Rui Costa em entrevista: De JJ a Veríssimo, sem esquecer as modalidades

Presidente do Benfica falou aos sócios na quarta-feira. Numa longa conversa, esclareceu o episódio de Jesus e Flamengo, o incidente com Pizzi, abordou a auditoria prometida e projetou de forma superficial o futuro do clube.

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Tiago Antunes
13/01/2022 00:29 ‧ 13/01/2022 por Tiago Antunes

Desporto

Benfica

Três meses depois de ter sido eleito o novo presidente do Benfica, Rui Costa deu uma entrevista, nesta quarta-feira, ao canal oficial do clube.

O presidente das águias fez questão de esclarecer os sócios e adeptos do clube sobre várias questões que têm levantado muita insatisfação no universo encarnado. Na longa conversa no canal do clube, Rui Costa afirmou que Jesus não saiu por causa dos jogadores, falou sobre a aposta em Nélson Veríssimo, deu novidades sobre a auditoria e sobre a revisão dos estatutos e abordou ainda outros temas como, por exemplo, as modalidades, a renovação do Estádio da Luz e o projeto para uma eventual 'cidade Benfica'.

A entrevista na íntegra.

Operação cartão vermelho: Boa noite a todos. Iniciamos logo por esse caso. Parece-me extremamente exagerado toda esta feira à volta deste processo, com escutas que nem têm a ver com este processo. Enquanto presidente do Benfica, espero que sejam apuradas todas as verdades deste processo até para olharmos todos os dias para a frente e não para trás. Não sei quem beneficia com as escutas, sei que o Benfica está a ser prejudicado com isto. É um processo que devia estar em segredo de justiça. 

Nome envolvido nas notícias: Vamos por partes. Primeiro, ninguém foi acusado de nada. Quanto à minha pessoa, eu estive, estou e estarei de consciência tranquila. (...) Tudo o que fiz pelo o Benfica foi por amor, o Benfica não me deve nada a esse respeito, mas deixa-me triste que sempre que este processo venha à baila eu tenha de explicar tudo. (...) Todos os contratos que assinei enquanto dirigente vieram a público agora, e é público que tinha prémios por ser campeão, com valores muito altos envolvidos. Desde que aqui cheguei como diretor fui seis vezes campeão nacional e, no entanto, não aceitei dinheiro nenhum. (...) Os adeptos dizem que "temos de ter Benfica" e acho que essa prova já dei. As assinaturas, eu faço-as como administrador, como qualquer administrador faria. Se eu estivesse implicado em alguma coisa, que sentido faria eu, em vez de ter saído do Benfica e estar escondido em algum lado, eu ter dado a cara na direção do Benfica e ser agora presidente? Nunca tive esse medo, essa preocupação. Estou aqui de corpo e alma, jamais o faria, jamais poderia prejudicar financeiramente o Benfica. Estarei sempre disponível para esclarecer tudo o que for preciso, tal como o Benfica sempre esteve disponível para falar com a Polícia Judiciária. Se há coisa que não posso suportar é que alguém pense que estou envolvido nisto. (...) O clube nunca foi dado como arguido, não vejo porque somos nós a especular. Essas notícias são os próprios benfiquistas que as mandam cá para fora. Vamos esperar.

Confiança em Domingos Soares de Oliveira: Disse nas eleições que conto com Domingos Soares de Oliveira. Confio na pessoa, não tenho razões para desconfiar de Domingos Soares de Oliveira. Nunca esquecer que o Benfica fez uma recuperação na qual ele teve papel fundamental e continua a ser uma pessoa importante para o clube. (...) O Benfica é grande em tudo e percebo que a comunicação social precise do Benfica para vender jornais e ter audiências. Não têm sido corretos com o Benfica. Hoje sofremos um ataque, ele é evidente, e não considero justo aquilo que está a ser feito ao Benfica. Não acredito que não haja problemas noutros clubes a não ser no Benfica. Faz-me confusão que qualquer problema do Benfica sirva para cinco horas de programa. Dou um exemplo, será menos notícia as buscas noutros clubes do que o interesse do Flamengo em Jorge Jesus? As nossas estão diariamente nas capas. (...) Não quero referir entidades. Sabemos da nossa grandeza, da nossa importância para as audiências, mas está a ultrapassar todos os níveis. O Benfica está a sofrer um ataque cerrado. (...) As pessoas conhecem-me e sabem que sempre tive uma postura correta e não quero mudar  a minha forma de estar. Não é o Benfica que tem de decidir o que fazer com a imprensa, é a imprensa que tem de perceber que relação quer ter com o Benfica. Tenho de defender a instituição e os adeptos em todas as áreas. Não pretendo que a imprensa não discuta os nossos problemas, quero que ela discuta os problemas do Benfica e de todos os outros.

