O auditório da Fundação Serralves, na cidade do Porto, encheu-se de figuras conhecidas, na tarde de sexta-feira, para a apresentação pública da série documental 'Senhor Presidente - O Campeonato de uma vida', que será transmitida na Amazon Prime Video.
O evento, que reuniu figuras de vários quadrantes da sociedade, serviu para mostrar um compacto de cerca de 50 minutos da mini-série de três episódios, que já se encontra disponível na referida plataforma de streaming. Nela são retratados episódios da infância de Pinto da Costa e os primeiros tempos em que o atual presidente portista entrou para o clube da cidade Invicta através da secção de hóquei. Os 42 anos que Pinto da Costa leva como presidente do FC Porto não foram esquecidos, assim como algumas das principais conquistas dos dragões, como o calcanhar de Madjer na final da Liga dos Campeões em 1987, os dois triunfos europeus seguidos com José Mourinho ou a vitória dramática que deixou Jesus ajoelhado no Dragão.
A cerimónia, na qual o Desporto ao Minuto esteve presente, contou com a presença do antigo presidente da República, Ramalho Eanes, para além do ministro da Saúde, Manuel Pizarro, João Soares, Valentim Loureiro, António Salvador, presidente do Sporting de Braga, Jorge Mendes, António Oliveira, Vítor Baía e Pedro Proença, entre outras personalidades.
O tempo 'roubado' à família e um cargo que lhe estava destinado
Ao longo dos quase cinquenta minutos da exibição deste compacto, é recordada a ligação já longínqua de Pinto da Costa ao clube da cidade Invicta. Na série, o presidente do FC Porto e candidato às eleições de 27 de abril recordou uma conversa que teve com a sua mãe, que o incentivou a assumir a direção dos portistas, e deixou um agradecimento particular à sua família, "por compreender que esta missão" que "rouba muito tempo" da sua presença
"Nunca esperei estar 42 anos à frente do FC Porto. A minha mãe tinha razão, era o meu destino. E só Deus sabe, e se calhar ela também, quando esse destino me levará para outra vida. Mas enquanto eu cá estiver continuarei a lutar para que o FC Porto seja o que tem sido nos últimos 42 anos. Um clube dos sócios, dos amigos, de vitórias e que pensa em honrar a nossa cidade e o nosso país. É um momento difícil, mas para mim não há momentos difíceis. Há momentos em que nos devemos entregar de alma e coração e outros em que devemos abdicar. Mas não vou abdicar, vou lutar para poder ser útil ao FC Porto, para dar alegrias aos sócios, especialmente aos mais desfavorecidos, para que possamos ter muitas e muitas vitórias", afirmou Pinto da Costa depois de emitido o compacto.
Depois de um discurso recheado de emoção após a sessão e que mereceu aplausos de toda a plateia, Pinto da Costa falou aos jornalistas presentes no evento e mostrou-se muito sensibilizado com a presença de tantos amigos nesta cerimónia.
"É uma história de vida, em três episódios de 50 minutos. Isto começou há mais de um ano e já não me lembrava das pessoas que tinham participado. Fiquei extremamente sensibilizado com a vinda do presidente Ramalho Eanes, porque veio de propósito de Lisboa para estar aqui presente. Não contava. Os convites não foram feitos por mim. Ramalho Eanes fez questão de estar presente e adiou um compromisso. Numa pessoa como ele sensibilizou-me muito", destacou o líder dos portistas, recordando a participação de alguns elementos da sua família na série documental, como os filhos Joana e Alexandre Pinto da Costa, ou alguns dos seus cinco netos.
"Gostei de tudo. Gostei de ver a minha neta, eu a contar-lhe aquela história. Tive pena que algumas pessoas que eu gostava que tivessem participado nisso não o fizessem porque faleceram. Como o José António Pinto de Sousa, que estava apalavrado para falar. Recordei todos aqueles como o Pôncio Monteiro, Reinaldo Teles e Armando Pimentel, que tanto me ajudaram. Tive pena não os ter visto aqui com os outros", lamentou.
