional e na preparação das épocas desportivas que estão aí à porta".
"Por isso, é que eu tenho defendido que é indispensável, sem grandes dramas, que o plenário dos órgãos sociais reúna e avalie com todos os dados que tem na sua mão -- tem mais dados do que eu - a complexidade e seriedade da situação, e convoque novas eleições no Benfica", disse.
Segundo José Ribeiro e Castro, as eleições devem decorrer num "prazo que tem de ser tão curto quanto possível para não deixar a situação piorar, mas tem também de ser suficientemente espaçado para ser um processo leal, que as pessoas que tenham projetos para apresentar ao Benfica o queiram fazer, que membros da atual direção que queiram apresentar um projeto na continuidade do que está feito o possam também fazer", sendo que "isto não se faz com uma corridinha".
"Agora, o simples anúncio da preparação dessas eleições põe os benfiquistas e o universo benfiquista a pensar nesse futuro e a deixar de olhar angustiadamente para um quotidiano pesado marcado por este processo que está a decorrer", acrescentou.
Ribeiro e Castro foi dirigente do Benfica quatro meses durante a presidência de João Vale Azevedo.
"Depois trabalhámos para o derrubar e conseguimos", adiantou.
O empresário e presidente do Benfica Luís Filipe Vieira foi um dos quatro detidos na quarta-feira numa investigação que envolve negócios e financiamentos superiores a 100 milhões de euros, com prejuízos para o Estado e algumas sociedades.
Segundo o Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) estão em causa factos suscetíveis de configurar "crimes de abuso de confiança, burla qualificada, falsificação, fraude fiscal e branqueamento de capitais".
Para esta investigação foram cumpridos cerca de 45 mandados de busca a sociedades, residências, escritórios de advogados e uma instituição bancária em Lisboa, Torres Vedras e Braga. Um dos locais onde decorreram buscas foi a SAD do Benfica que, em comunicado, adiantou que não foi constituída arguida.
Sem os identificar, o DCIAP informou que foram detidos um dirigente desportivo, dois empresários e um agente do futebol.
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