Em resposta a questões da Lusa, a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) destacou que a revisão da sua política de apoio financeiro se estende a "diferentes instituições e entidades", incluindo os apoios dos Jogos Santa Casa às federações desportivas nacionais, ao Comité Olímpico de Portugal (COP) e ao Comité Paralímpico de Portugal (CPP).
"Numa altura de grandes desafios económico-sociais, pretende-se criar um modelo de parceria mais equilibrado e criterioso no apoio financeiro dado pelos Jogos Santa Casa ao desporto nacional, nomeadamente, através das federações nacionais, do COP e do CPP, parceiros inestimáveis no desenvolvimento da missão da SMCL", destacou.
A Santa Casa lembrou que está a atravessar um período de "constrangimentos financeiros", agravados pela diminuição das receitas dos Jogos Sociais e pelo aumento dos pedidos de apoios sociais.
Por isso, "está a proceder a uma reavaliação profunda de toda a sua política de parcerias financeiras e patrocínios a entidades externas, por modo a criar mecanismos mais eficientes e sustentáveis".
A SCML afirmou que continuará "fortemente" empenhada no apoio ao desporto nacional através de um novo modelo "mais adequado à sua disponibilidade financeira e que possa dar uma resposta robusta no âmbito das parcerias com as federações desportivas, o COP e o CPP".
Várias fontes oficiais confirmaram na terça-feira à Lusa que a SCML avisou várias federações desportivas da necessidade de rever o plano de patrocínios, a menos de um ano dos Jogos Olímpicos Paris2024, através de cartas assinadas pela provedora, Ana Jorge, que assumiu funções em 02 de maio último.
Nas cartas enviadas, Ana Jorge assume-se certa de que estas entidades desportivas "compreenderão" a "difícil decisão pelas razões evidenciadas", sem excluir "uma eventual reavaliação futura desta situação caso as premissas se alterem".
Em reação, o presidente do Comité Olímpico de Portugal (COP) disse recear que a SCML se limite a cortar nas verbas atribuídas a uma "parte significativa" de federações com participação olímpica, a menos de um ano de Paris2024.
José Manuel Constantino disse compreender que a nova direção da SCML "queira proceder a uma reavaliação dos critérios de apoio às diferentes entidades, atendendo à situação de profunda crise que foi detetada nas auditorias já realizadas e pela intervenção do Ministério Público relativamente a investimentos feitos no Brasil".
Salientou, contudo, que não terá uma atitude tão compreensiva se os cortes forem feitos apenas no setor desportivo, num valor que, segundo José Manuel Constantino, não é relevante para os cofres da SCML.
Constantino assumiu disponibilidade para uma eventual reunião com a nova provedora da SCML.
Já esta manhã, o secretário de Estado da Juventude e do Desporto, João Paulo Correia, anunciou o pedido de uma reunião urgente com Ana Jorge e considerou que os cortes no apoio da SCML no desporto provocarão "maiores impactos ao setor" devido à aproximação dos Jogos Olímpicos de 2024.
A Santa Casa não respondeu a outras questões da agência Lusa, nomeadamente quantas e quais federações estão incluídas na revisão do seu plano de patrocínios, qual a estimativa dos montantes a cortar e quando pensa ter uma decisão final sobre os apoios a cortar e os apoios a manter e porque tomou esta decisão a menos de um ano dos Jogos Olímpicos Paris 2024.
Entre as entidades apoiadas pelos Jogos Santa Casa, de acordo com a lista publicada no seu site, além do COP e do CPP, estão a Confederação do Desporto de Portugal (CDP), as federações de equestre, motociclismo, andebol, atletismo, canoagem, ciclismo, futebol, ginástica, judo, natação, patinagem, remo, râguebi, surf, ténis de mesa, triatlo, voleibol e de desporto para pessoas com deficiência.