O voto de pesar foi apresentado pela bancada do Movimento para a Democracia (MpD, maioria) e aprovado na noite de quinta-feira, no encerramento da primeira sessão parlamentar ordinária realizada após a morte de Neno, aos 59 anos, em Portugal, ocorrida em 10 de junho.
"O pai era professor e um homem conservador. Não gostava que os seus sete filhos jogassem futebol. As duas meninas nem se falava e nem tão pouco a cantoria lhe agradava. O professor apreciava o silêncio e dava tostões ao Neno para que se calasse e o deixasse trabalhar. Nada correu de feição como o senhor Augusto Barbosa Barros planeava. Neno fez-se jogador e cantor romântico", lê-se no texto do voto de pesar, consultado hoje pela Lusa.
A família de Adelino da Graça Barbosa Barros (Neno) deixou Cabo Verde após o 25 de abril de 1974. Em Portugal, Neno formou-se no Barreirense, passou por Vitória de Guimarães, Benfica e Vitória de Setúbal.
O guarda-redes ganhou três campeonatos e três Taças de Portugal pelo Benfica, além de uma Supertaça pelo Vitória de Guimarães.
Ao serviço da seleção portuguesa fez nove encontros, entre 1989 e 1996.
Contudo, Neno representou a seleção de Cabo Verde por duas ocasiões na Taça Amílcar Cabral, em 1983, na Mauritânia.
No voto de pesar aprovado pela unanimidade do parlamento, a que se seguiu um minuto de silêncio, é assumido o "firme compromisso de salvaguardar" a "imagem" de Neno, enquanto um dos "grandes filhos" de Cabo Verde.