Começou aos dois e terminou aos 63 minutos. Foi em pouco mais de uma hora que o Benfica humilhou o Sporting de Braga na Luz, com uma vitória gorda por 6-1, num domingo também ele gordo com jogos dos três grandes, e deixou para trás aquilo que já começava a ser um fardo para Jorge Jesus.
Com apenas uma vitória nos últimos jogos, alcançada no último suspiro em Vizela, e duas goleadas sofridas diante do Bayern Munique, os encarnados precisavam de começar a afastar os fantasmas que começavam a pairar no Estádio da Luz, e principalmente sobre Jorge Jesus, que até foi assobiado pelos adeptos antes do início da partida.
Numa partida que se esperava difícil para as águias, os encarnados fizeram questão de vestir o fato de gala e aquecer aquela que foi uma noite fria em Lisboa, com golos, muitos golos, e com exibições de mão cheia de Everton Cebolinha e Rafa Silva.
O teste diante dos sempre difíceis arsenalistas foi passado com distinção, e começou com o pé direito, ou neste caso cabeça, de Grimaldo, que abriu o marcador ainda não estavam três minutos jogados. O golo madrugador obrigou a formação bracarense a subir linhas e a procurar ter mais bola desde cedo do que o previsto, mas, na primeira vez que se aproximaram da baliza encarnada, os minhotos igualaram a partida por Ricardo Horta.
Com dois golos cedo no encontro, adivinhava-se um duelo equilibrado e com bom futebol, tal como tinha projetado Jorge Jesus na antevisão. As duas equipas encaixaram-se de tal forma depois do início eletrizante, que só um lance individual desatou o nó e voltou a colocar os encarnados a vencer, quando Darwin fez o segundo aos 37 minutos.
A partir daí só deu Benfica no jogo, já que o Sporting de Braga teve de correr atrás do prejuízo, balanceando-se para o ataque. Com espaço concedido pelos minhotos, quem agradeceu foram Rafa Silva e Everton, duas setas apontadas à baliza de Matheus Magalhães. O português fez o terceiro após um lance individual notável, antes de bisar a passe de Cebolinha nos descontos.
Ao intervalo, Carlos Carvalhal procurou reforçar a direita, por onde o Benfica tinha atacado mais na primeira parte, com as entradas da Yan Couto e Vitinha, mas as mexidas foram em vão porque os encarnados aproveitaram a velocidade e os espaços para marcar mais dois golos, ambos com a assinatura de Everton: o primeiro assistido por Rafa, num lance em que trocaram de papéis, e o segundo a passe rasteiro de Darwin.
Com mais de 20 minutos por jogar, o ritmo de jogo baixou consideravelmente e ambas as equipas, já conformadas com o resultado, foram gerindo o esforço dos seus jogadores. O Benfica não voltou a marcar, mas esteve sempre mais perto de ampliar, ainda mais, a vantagem, do que o Sporting de Braga de reduzir distâncias. O resultado final deixa os encarnados a um ponto da liderança de Sporting e FC Porto e os bracarenses mais longe do pódio.
Figura
Enorme exibição de Everton. Quase que apetece dizer onde estava este Cebolinha que não tinha aparecido até aos dias de hoje. Depois de ter dado uma entrevista sem autorização do clube, e que resultou numa multa, o internacional brasileiro assinou a sua melhor exibição com a camisola do Benfica. Numa partida em que teve mais espaços do que é habitual, o camisola 7deu um autêntico recital na Luz e fez duas assistências, aos quais juntou dois golos, um deles com uma grande execução individual.
Surpresa
Depois da estreia oficial pelos encarnados em Munique, Paulo Bernardo foi chamado a jogo para render João Mário e estreou-se pela primeira pela na I Liga pelas águias. Se o jovem podia acusar alguns nervos por ter entrado no encontro numa altura em que o Sporting de Braga tinha ascendente, a verdade é que não os demonstrou. Equilibrou o meio-campo das águias e a sua grande capacidade de trabalho, aliada à qualidade técnica, fizeram com que a pressão alta de Castro e Al Musrati deixasse de incomodar.
Desilusão
Um jogo pouco conseguido de Fabiano. O jovem que até tem apresentado bons rendimentos ao serviço dos minhotos, foi incapaz de travar as investidas dos encarnados no lado direito da defesa, sendo presa fácil para Rafa Silva e Everton.
Treinadores
Jorge Jesus: Tinha a pairar sobre si uma dúvida de incerteza, mas também de muitas críticas depois das recentes exibições dos encarnados. A aposta em Everton no onze titular, que foi surpresa no encontro, acabou por ser fundamental. Os encarnados entraram muito bem no jogo, sempre a pressionar alto o adversário, e, ao contrário de outras ocasiões, não acusaram o golo do adversário. Com espaços, a equipa foi fazendo o que quis do Sporting de Braga, e deu um pontapé na crise de resultados.
Carlos Carvalhal: A equipa entrou muito equilibrada e respondeu bem ao golo madrugado do Benfica. Conseguiu colocar-se taco a taco com o adversário, mas a partir do minuto 37 tudo mudo. A jogar de igual para igual, os minhotos sofreram o segundo golo perto do apito para o intervalo, e balancearam-se no ataque à procura de novo golo. Contudo, não conseguiram proteger a retaguarda em condições e sofreram horrores com a velocidade de Rafa Silva e Everton. Derrota pesada para os minhotos.
Arbitragem
Artur Soares Dias teve um jogo fácil de ajuizar e acabou não cometer qualquer erro que influenciasse o resultado final. Recorreu, e bem, ao vídeoárbitro em lances de maior dúvida, como o golo de Ricardo Horta ou a posição de Rafa Silva no lance do quarto golo dos encarnados. Nota muito positiva para o juiz portuense.
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