Auditoria: Foi entregue à empresa Ernst and Young e os resultados foram apresentados a mim e à justiça forense. Nos três contratos apresentado, não foi achado nada em que o Benfica tivesse ficado lesado nessa situação. Foi decidido pelos nossos advogados que o Benfica não se iria constituir assistente do processo nessa situação. Prometi que seria entregue em outubro, mas desde logo, mesmo que nós quiséssemos fazer tudo isso, não seria lógico da nossa parte. De qualquer maneira, o que fizemos foi estender esta auditoria aos restantes contratos que a Judiciária e o Ministério Público quiseram investigar. Fica claro que, se tivesse algo a esconder, teria ficado com aqueles primeiros contratos. Tinha limpo as minhas mãos e deixado tudo arrumado, mas não. Quis investigar os 55 contratos e perceber em que ponto está a situação. Se for preciso sermos assistentes do processo, assim o faremos. Espero que nada aconteça, mas, se acontecer, serei intransigente.

John Textor: Temos tido conversas com John Textor e isso já foi tornado público. O que temos estado a discutir é o que John Textor pode aportar ao Benfica. Estamos a analisar até onde ele ou qualquer outro investidor pode ser oportuno para o clube. Ele não está a comprar ações ao Benfica. Continua em análise, ainda não está definido. O que posso esclarecer e garantir é que discutiremos com variadíssimos investidores, mas mantendo sempre a maioria do capital da SAD.

Pires de Andrade: É um acionista minoritário que quer meter pela primeira vez um administrador na SAD. Não era algo pensado quando constituí a nova SAD. Quis cumprir a lei e fazer entrar duas mulheres. Com a entrada do novo administrador, estas contas ficam furadas. (...) Não tenho nada contra uma pessoa ou contra outra. A única coisa que me faz maior 'espécie' é que, se não houve até agora necessidade, por que razão agora terá de haver?

Futuro para a SAD: Escolhi estes nomes porque são da maior credibilidade para mim. É uma SAD completamente diferente para mim e tenho a certeza que vão ajudar a fazer uma coisa que quero fazer que é aumentar o compliance do clube. Estou extremamente satisfeito com a lista que fiz para a SAD e esta questão é importante para mim para evitar estes processos dos cartões vermelhos. (...) A construção desta SAD é uma área muito importante para o clube, reforça a confiança dos adeptos.

Jorge Jesus despedido pelos jogadores? Nessa altura foi comentado tudo e um par de botas. Jesus, como um homem de muitos anos de futebol e com uma boa relação comigo, depois do episódio que aconteceu, ambos chegámos à conclusão que todo o caminho dali para a frente ia ser mais complicado. O mês de dezembro foi de extraordinária dificuldade para todos nós. Se fizermos uma retrospetiva desde o início da época, havia uma enorme exigência para ganhar. Apesar da qualificação na Liga dos Campeões, foi penoso. Tivemos três derrotas duríssimos contra os rivais. O que chocou mais não foi a derrota em si, foi a forma como perdemos, uma delas em casa. A primeira, frente ao Sporting, criou logo um ambiente à volta de Jesus que não foi favorável. Depois, toda a questão do Flamengo, a atenção mediática dele, tudo isto afetou. Acabou por finalizar com aquele episódio com a equipa toda. Se calhar era preciso uma explicação da minha parte. O que quis naquele momento foi não criar mais atrito à volta da situação e deixar a equipa à vontade para o jogo do campeonato. Com a entrada do novo treinador, não queria tirar-lhe o foco. Não foram os jogadores que despediram o treinador, não foi o treinador que foi de frente contra os jogadores, achámos que seria difícil a partir de aí.

