Aurélio Buta é um dos muitos jogadores lusos a brilhar fora de portas. Após ultrapassar uma grave lesãom que o afastou da primeira parte desta época, o internacional pelas camadas jovens de Portugal fez a estreia pelo Eintracht Frankfurt, em janeiro passado, e logo com um golo.

Antes de rumar àquele que é um dos maiores campeonatos europeus e até estrear-se na Liga dos Campeões, Buta, de 26 anos, brilhou ao serviço dos belgas do Antuérpia, depois de um largo período ligado à formação do Benfica.

Em entrevista exclusiva ao Desporto ao Minuto, Aurélio Buta não deixou nada por dizer e admitiu que a experiência no futebol da Bélgica foi fundamental para pegar de estaca ao serviço do Eintracht Frankfurt.

O jogador natural de Anadia, mas com nacionalidade angolana, recordou, ainda, o percurso nas camadas jovens do Benfica, onde se cruzou com alguns dos nomes consagrados da formação dos encarnados, e perspetivou também um potencial regresso ao clube da Luz, no futuro.

Sempre acreditei que podia chegar a estes palcosChegou ao Eintracht Frankfurt no verão passado, mas o primeiro jogo foi apenas em janeiro deste ano, por conta da grave lesão contraída na pré-época. Como foi lidar com este período de ausência?

Para ser sincero, não foi nada fácil. Cheguei cá e tinha ambições de chegar bem. Quando és novo numa equipa, queres mostrar-te, jogar, conhecer os novos colegas e integrar-te. Mas não foi possível, porque cheguei lesionado. Estive a primeira parte desta época sempre ausente. Mas, por outro lado, sempre me ajudaram e puseram à vontade. Queriam que eu voltasse bem e o mais rápido possível.

Foi um rude golpe para si, dado que tinha acabado de chegar ao clube e queria mostrar logo ao que vinha? Isso atrasou, não só o processo de adaptação a um novo campeonato, mas também a afirmação no Eintracht…

Sim, não contava nada com isso. A lesão foi no final da época passada. Depois, tive mais algumas complicações. Tive uma infeção no joelho e por isso é que o meu regresso ao campo se atrasou mais. Mas, aqui, todos me ajudaram para voltar forte e poder estar a jogar com regularidade como estou agora.

Mas este calvário terminou logo com um golo no jogo de estreia, frente ao Schalke 04. Foi quase como passar de um pesadelo para um sonho…

E foi tudo muito rápido. Supostamente, nesse jogo com o Schalke, ia entrar nos minutos finais e, por lesão do meu colega de posição, acabei por ser chamado mais cedo no encontro. Entrei e, depois, tive logo oportunidade de marcar no primeiro jogo. Foi muito bom, deu-me mais confiança. Foi sem dúvida um sonho e a cereja no topo do bolo para começar esta adaptação à Bundesliga. Este é um campeonato que já vinha a ver há algum tempo, é muito forte e tem muita visibilidade.

Aurélio Buta marcou no jogo de estreia pelo Eintracht, no duelo contra o Schalke 04© Getty Images  

E passava-lhe pela cabeça estrear-se a marcar logo no primeiro jogo?

Sinceramente, na noite anterior, tinha falado com a minha namorada e disse-lhe que ia entrar e marcar. E isso aconteceu! Depois, falámos disso e rimo-nos do assunto. Foi excelente.

Tem sido opção regular para o técnico Oliver Glasner. Já se sente mais adaptado à Bundesliga?

Jogo após jogo, e mesmo nos treinos, a intensidade, aqui, é diferente. Sinto-me adaptado à equipa. Quando estava lesionado, via todos os jogos, tentava perceber o estilo de jogo da equipa, como jogavam, e as instruções que o treinador dava. Agora, com os jogos com maior regularidade e os treinos, sinto-me cada vez melhor, e as coisas saem-me cada vez melhor.

Aurélio Buta conta com 17 jogos na presente temporada desportiva© Getty Images  

Em pouco mais de cinco anos, passou da II Liga portuguesa para jogar a Liga dos Campeões. Esperava este crescimento tão rápido na carreira?

Sempre acreditei que pudesse chegar a estes palcos. Depois da saída do Benfica, onde fiz um ano na equipa B, rumei ao Antuérpia, primeiro por empréstimo. Na Bélgica, tentei dar sempre o meu melhor, ano após ano. E, depois, com as exibições que fazia, surgiu o interesse do Frankfurt e cheguei aqui já com outra experiência. O campeonato belga é bom para os jovens crescerem e depois chegarem, por exemplo, a uma Bundesliga e jogar bem.

E como surgiu esse convite para rumar ao Frankfurt?

No ano passado [ainda no Antuérpia], defrontámos o Frankfurt na Liga Europa. Eu fiz o primeiro jogo em casa e, passados dois ou três meses, o diretor desportivo aqui do Eintracht falou com os meus empresários. Acabámos por falar sobre o assunto e, depois, foi só tratar de algumas coisas para eu poder assinar os papeis para me comprometer com o Frankfurt para esta época.

Existiram outras ofertas para além da do Eintracht?

Nessa altura, tinha surgido o interesse do Celtic, durante o verão passado. Mas, para além disso, não houve nada. O Celtic fez uma sondagem, mas acabou por não dar em nada.

Voltemos um pouco atrás e ao tempo em que esteve na Bélgica. Como foi esse período ao serviço do Antuérpia?

Estive lá cinco anos e foi muito bom. No meu primeiro ano, cheguei por empréstimo e estava lá o mister László Bölöni. No início, não jogava muito. Creio que, durante essa primeira época, fiz cerca de 15 jogos. Foi uma temporada de altos e baixos, porque, quando cheguei, fiquei seis meses sem jogar. Depois, houve uma altura em que o mister meteu-me a jogar e, a partir daí, joguei sempre. No final dessa primeira temporada compraram-me ao Benfica, assinei três anos com mais um de opção e acabei por fazer toda essa ligação lá. Foi uma boa experiência, creio que cresci muito nesse campeonato e, época após época, sentia-me cada vez melhor.

Aurélio Buta esteve cinco temporadas ao serviço do Antuérpia© Getty Images  

Mas, à semelhança do que aconteceu no Eintracht, também teve uma lesão grave, em 2018. Foi difícil isso para si, numa altura em que estava a ter a primeira experiência fora de Portugal?

Sim, e ainda por cima foi a minha primeira lesão e também a primeira operação. Claro que uma lesão nunca é bom e todos os jogadores querem jogar. Foi um bocado mau naquela altura, porque tinha a ambição de jogar sempre. Nunca me tinha lesionado com gravidade até essa altura, e foi uma pausa numa reta final de época em que estava bem. Essa lesão veio condicionar um pouco.

E na altura existiram outras oportunidades para o empréstimo ou a escolha pela Bélgica foi uma opção sua? Isto num ano em que até fez a pré-época com a equipa principal do Benfica…

Lembro-me que, na altura, o meu empresário tinha-me falado de uma equipa dos Países Baixos, mas, depois, os clubes não chegaram a acordo. Depois, e já nos últimos dias de mercado, o meu agente falou-me do Antuérpia e agradou-me o projeto. Eles vinham de uma subida de divisão ao campeonato principal da Bélgica e eu aceitei. Era um ano de empréstimo para ver como seria. Assinei no último dia e depois viajei para lá.

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