"Não há dúvidas sobre a nossa posição nesta guerra: estamos do lado da paz. É responsabilidade do governo russo [a decisão de banir atletas russos do desporto mundial]", reiterou, em declarações à imprensa, Thomas Bach, que na segunda-feira já tinha apelado às federações desportivas a exclusão dos atletas russos e bielorrussos, após a invasão à Ucrânia.
Para o líder do organismo, esta tomada de posição é "a consequência da violação da trégua olímpica e da carta olímpica" por parte da Rússia, considerando ainda que "uma competição justa não poderá ocorrer se os atletas russos participarem livremente [em provas], enquanto colegas ucranianos são atacados".
"Teríamos de lidar com uma situação em que, por um lado, haveria atletas e oficiais ucranianos em busca de um abrigo no metro de Kiev para escapar dos bombardeamentos e, por outro lado, atletas russos a participar nas competições em que [ucranianos] gostariam de participar, ou até mesmo ocupar esse lugar", argumentou.
Por fim, Thomas Bach deixou elogios aos atletas russos que se manifestaram a favor da paz, apesar dos riscos.
"É um risco agora, aparentemente, para cada russo falar em paz. Não se pode interpretar o silêncio como se fosse concordar com a guerra. Talvez seja exatamente o oposto", concluiu.
A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar com três frentes na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamentos em várias cidades. As autoridades de Kiev contabilizaram, até ao momento, mais de 2.000 civis mortos, incluindo crianças, e, segundo a ONU, os ataques já provocaram mais de 100 mil deslocados e pelo menos 836 mil refugiados na Polónia, Hungria, Moldova e Roménia.
O Presidente russo, Vladimir Putin, justificou a "operação militar especial" na Ucrânia com a necessidade de desmilitarizar o país vizinho, afirmando ser a única maneira de a Rússia se defender e garantindo que a ofensiva durará o tempo necessário.
O ataque foi condenado pela generalidade da comunidade internacional, e a União Europeia e os Estados Unidos, entre outros, responderam com o envio de armas e munições para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas para isolar ainda mais Moscovo.