Passar de 'Couting Stars', dos OneRepublic, para o célebre tema 'María', de Ricky Martin, poderá parecer uma viagem infindável no estilo (e não tanto no tempo), mas ambas assentam que nem um luva naquilo que se passou no Estádio da Luz, este sábado, com a goleada do Benfica frente ao Estrela da Amadora (7-0) a valer a passagem aos 'oitavos' da Taça de Portugal. O motivo? Ángel Di María.
Afinal, quem não sabe dar continuidade à frase 'Un, Dos, Tres Un pasito p' adelante...'? Acrescentemos momentaneamente o 'Di' a 'María'. Em noite de pura magia, o avançado argentino rubricou um supersónico hattrick, que deu início a uma noite de glória encarnada, desde o tento inaugural (2') à monumental 'bicicleta' (5') que vai 'correr mundo' e ainda a outro golo a surgir na insistência (18').
Sem muito mais para contar no primeiro tempo, que se desengane quem acha que o clube da Luz entrou para a segunda parte a pensar na visita ao terreno do AS Monaco, na Liga dos Campeões, a começar, sobretudo, pela jogada sensacional que possibilitou ao recém-entrado Kerem Akturkoglu fazer o quarto (60')... e não ficou por aí.
Os últimos dez minutos serviriam para alargar (e de que maneira!) os números da goleada do Benfica, desde a mão cheia assinada pelo também recém-entrado Amdouni (81') à redenção de Arthur Cabral, com um bis em quatro minutos (86' e 90'), em resposta aos dois falhanços que protagonizou momentos antes.
É certo que o Benfica soube como cantar o tema 'Counting Stars' para derrubar os estrelistas, numa semana em que foi anunciado um concerto da banda OneRepublic em Lisboa, para novembro de 2025, mas é a canção 'María' de Ricky Martin que ilustra aquele que foi um 'show' monumental de Ángel Di María. E segue-se agora o Farense no acesso aos 'quartos' da prova rainha portuguesa.
Vamos então às notas da partida:
Figura
Ángel Di María terá feito, seguramente, uma das suas melhores exibições de sempre com a camisola do Benfica e até mesmo de toda a carreira. 'Soltinho', como Bruno Lage disse na flash-interview, o avançado argentino foi o grande responsável pela entrada de rompante do Benfica, com um hattrick supersónico em que se destaca a tal 'bicicleta', que entra diretamente para um dos seus melhores golos de sempre. No meio de tudo isto, ainda houve tempo para assistir Akturkoglu para o 7-0.
Surpresa
Arthur Cabral surpreendeu pela insistência. A exibição esteve longe de ser incrível, mas o facto de nunca ter 'atirado a toalha ao chão' levou-o a fechar os 90 minutos em campo com dois golos. Tardios, é certo, mas apareceram em modo de 'revolta'. O avançado brasileiro já tinha falhado o golo de forma escandalosa por duas vezes, mas o voto de confiança de Bruno Lage, em deixá-lo em campo até ao fim, traduziu-se num bis que poderá incentivá-lo para os próximos jogos.
Desilusão
Por onde andou Alan Ruiz? Poucas foram as investidas ofensivas do Estrela da Amadora na Luz e em nenhuma se viu o avançado ex-Sporting em evidência, sendo que o maior destaque, dentro das limitações, até foi Rodrigo Pinho. O argentino voltou a ser titular quase dois meses depois - contrariamente os últimos três jogos em que entrou apenas a partir do banco - e esteve em campo até aos 67 minutos, mas esta esteve muito longe de ser a sua noite.
Treinadores
Bruno Lage não quis 'tirar o pé do acelerador'. Com quatro mexidas na equipa, o Benfica apresentou-se confiante em campo e a prova maior disso foi chegar aos 18 minutos já a ganhar por 3-0. Para além disso, a procura por mais golos no segundo tempo levou a equipa encarnada para uma histórica 'chapa 7', pelo que nem o 'modo poupança' abrandou as águias, mesmo com um importante jogo no horizonte, nas contas da Liga dos Campeões, na próxima quarta-feira.
José Faria procedeu a alguns ajustes táticos para lutar por uma vaga nos 'oitavos' da Taça de Portugal, mas nada correu bem à sua equipa. Sofrer três golos praticamente de rajada na Luz rapidamente desmoraliza qualquer equipa e a forma como foram sofridos mais quatro golos no segundo tempo é sintomática disso, tanto com alguma lentidão dos processos dos tricolores, como com o natural médico dos encarnados. Uma noite para esquecer... ou para aprender.
Árbitro
André Narciso não teve uma noite propriamente difícil, mas a sua equipa de arbitragem errou no lance do terceiro golo, uma vez que Di María encontrava-se em posição irregular, ainda antes de combinar com Aursnes para assinar um hattrick. Para além disso, a entrada de Rollheiser, aos 74 minutos, valeu um cartão amarelo... que não seria escandâlo nenhum se fosse de outra cor. Ainda assim, não são casos que coloquem em casa a passagem do Benfica à próxima ronda da Taça.
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