Momento do clube exposto: Embora haja mensagens, ninguém pode saber o que se passa ali. De facto, houve desavenças entre treinador e jogador. Se um treinador fosse despedido por um jogador, tinha de ser muito fraquinho. Eu também tive equipas em que treinadores foram despedidos por jogadores, mas aqui o jogador continuava a jogar. O Pizzi merece o nosso respeito. Houve esse episódio e a equipa manifestou apoio ao jogador. Quem diz que Jesus saiu porque me coloquei ao lado do jogador não sabe quem é Jesus. Quando se construiu o plantel, houve jogadores com história no Benfica que foram postos de parte e não houve problemas com isso. Depois do que aconteceu, aquilo que fiz foi em sintonia com Jesus. Eu falei com o treinador, estava lá no Seixal e falei logo com ele. Aquilo que me leva a pensar ao longo desse dia não é a questão Pizzi, que ficou resolvida com uma conversa entre treinador e jogador, foi que os jogadores ficaram do lado de lá e não do lado de cá. Há sempre um 'diz que disse' e isso cria mau estar. 

Reunião de Jesus com Flamengo: Estamos a falar sobre pessoas do futebol. Uma das preocupações que tínhamos naquele momento era o massacre diário de 'Jesus vai para o Flamengo, não vai para o Flamengo'. Mas as pessoas não pensem que para um encontro destes é preciso a autorização seja de quem for. Eu conversava com ele todos os dias e discutia o tema e perguntei qual era o seu interesse, ficar ou ir. A vontade de Jesus era ficar no Benfica e terminar o contrato. Aquilo que lhe pedi, a famosa autorização, foi para limpar a cabeça e dizer que não ao Flamengo para no dia seguinte anunciar isso mesmo na conferência de imprensa. O objetivo, numa semana com dois jogos com o FC Porto, era limpar mesmo a cabeça. (...) Respeitámos tanto uns aos outros que o Flamengo, quando Jesus foi despedido, já tinha treinador fechado.

Abraço a Jesus: Completamente genuíno de duas pessoas que falam ainda hoje com muita amizade. Uma coisa nunca prejudicou a outra, nunca influenciou a parte profissional. Foi assim que conduzimos o processo, foi a demostração de que ele não saiu chateado com o clube.

Falhas de Jesus: Foi uma ano e meio bastante difícil, diferente. Sabíamos que Jesus, até pela condicionante de ter ido para o Sporting, o seu regresso obrigava a vitórias imediatas. Isso não aconteceu e o ambiente ficou mais pesado à volta do clube. Foi prejudicial para todos. Infelizmente, não conseguiu fazer o mesmo que fez na sua primeira passagem, mas é um excelente treinador. Há épocas assim. Assisti a todos os treinos e posso dizer que esteve aqui de corpo e alma. (...) No ano passado era o Tiago Pinto ou eu, agora é o Rui Pedro Braz, o Luisão... Eu não aceito bodes expiatórios. É uma culpa conjunta que vai desde o presidente até ao último dirigente do futebol. Estamos a falar de benfiquistas ferrenhos, o Luisão é tal como eu, o Rui Pedro Braz que no seu primeiro ano trabalhou muito no mercado e que pode vir a ser um bom diretor geral no futebol, depois é um benfiquista ferrenho e que sofre como nós.

Aposta em Nélson Veríssimo: É um homem da casa. Nesta transição era preciso mudar o paradigma. É de extrema qualidade, o trabalho que teve na equipa B mostra essa qualidade. É outro benfiquista ferrenho, que conhece grande parte deste plantel. Acredito plenamente nas capacidades de Nélson Veríssimo, sei o quanto ele sofre pelo clube, vai ser outro a juntar-se aos que já lá estão. Acredito que é a pessoa ideal para dar a volta ao mês fatídico de dezembro. (...) Fica até ao final da época porque vamos ser calmos. Poderão perguntar por que não fazer um contrato de mais ano, ano e meio, se confio nele. Temos de dar oportunidade aos treinadores, acredito que seja para mais de seis meses, mas vamos ser calmos.

Resto da temporada: Jamais pensemos que o campeonato está terminado ou que já estou a preparar a próxima época. Temos de estar focados no resto da temporada. Os dois últimos anos são prova disso, perdemos quando pensávamos que íamos ganhar e ganhámos quando esperávamos perder. Assim exijo dentro do Seixal. Vamos lutar, recuperar pontos e acredito que este ano ainda vamos ser felizes.

Final de época mais tranquilo? Tranquilo neste clube não tem sido possível.

