O calendário sobrecarregado do Sporting leva a que Rúben Amorim tenha de tomar (complexas) decisões na hora de montar um onze, jogo após jogo, face às peças que tem à disposição. Repetir uma equipa inicial já não acontece, imagine-se, há meio ano.
O jovem treinador até poderia eventualmente ser adepto da velha máxima "em equipa que ganha não mexe", mas nem durante a série de oito jogos consecutivamente a vencer - entre dezembro de 2023 e janeiro de 2024 - houve espaço (ou condições) para manter o mesmo onze de uma partida para a outra.
A lógica de 'reinvenção' não passa só por posições pontuais, uma vez que, perante as nuances táticas que Rúben Amorim adota na análise aos seus adversários, há substituições que provocam... ainda mais alterações. Desde a defesa ao ataque, não faltam exemplos ilustrativos disso mesmo.
Olhando para a partida do passado domingo, frente ao Farense (3-2), Rúben Amorim até repetiu a mesma frente de ataque - com Marcus Edwards, Pedro Gonçalves e Viktor Gyokeres -, mas o mesmo não se pode dizer dos restantes setores.
Viktor Gyokeres é um dos poucos jogadores que raras vezes sai do onze de Rúben Amorim.© Getty Images
No miolo, Morten Hjulmand perdeu a companhia de Hidemasa Morita para passar a ter a de Daniel Bragança, que já não entrava num onze desde o empate frente ao Young Boys (1-1). Já nas alas, Ricardo Esgaio recuperou a titularidade no corredor direito em detrimento de Geny Catamo, enquanto que Nuno Santos ocupou a vaga de Matheus Reis.
Dentro da lógica das alterações provocarem ainda mais alterações, face a redundância, Matheus Reis desceu para o eixo central e viu o capitão Sebastián Coates ir para o banco, com nota ainda para a saída de Eduardo Quaresma e a entrada de Jeremiah St. Juste - que não sabia o que era ser titular desde o empate frente a Atalanta (1-1) na Liga Europa, em novembro, muito por 'culpa' da sua prolongada lesão.
No que toca ao ataque, Viktor Gyokeres - quase como figura central de um filme - vai partilhando o trio de setas ofensivas com Pedro Gonçalves e Marcus Edwards, mas também com Francisco Trincão e Paulinho, ainda que Rúben Amorim já tenha praticamente abdicado da ideia de juntar os dois pontas de lança no onze, conforme aconteceu na reta inicial da temporada. Aliás, é para aí que 'viajamos' de seguida.
Repetir a 'receita' não deu certo
Encontrar dois jogos consecutivos em que Rúben Amorim não tenha feito qualquer alteração foi uma tarefa árdua, de tal forma que o Desporto ao Minuto precisou mesmo de recuar até às primeiras jornadas da I Liga para recordar tal cenário. O desfecho, esse, não foi o mais positivo.
Já depois de ter derrotado o Famalicão por 1-0, na terceira ronda do campeonato, o Sporting viajou até ao Minho para defrontar o Sporting de Braga, exatamente com a mesma equipa inicial, mas acabou por empatar (1-1), deitando 'por terra' logo a tal expressão recordada acima: "em equipa que ganha não se mexe".
Na altura, o emblema de Alvalade alinhou com Antonio Adán na baliza, o trio de centrais foi composto por Ousmane Diomande, Sebastán Coates e Gonçalo Inácio, com Nuno Santos e Ricardo Esgaio nas alas e ainda Hidemasa Morita e Morten Hjulmand no miolo. Já a frente de ataque ficou entregue a Pedro Gonçalves, Paulinho e Viktor Gyokeres, precisamente na altura em que os pontas de lança sueco e português 'coabitavam' num onze inicial.
As diferenças para os últimos 11 titulares do Sporting é escassa, mas a aprendizagem é enorme. Disputar o campeonato e ainda a Taça de Portugal e a Liga Europa 'força', assim, uma gestão cada vez mais madura por parte de Rúben Amorim. Os resultados estão à vista.
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