Se restavam dúvidas de que o futebol português pertence a uma quinta dimensão, uma "não apenas de som e visão, mas também de mente" (como se dizia na famosa série televisiva), todas elas ficaram dissipadas este sábado, com tudo o que sucedeu no Belenenses SAD-Benfica.
O conjunto do Restelo, 'devastado' por um surto de Covid-19 que provocou 17 infeções, entrou em campo com apenas nove jogadores (dois dele guarda-redes), e o resultado, claro está, foi-se avolumando a olhos vistos.
No espaço de apenas 45 minutos, foi possível observar sete golos. O primeiro, logo aos 25 segundos, teve a assinatura de Eduardo Kau, que colocou a bola na própria baliza. Os restantes, pertenceram a Darwin Núñez (hat-trick), Haris Seferovic (bis) e Julian Weigl.
Após o intervalo, o conjunto orientado por Filipe Cândido (que também testou positivo à doença) regressou ao relvado com apenas sete jogadores. Assim que deu o primeiro toque na bola, colocou-a fora para João Monteiro ser assistido.
Sem jogadores suficientes para continuar, Manuel Mota não teve remédio se não fazer soar o apito final. Feitas as contas, o Benfica é, provisoriamente, líder da I Liga, com 31 pontos, mais dois do que FC Porto e Sporting, que ainda vão defrontar Vitória SC e Tondela, respetivamente.
Quanto ao Belenenses SAD, ocupa a 16.ª posição (que dá acesso ao playoff de despromoção do principal escalão do futebol português), com oito pontos. No entanto, claro está, isto é o que menos importa, face a uma noite que ninguém imaginava ser possível.
Figura
No meio de toda esta polémica, Haris Seferovic acabou por ser o grande beneficiado. O internacional suíço ficou, claramente, abalado pelo que aconteceu em Camp Nou (como ficou à vista na oportunidade desperdiçada, logo aos 17 minutos), mas 'redimiu-se' com dois golos e recebeu uma importante 'injeção' de confiança.
Surpresa
A noite seria sempre inglória para Álvaro Ramalho, perante os argumentos do Benfica (a nível de quantidade e de qualidade), mas o guarda-redes da equipa de sub-23 foi fazendo o que pôde para desviar o maior número de bolas de golo possível. O resultado é (muito) dilatado, mas mais não se podia pedir ao jogador de 22 anos.
Desilusão
Em condições normais, uma goleada desta dimensão envergonharia a equipa perdedora. Mas, neste caso, envergonhou, única e exclusivamente, o futebol português. Não há justificação possível para que esta partida tenha ocorrido nos moldes em que ocorreu, pelo que o mínimo que se pode pedir é que alguém dê a cara por este episódio inacreditável.
Treinadores
Jorge Jesus: Torna-se impossível dizer se a estratégia adoptada pelo treinador do Benfica para este jogo foi ou não a mais indicada. Face à diferença entre ambas as equipas, a todos os níveis, aquilo que se verificou em campo foi apenas uma consequência natural.
Filipe Cândido: O Belenenses SAD apresentou-se em campo num sistema de 5x2x1, com um guarda-redes a atuar como jogador de campo. Fica, assim, totalmente explicado o motivo para tamanha goleada.
Árbitro
Dentro das circunstâncias, Manuel Mota viveu uma noite tranquila. A grande penalidade assinalada no primeiro tempo, por mão na bola de Rafa, não deixa margem para dúvidas. O único ‘senão’ foi mesmo o golo anulado a Darwin Núñez, por suposto fora de jogo de Rafa Silva, decisão entretanto corrigida pelo VAR. Acabou por dar o jogo por terminado aos 46 minutos, seguindo à risca os regulamentos.
Leia Também: Sporting reage ao desfecho do Belenenses SAD-Benfica: "Uma vergonha"