Nile Ranger é um nome que, provavelmente, nada diz aos amantes do futebol. Ainda assim, o avançado, agora com 32 anos, foi considerado uma das grandes promessas da formação do Newcastle. Porém, problemas extra-futebol ditaram uma carreira fracassada.
Ranger estreou-se pela equipa principal dos magpies com apenas 18 anos, em 2019. Sem clube desde que deixou o Boreham Wood, da quinta divisão inglesa, no verão de 2022, o dianteiro garante que seria melhor do que Haaland se não tivesse levado a sua vida para vários problemas. Aos 32 anos, o jogador esteve duas vezes na prisão e luta, neste momento, contra vício do jogo.
"É preciso que haja um filme sobre a minha vida, porque é real, é interessante. Tenho jogadores que vêm ter comigo e perguntam: 'Que aconteceu? Que se passa contigo? Com o teu talento, que andas a fazer?' Fiz a cama a mim próprio e agora tenho de me deitar nela. Sinto-me frustrado. Sei o que posso fazer, mas é mais profundo do que isso, porque tive tantas oportunidades. Mas não aceitei os conselhos que me deram", começou por dizer Nile Ranger, em entrevista concedida ao portal The Athletic.
"Não aceitei os conselhos. Devia estar no mínimo no Championship neste momento. Não devia estar a ter problemas, mas não dei ouvidos. Se acrescentasse nutrição ao meu jogo e ao meu comportamento, seria o Haaland. Mas eu não quis ouvir. Pensei que sabia tudo. Em todos os clubes que frequentei, mesmo quando já era adulto, a minha mãe teve de vir cá - porque a respeitam - para ver se funcionava, como uma última tentativa", prosseguiu.
Nile Ranger, que participou em 26 jogos na equipa principal do Newcastle, recordou que o vício do jogo começou quando ainda estava ligado aos magpies. O avançado admitiu que os problemas ficaram fora de controlo, ao ponto de os dirigentes do clube inglês terem de intervir para o impedir de ir aos casinos.
"Eu estava a fazer algumas coisas loucas. Era mau o que eu estava a fazer. O presidente (Mike Ashley) tentou ajudar-me e impedir-me de ir aos casinos. Eu ia aos casinos todos os dias. Experimentei, comecei a ficar viciado. Derek Llambias [ex-diretor-geral] telefonou-me um dia e disse: 'Temos de ter uma reunião'. Disse-me 'vamos tirar este assunto das tuas mãos. Sabemos que frequentas casinos todos os dias. Estás banido de todos eles porque somos os donos. Um dia vais agradecer.' Estava a pedir dinheiro emprestado a pessoas, incluindo o [Fabrizio] Coloccini. Uma vez, a minha mãe e a minha irmã disseram: 'Fizeste 32.000 libras em dois meses'. Foi aí que me apercebi. A minha mãe disse que eu tinha de parar. Tenho uma personalidade viciante. Fiquei viciado naquilo, a sensação de ganhar era ultrajante, a adrenalina era louca", finalizou.
Ranger, agora com 32 anos, foi condenado a 11 semanas num instituto para jovens delinquentes em 2007, depois de um assalto numa rua em Londres. Foi também condenado a oito meses de prisão em 2017 pelo seu envolvimento numa fraude bancária online.
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