Numa sessão de esclarecimento promovida pelo grupo O Escadote, que decorreu no auditório da Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva, em Braga, e que juntou hoje à noite cerca de uma centena de pessoas, os vários grupos de apoio ao clube representados no debate explicaram as razões por que votarão contra as alterações que têm gerado mais polémica.
De entre elas, destaca-se a proposta de eliminação do atual artigo 110.º, que diz que "em todas as sociedades desportivas em que o Sporting de Braga participe nos termos do número anterior, existentes ou futuras, será mantida, direta ou indiretamente, a maioria do capital social e número de votos correspondente a essa posição societária".
Os elementos do painel, no qual estiveram representantes das claques Red Boys e Bracara Legion, defenderam que o clube deve ter a maioria da SAD e o representante dos Bracara Legion discordou da explicação dada esta semana pelo clube de que o Sporting de Braga "não tem e nunca teve essa maioria", nem na sua constituição, e que esta alteração visa apenas "fazer corresponder os estatutos com a realidade atual e que sempre se verificou".
Segundo o mesmo, em 1998, quando a SAD bracarense foi criada, "a legislação proibia o clube de ter mais que 40 por cento", tendo a solução passado por uma parceria com a Câmara Municipal de Braga, então liderada por Mesquita Machado, do PS, também antigo dirigente do Sporting de Braga, que adquiriu cerca de 17 por cento do seu capital social.
Pelo que, indiretamente, essa maioria era assegurada pela parceria com a autarquia, perfazendo mais de 50 por cento ao juntar-se aos cerca de 36 por cento do clube.
Em 2016, a câmara, já liderada por Ricardo Rio, do PSD, vendeu as ações por imperativos legais (compradas pela Sundown Investments), mas o facto de o clube não ter adquirido essa participação foi sempre mal compreendido por uma larga franja dos adeptos 'arsenalistas'.
Atualmente, o Sporting de Braga detém 36,99 por cento das ações, a Qatar Sports Investment (entidade cujo beneficiário efetivo é o estado do Qatar e que é proprietária dos franceses do PSG) possui 29,60 por cento, a Sundown Investments tem 17,04 por cento, estando ainda 16,37 por cento espalhados na categoria "outros" acionistas.
Os adeptos mostraram-se ainda contra o que entendem ser limitações à democracia, nomeadamente as propostas de apresentação de candidaturas para eleições.
Se antes as listas de candidatos teriam que ser subscritas por um mínimo de cinquenta sócios, não contando os elementos que as integram, agora, caso esta proposta seja aceite, as listas de candidatos terão que ser subscritas por um mínimo de sócios há pelo menos 15 anos consecutivos (antes cinco) no pleno gozo dos seus direitos, que, no conjunto, representem cinco mil votos, não contando os elementos que as integram.
A AG extraordinária está marcada para 03 de fevereiro, a partir das 09:30, no Pavilhão Multiusos do Sporting de Braga, e as alterações terão que ter 3/4 dos votos.
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