Foi uma equipa que foi do horrível ao maravilhoso aquela que, na noite de quarta-feira, se deslocou até à Bélgica para vergar o campeão local. Uma grande segunda parte, com Evanilson em destaque, permitiu ao FC Porto sair com uma goleada da casa do Antuérpia. Um recital de antologia do brasileiro no Bosuilstadion.

Perante aquela que, em teoria, é a equipa mais frágil do Grupo H, os dragões deram 45 minutos de avanço. Sérgio Conceição tinha razão para estar aziado no tempo de descanso, tal como o próprio fez saber logo após o encontro. Os portistas entraram adormecidos, amorfos, sem intensidade e sem ideias, e pagaram caro essa inércia. Ainda na primeira parte, Alhassan Yussuf, aos 37 minutos, castigou a formação lusa.

A cara com que Sérgio Conceição tinha regressado do intervalo dava para entender que o treinador do FC Porto estava pouco satisfeito com o que tinha visto. Mas certamente arregalou os olhos quando, ao final dos 90 minutos, viu uma exibição de alto quilate dos seus jogadores.

A postura do FC Porto foi completamente diferente na segunda metade, a pressionar alto, sem deixar o adversário sair a jogar, obrigando-o a cometer mais erros. E foi quase sem deixar respirar os belgas que Evanilson deu início ao que foi uma noite de sonho na cidade dos diamantes, ele que tinha entrado pouco antes do intervalo para o lugar do lesionado Wendell - o canarinho tinha regressado à competição após lesão.

Logo nos primeiros segundos da segunda parte, Taremi recuperou a bola e lançou Evanilson, que, com alguma sorte à mistura, fez o empate (46'). O 2-1 demorou apenas oito minutos a chegar. Depois de um belo trabalho de João Mário na direita, o defesa assistiu para o golo de Eustáquio.

O Antuérpia esteve perto de empatar aos 63 minutos, quando Alderweireld, após um canto, acertou na barra, mas a noite era mesmo de Evanilson, que coroou o recital em solo belga com dois golos de antologia. O brasileiro igualou, inclusive, um recorde. É que, além do camisola 30 dos dragões, apenas outros seis jogadores haviam feito três golos num só jogo, depois de terem começado a partida no banco de suplentes. Na lista estão nomes como Mbappé e Salah.

Fizeram hat-trick na Champions como suplente utilizado:
Rosler
Pandiani
Joseba Llorente
Mbappe
Rashford
Salah
Evanilson pic.twitter.com/9GGY7GNn7O

— Playmaker (@playmaker_PT) October 25, 2023

Aos 69 minutos, e após assistência, de primeira, de Pepê, Evanilson não deixou a bola tocar no chão e rematou para o 3-1. O melhor da noite foi mesmo o terceiro do canarinho. Com os belgas balanceados na frente, o dianteiro chegou ao hattrick com um 'chapéu' perfeito, aos 84 minutos, após um grande passe de Taremi.

Esta vitória permite ao FC Porto somar seis pontos, e colocar-se a três do líder Barcelona. Segue-se novo embate com o Antuérpia, desta feita no Estádio do Dragão.

Mas vamos às notas desta partida:

Figura

O MVP da partida não podia ter outro jogador que não Evanilson. Ultrapassadas as lesões que o apoquentaram nos últimos meses, o brasileiro voltou a sorrir e parece estar de volta às boas exibições que demonstrou anteriormente.

Surpresa

40 anos, sete meses e 29 dias de pura qualidade. Pepe voltou de lesão, saltou para o onze e formou com David Carmo uma dupla de betão. Transmitiu a segurança necessária à equipa e está com a mesma vontade desde o primeiro dia em que atuou na Champions.

Desilusão

Alan Varela ficou ligado ao golo do Antuérpia, depois de ter perdido a bola em zona proibida. Foi uma exibição negativa do argentino, que até tem sido uma das figura da equipa neste arranque de época.

Treinadores

Mark van Bommel

O neerlandês promete uma equipa que não ia ter medo do adversário e a verdade é que os belgas mostraram isso no primeiro tempo. Aproveitando alguma passividade do FC Porto, o Antuérpia teve uma exibição em crescendo na primeira parte e feriu o adversário num erro crasso numa saída de bola. A reação implacável dos dragões no arranque do segundo tempo acabou com as esperanças belgas.

Sérgio Conceição

Primeira parte inenarrável dos dragões, sem pés nem cabeça. E o treinador tinha razões suficientes para estar descontente. Depois de um tempo de descanso revigorante, e, quase de certeza, com alguns recados à mistura, deu-se uma reviravolta em todo o que tinha corrido mal na primeira parte. A entrada de Evanilson em cima do intervalo foi um aposta certeira para dar início ao que foi uma noite gloriosa na Bélgica.

Arbitragem

Trabalho irrepreensível da equipa liderada por Benoit Bastien. Decidiu bem nos dois lances em que os portistas reclamaram grande penalidade.

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