Visão no mercado: Nos últimos dois anos mudámos o paradigma, mas não esquecemos a formação. Temos o Paulo Bernardo a jogar, o Gonçalo Ramos... Não é verdade que não apostamos na formação. Uma coisa que vamos mudar é o contratar muitos jogadores, por causa da adaptação. Muitos nem se adaptam. Se olharmos para o que fizemos no mercado, não foi bem um esbanjar de dinheiro em nomes desconhecidos. O plano é continuar a olhar para a formação, sabendo que nem todos os anos vamos ter João Félixes e Renatos Sanches. Já tivemos outros jogadores com experiência como Jonas e Júlio César. Pretendemos conjugar um misto, não andando nessas despesas tremendas, mas criando uma estabilidade no plantel.

Mercado de janeiro: A preocupação neste momento é até reduzir o plantel. Gosto de plantéis mais curtos. Não fizemos um plantel grande porque o treinador gosta de contratar, foi sim por causa da Covid. Vamos tentar encurtar o plantel para dar até mais espaço aos jovens. Estou sempre em contacto com a gestão do futebol e temos o objetivo de criar maior espaço para o jogador da casa. Tudo aquilo que eu falar sobre o mercado de janeiro vai desviar as atenções para aquilo que é o objetivo de agora, que é lutar pelo título. (...) A aposta em Veríssimo surge porque é alguém que está sintonizado com o projeto do clube.

Cartão Adepto: Temos acompanhado com grande interesse, entusiasmo e contrariedade com o que era o cartão. Tivemos a nossa quota-parte para que aquilo acabasse. Uma ideia sem pés nem cabeça, ainda por cima depois da Covid, em que precisávamos de ter as pessoas de volta ao estádio. É com grande satisfação que hoje vejo que o nosso estádio pode estar cheio.

Revisão dos estatutos: Uma das medidas que tomei logo desde início foi criar uma comissão para rever os estatutos. Entendi que teriam de ser revistos o quanto antes. Essa comissão está a trabalhar para que isso seja entregue à direção depressa. (...) Embora seja presidente do clube, quis ficar à margem desta comissão. Se parto do princípio que todos os sócios fizessem parte desta comissão, não me quis inserir no meio disso porque poderia correr o risco de me meter no meio. Este documento não é para o presidente do Benfica, é para o Benfica. (...) Uma coisa que defendi na campanha foi a limitação de mandatos, sou a favor disso, mas vou deixar nas mãos da comissão.

Modalidades: Assim que entrei, fui avisado que poderia ser um ano difícil. Não está a ser um ano produtivo como queríamos que fosse. Algo positivo foi que todas as equipas estão nas competições europeias. Nos campeonatos nacionais, não estamos tão bem e sabemos que aí os nossos rivais estão mais fortes. Excetuando a equipa de vólei, nas outras estamos em dificuldade. Mas por termos entrado na época com esse prejuízo, não quer dizer que não vamos tentar lutar. (...) Estou nos pavilhões, mas não para me mostrar. É porque quero estar presente. É para conhecer por dentro o que está bem feito nas nossas modalidades e perceber, no meio do mal, o que se pode fazer para ganhar. Somos o único clube com as dez equipas nas modalidades, cinco masculinas, cinco femininas, e então temos maiores encargos financeiros. Não temos de fazer disso uma desculpa, mas sim um orgulho. (...) Um dos nossos rivais está num patamar acima. O andebol está a ser uma das modalidades mais difíceis de igualar. Acredito que as equipas de andebol, do hóquei, ainda vão crescer nesta época. Disse que íamos investir, mas isso por si só não chega. Não é colocar dinheiro sobre os problemas. (...) Estou convencido de que no próximo ano os resultados serão melhores, mas, com isto, não estou a dar a época como perdida.

Falta de adeptos no pavilhão: É um dado que não vem de hoje e acho que há aqui uma pescadinha de rabo na boca que temos de resolver. Acredito que equipas mais fortes tragam adeptos aos pavilhões, mas também que mais pessoas nos pavilhões tragam mais sucessos às equipas. Mas isto também tem a ver com a cultura portuguesa. Não estamos habituados a ir aos pavilhões a meio da semana para ver jogos. Temos de criar aqui condições para que os adeptos apareçam nos pavilhões. Estamos a estudar todas as medidas para envolver os sócios mais com as modalidades, mas posso anunciar desde já que os pavilhões vão estar abertos a todos os sócios. E a parte financeira? O que acabamos por perder com esta medida é muito curto para aquilo que podemos ganhar a nível desportivo com os sócios nos pavilhões. 

