José Mourinho espalha, por estes dias, sorrisos aos adeptos da AS Roma, mas o técnico luso teve uma carreira longe das quatro linhas há muitos anos. O setubalense foi professor de Educação Física na Escola Secundária Zeca Afonso, no Seixal, e há quem o recorde com muita saudade. É o caso de Arménio Anjos
Antigo aluno do treinador português, Arménio Anjos contou, em entrevista ao jornal inglês The Sun, que, enquanto professor, José Mourinho já tinha uma personalidade bastante idêntica à que mostra agora.
"José Mourinho foi meu professor de Educação Física durante um ano, antes de ir para o Sporting [foi adjunto em 1992/93]. Ele tinha 23 ou 24 anos, eu tinha 14 ou 15. Não estava à espera que Mourinho fosse o que é agora. Ele era o mesmo. É uma coisa que me agrada nele: Mourinho nunca mudou. Sempre foi frontal. O que quer que ele pense sobre nós, ele diz-nos. Eu amo-o. Nunca deixei de o amar, mesmo na escola. Não era o único. Havia muitas pessoas como eu que gostavam dele, mas muitas outras odiavam-no. É como agora. Mourinho estava sempre bem arranjado e conduzia um Renault 18, que na altura era um carro muito popular", contou o português, de 50 anos.
"Já nessa altura, muitos dos meus colegas de escola diziam: 'Este tipo é demasiado rude para mim'. Ele ensinou-me tudo. Basquetebol, voleibol... Pensamos sempre que a Educação Física é uma disciplina em que não precisamos de trabalhar muito. É só correr e dar pontapés na bola. Com ele, não. Ele disse: 'Eu andei na universidade como o vosso professor de inglês, de português, de matemática. Têm de me respeitar da mesma forma. Têm de aprender comigo, não estou aqui a perder o meu tempo'. Toda a gente ficou em choque. Nos intervalos entre as aulas, normalmente os professores iam para a sala dos funcionários, mas ele estava lá fora connosco, a ver o que estávamos a fazer, a falar connosco. Ele era realmente motivador", prosseguiu Arménio Anjos.
O português revelou ainda que sonha ver a Roma no Olímpico, esta temporada.
"Só para vos mostrar o quanto gosto dele, o primeiro jogo do Real Madrid na época 2012-13 foi em casa do Valência. Estava de férias no Algarve. No sábado à tarde, disse à minha mulher que íamos ver o Real Madrid amanhã. Ela disse: 'O quê? Estão 40ºC e queres conduzir daqui até Madrid só para ver o Mourinho?' Eu disse: 'Onde quer que ele vá, eu vou'. Comprei bilhetes para sete pessoas, tínhamos um carro de sete lugares. Demorámos oito horas. Chegámos dez minutos depois do pontapé de saída, porque eu estava à procura de estacionamento. Entrámos, vimos o jogo, que estava empatado. Depois voltámos para trás e demorámos mais oito horas", atirou o ex-aluno de José Mourinho.
"Depois da derrota do Real Madrid nas meias-finais da Liga dos Campeões de 2013 contra o Borussia Dortmund, Mourinho ajoelhou-se. Tive muita pena dele e senti que tinha de o apoiar, por isso no domingo seguinte voei para Madrid, fui ao Santiago Bernabéu, paguei 300 libras por um bilhete para ver o Real Madrid vencer o Sevilha e depois apanhei o avião de volta. Estava lá para ver Mourinho, não me interessa o Madrid. Por esse homem, farei mais do que faria pelos meus filhos. Mourinho é o melhor treinador de sempre. É fantástico. Adoro-o, adoro-o imenso. A forma como ele falava com tanta paixão fez com que eu começasse a jogar futebol", finalizou.
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