O FC Porto foi feliz na noite desta quinta-feira e ganhou um bilhete para ir até ao Jamor na final da Taça de Portugal. Os dragões estiveram acima do Sporting e decidiram a eliminatória.
A partida arrancou de feição para os leões, que corriam pelo prejuízo depois de uma primeira mão desvantajosa. Contudo, foi a equipa azul e branca que atirou a contar para desfazer o nulo. Não fosse esse golo, arrancado a ferros, tanto que ainda teve de ser validado pelo VAR, teria sido outro daqueles Clássicos em que muito se passava menos lances que o tornassem atrativo.
Notou-se do lado dos leões, uma vez mais, alguma falta de qualidade em certos processos do jogo, com uns elementos em evidente esforço a determinada altura da partida. Do lado do FC Porto, houve também peças em baixo rendimento, mas arranjou-se solução à altura.
Decidida esta eliminatória, resta ao FC Porto defrontar o Tondela, um estreante nas finais do Jamor. Até lá, a I Liga deve ser garantida pelos azuis e brancos.
Vamos, então, às notas desta partida.
A figura
Por ter sido um Clássico pouco rico em protagonistas, isto porque as individualidades não se mostraram num jogo de tabuleiro quase aborrecido, o destaque vai para o homem que fechou as contas da eliminatória. Toni Martínez, apesar de não ter tido tanto tempo de jogo, fez aquilo que Taremi e Evanilson não fizeram: golo. No primeiro toque, finalizou com sucesso e arrumou as contas do jogo. Além disso, não desperdiçou lances ao cair sem propósito como os outros dois avançados dos dragões fizeram, tendo tido maior aproveitamento por isso.
A surpresa
Pepê surpreendeu por várias razões. Conseguiu ser satisfatório a jogar no lado direito da defesa dos dragões, uma posição que não é a dele. Anulou algumas vezes a técnica de Pablo Sarabia e não deu grande margem de manobra, na segunda parte, a Pedro Gonçalves. No plano ofensivo, foi atrevido e muitas vezes entrou em lances que podiam ter dado em golo. Teve pulmão, durante os 90 minutos, para correr a ala completa e não dar espaço ao ataque adversário. Apanhou um Matheus Reis num bom dia, mas fica a ideia de que o jogador azul e branco tem muito mais para dar à equipa do que segundas partes.
A desilusão
Era suposto ter sido um homem de mil ofícios, acabou por não ser útil em nenhum. Se houve jogador que passou ao lado, não deste jogo, mas de toda a eliminatória da Taça de Portugal, foi Paulinho. Os números valem o que valem, mas, neste caso, traduzem muito bem os jogos que o avançado do Sporting fez contra o FC Porto. Em toda a meia-final, 180 minutos de jogo, não fez um único remate, um dado arrasador para o único finalizador da equipa. Além disso, 20 perdas de posse é muita bola que, ao mesmo tempo, podia ter dado em golo para os leões, imagine-se. Num dia em que Slimani não estava nas contas, Paulinho não podia falhar e falhou.
Os treinadores
Sérgio Conceição
O 'senhor recordes' que pouco se importa com isso. O técnico dos dragões foi feliz pela terceira vez numa meia-final da Taça de Portugal e alcançou a marca de Jesualdo Ferreira. Para lá chegar, teve de colocar a equipa a jogar frente ao Sporting. Apresentou um onze inicial base, com uma ligeira mudança na defesa, mas teve ao seu serviço a equipa que mais confiança lhe dá. O ataque com dois jogadores não lhe deu os golos que procurava para selar cedo a eliminatória, mas encontrou no banco aquilo que queria. É capaz de tirar partido das várias opções que tem no plantel e ganha com isso. Até ao momento, grande época para o treinador dos dragões.
Rúben Amorim
Numa altura ingrata da época, o técnico dos leões levou os seus pupilos aos Dragão para outro jogo decisivo e deu a receita para a vitória. A equipa não teve a coragem que o treinador mostrou ao longo dos 90 minutos e, em frente à baliza, mostrou novamente uma tremenda falta de definição. Amorim confia cada vez mais na equipa e a equipa não tem confiança, parece. Neste jogo, arriscou ao mexer no trio defensivo. Tirou Neto para colocar Esgaio, um central mais aberto que daria mais largura à equipa com vista ao ataque. Não funcionou e até 'destruiu' a estrutura da defesa. Contudo, arriscou, tentou, foi corajoso e deve ser elogiado por isso. Sem grandes opções para virar a eliminatória, até porque o homem do chuveirinho, Slimani, decidiu não treinar bem uma vez mais, Amorim fez o que podia para chegar a outra grande final. Fica para a próxima.
O árbitro
Havia muito a dizer sobre a exibição de Nuno Almeida, mas fica-se pelo essencial. Começou bem ao admoestar quem quisesse atrasar o ritmo do jogo com quedas fantasiosas, muito para salvar mais um Clássico que passaria facilmente de espetáculo de futebol a circo num estalar de dedos. Não viu a 'gravata' que Grujic fez a Coates na grande área, na primeira parte, que daria penálti para o Sporting. Na segunda parte, viu demais. Apitou muito, quebrou ele o ritmo do jogo e perdeu o controlo das duas equipas a certo momento. Esteve bem na expulsão de Porro, mas em pouco mais.
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