Espaço de alto rendimento para as modalidades: Promessa eleitoral que vou cumprir. O que andamos à procura ainda não está concluído. Prometi, não como promessa eleitoral, mas porque sinto que é preciso para o clube. As modalidades andam a treinar aqui e ali e, como benfiquista, não me agrada que as equipas estejam espalhadas por todo o lado. O que pretendi desde imediato foi fazer um centro de alto rendimento que pudesse albergar todas as modalidades. Aquilo que posso desvendar aqui é que aquilo que estamos a tentar fazer neste momento é muito maior que isso. Temos um projeto bem maior, onde se possa albergar o Benfica inteiro. Um espaço em que, excetuando o estádio, o Benfica possa estar ali por inteiro. Já estamos a tentar finalizar, é um projeto único no mundo, e acredito que todos ficarão orgulhosos da 'cidade Benfica'. (...) Tudo tem de ser feito com pés e cabeça. A área que vamos tentar obter poderá albergar tudo o que quisermos. Vamos deixar o Seixal de parte agora. 

Renovar o Estádio da Luz: Não é um processo fácil. Essa promessa nem é como presidente, é como adepto do Benfica. Vamos começar pela renovação interior. Também posso anunciar que, indo ao encontro das vontades dos adeptos, garantidamente, no início da nova temporada, quando voltarem ao estádio, vão ter ecrãs novos, LEDs novos à volta dos anéis. Isso cria um novo ambiente no estádio. A nível de som e cadeiras, estamos a fazer o possível para que fique feito nessa altura.

Nova entrevista: Não pretendo esconder nada aos nossos adeptos, mas também não pretendo andar todos os dias com o microfone na boca. Quando for preciso falar, cá estarei. Mas não me peçam isso.

Renovar o exterior do estádio: Não está abandonado, esse projeto. Uma coisa de cada vez. Não pode ser tudo ao mesmo tempo.

Situação financeira: Temos estado bem financeiramente nestes últimos anos. Continuamos com os capitais próprios bem altos. A situação é estável e assim vamos continuar no futuro e vamos seguir rigorosos e oportunos nas finanças do Benfica.

Vendas no final da época se não seguir na Liga dos Campeões? Seguir na prova não é promessa eleitoral, é convicção mesmo. Vender não é um problema do Benfica, é do futebol português. Os clubes portugueses são vendedores e não vou enganar nenhum adepto quanto a isso. O que queremos é equilibrar o plantel para que, de ano a ano, não se tenha de fazer tantas vendas. É impossível alimentar os clubes em Portugal sem ser com vendas. Agora, vai ter de chegar a um ponto em que essas vendas sirvam para colmatar as despesas e porque o jogador chegou ao fim do seu percurso no Benfica. (...) Equilibrar o plantel é bom financeiramente, em termos etários também. Sempre tivemos jovens de valor, sempre conseguimos fortalecer a equipa principal com jogadores de formação. Quando se fala de projeto desportivo, aquilo que todos queremos é ganhar ao final do ano. Se é com jogadores de 30 anos ou de 18 anos, isso é indiferente.

Balanço dos três meses: São três meses a viver intensamente o clube, desta vez com uma missão diferente. Eu percebo que, quando aparece um novo presidente, as pessoas queiram que o estádio vire ao contrário. Mas este barco é maior. Falámos aqui de muitas coisas que estamos a desenvolver e nisso estou muito entusiasmado. Muito trabalho está a ser feito nos bastidores, os alicerces de que preciso para um mandato de sucesso. Foram apenas três meses e ainda há muito para mudar. Há mentalidades para mudar para termos maior sucesso.

Mensagem aos adeptos: Não acredito que haja sócio no Benfica que não perceba o que está a fazer lá fora. Quero que todos nos juntemos para combater as adversidades normais de um clube da nossa dimensão. Continuo muito otimista para o que vem no resto da temporada, espero que me sigam nisso. Precisamos cada vez mais da força da onda vermelha. Aquilo que espero, que peço e que sinto, é que nos vamos unir à volta uns dos outros.

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