João Almeida fez história no Giro e aponta ao futuro: "Teremos resposta"

João Almeida aterrou hoje em Lisboa, um dia depois de ter feito história na Volta a Itália, onde foi o primeiro ciclista português a acabar no pódio, já com objetivos futuros em mente, nomeadamente o de estar no Tour2024.

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Lusa
29/05/2023 11:28 ‧ 29/05/2023 por Lusa

Desporto

Ciclismo

Menos de 24 horas depois de ter subido ao degrau mais baixo do pódio da 'corsa rosa', em Roma, ao lado do esloveno Primoz Roglic (Jumbo-Visma), o vencedor, e do seu 'vice', o britânico Geraint Thomas (INEOS), o ciclista português da UAE Emirates chegava ao Aeroporto Humberto Delgado, onde uma 'multidão' de jornalistas o aguardava, numa 'plateia' que incluía ainda alguns adeptos, com e sem bigode, e o presidente da Federação Portuguesa de Ciclismo, Delmino Pereira.

Após umas palavras de circunstâncias à chegada, Almeida, aparentemente ainda ensonado, 'enfrentou' uma conferência de imprensa, na qual repassou a sua aventura italiana e confessou que viveu "um grande Giro".

"Principalmente a vitória da etapa foi muito importante", revelou o corredor de 24 anos, que também venceu a 16.ª tirada do Giro, no alto do Monte Bondone, e que trouxe ainda para casa a camisola branca que distingue o melhor jovem da Volta a Itália.

Não ficariam por aí as revelações de Almeida, que com as suas costumeiras respostas sucintas foi desvendando sensações que teve durante a 'corsa rosa', prova na qual nunca esteve abaixo do quinto lugar na geral, um facto que o levou a constatar que "a regularidade" é a sua "vantagem em relação aos adversários".

"No dia em que ganhei a etapa, claramente pensei que havia a possibilidade de trazer a [camisola] rosa, mas nas etapas seguintes, que eram muito duras e em que os adversários estavam muito fortes, percebi que seria muito difícil. Lutei até ao último centímetro e fiquei muito feliz com o resultado", declarou.

O campeão nacional de fundo garantiu que, "no geral, não mudava nada" no seu percurso no Giro, porque fez "tudo o que conseguiu", 'responsabilizando' o trabalho, e o "treinar muito e estar focado num objetivo", pelo seu sucesso.

Agora, Almeida vai ter um período de descanso e, só depois, definirá objetivos para o que resta da temporada. Ainda assim, não esconde que gostaria de estar nos Mundiais de Glasgow (03-13 agosto), a representar Portugal, e na Volta a Espanha, agendada entre 26 de agosto e 17 de setembro, "para discutir a corrida". "Se puder fazer pódio, ainda melhor", acrescentou o quinto classificado da última edição da 'grande' espanhola.

Alcançado o seu primeiro pódio, o jovem de A-dos-Francos não esconde que quer mais, mas pede "tempo", alertando que a evolução de um ciclista "demora algum tempo", mas prometendo que vai tentar ganhar uma grande Volta.

"Vou continuar a fazer o meu melhor. Se ganhar, ganhei. Se não ganhar, não ganhei. Nos próximos anos, logo teremos uma resposta", rematou.

A ambição de Almeida passa agora pela presença na Volta a França de 2024, um objetivo declarado que não se tem cansado de repetir e que, hoje, o levou a ser mais veemente do que o habitual: "Acho que a equipa deixa fazer o que eu quiser. Se eu quiser fazer a Volta a França, faço a Volta a França. Se não quiser fazer, não faço".

Para o vencedor da classificação da juventude do Giro, prova que até liderou durante 15 dias em 2020, estar no Tour permitir-lhe-ia crescer enquanto ciclista, embora tenha a noção de que poderia ter de trabalhar para o seu colega esloveno Tadej Pogacar, bicampeão da 'Grande Boucle' (2020 e 2021) e 'vice' da passada edição.

"É tudo uma questão de situação de corrida. Claramente ele é um ciclista que está um nível acima de mim - ou dois, quem sabe. Para mim, seria um orgulho e um prazer trabalhar para ele, mas há sempre situações de corrida em que é favorável ter dois líderes", notou.

Almeida explicou ainda a história que deu origem ao famoso bigode com que correu esta Volta a Itália, que terminou no domingo em Roma.

"Quando fiz a última preparação na Serra Nevada, de três semanas, estava com os meus companheiros [da UAE Emirates] e um dia decidimos deixar só o bigode. Dissemos 'é só até à corrida, depois tiramos'. Depois, não tirei, e ficou o bigode. [...] Claramente que, se calhar, chego a casa e corto o bigode", concluiu, entre risos.

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