'Farpas' a Villas-Boas e a promessa sobre o futuro do FC Porto
André Villas-Boas, antigo treinador e também candidato às eleições do FC Porto, é um dos participantes na série. No documentário, o técnico, de 46 anos, falou sobre a relação entre ambos aquando da passagem pelo clube azul e branco, referindo que já escreveu para o atual presidente portista como nunca escreveu para o seu pai. "Como nunca escrevi ao meu pai", disse Villas-Boas na série da Prime Video.
Questionado sobre que reparo diria a um filho como André Villas-Boas, Pinto da Costa, bem ao seu estilo, não deixou o adversário sem resposta: "Vai chamar pai a outro." Antes disso, o presidente do FC Porto disse que a única pessoa que mudou na relação entre ambos foi o ex-treinador. "Mudou dele. Ouvi-o, não ouviu? Se alguém mudou não fui eu. A mim nada me surpreende. Só me surpreende se um dia a minha cadela me ferrar", atirou.
Pinto da Costa ao lado da filha Joana e do genro Vítor Martins, treinador de futebol© Igor Martins / Global Imagens
Sobre a continuidade à frente dos destinos do clube portista para lá das eleições de 27 de abril, Pinto da Costa garantiu que ainda tem muito trabalho para fazer.
"Para já, tenho muito que fazer. Ainda hoje terei de ir para o clube trabalhar. Temos de pensar é nisso. Hoje não é dia de pensar noutras coisas. É dia de reconhecimento a todas as pessoas que participaram neste documentário e, sobretudo, às que vieram aqui transmitir-me a sua amizade, que não foi mais do que isso, e que aprecio muito e retribuo em dobro”, vincou Pinto da Costa aos jornalistas.
A desilusão europeia contra o Arsenal e os convocados para as seleções
Pinto da Costa também abordou a atualidade do FC Porto e não deixou de comentar aquela que foi a mais recente desilusão europeia, com os azuis e brancos a serem eliminados da Liga dos Campeões, no desempate por penáltis frente ao Arsenal.
"Merecia ter passado? Acho que sim. Não passou... O Arsenal, que marca quatro, cinco e seis golos por jogo, em 200 e tal minutos contra o FC Porto só marcou um e num lance esporádico. Portanto, acho que o FC Porto merecia mais. Mas o que fez em termos de exibição e de postura foi muito gabado, pelo menos no estrangeiro", atirou, antes de falar da chamada de Galeno para a seleção brasileira e de Francisco Conceição à equipa das quinas.
"A seleção portuguesa perdeu um grande jogador [Galeno]. Foi pré-convocado pela seleção portuguesa e não ia. A seleção brasileira convocou-o, tolo seria se não aproveitasse a oportunidade", sublinhou o líder dos dragões, comentado também a chamada de Francisco Conceição à seleção nacional, jogador que está emprestado pelo Ajax e que Pinto da Costa quer manter para a próxima temporada: "Claro."
"Francisco? É natural [a convocatória]. Ao que tem jogado, seria uma injustiça não ter sido chamado. Está um grande jogador, é jovem, pode ser muito útil à seleção... Acho que era previsível", sustentou, antevendo a reta final de temporada.
"As contas são de que temos de ganhar o jogo de amanhã [hoje] com o Vizela e, depois, pensar no jogo a seguir. Na Taça [de Portugal] dependemos só de nós, no campeonato não. Portanto, não podemos estar a fazer contas. Temos é de ganhar os nossos jogos e é o que queremos fazer", salientou.
A paixão do povo português pelo futebol e a figura Pinto da Costa
Depois do sucesso da série "Factory of Dreams: Benfica [Fábrica dos Sonhos]", a Prime Video decidiu voltar a apostar nas séries documentais sobre futebol e retratou em três episódios a história daquele que é o presidente há mais tempo em funções num clube de futebol e que conta já com mais de 2000 mil títulos alcançados.
Ricardo Carbonero, Diretor de Conteúdos da Prime Vídeo Portugal e Espanha, explicou, em declarações exclusivas ao Desporto ao Minuto, como surgiu a ideia de retratar a vida de Pinto da Costa neste documentário que conta com os testemunhos de atuais e antigos treinadores como Sérgio Conceição, José Mourinho e André Villas-Boas, jogadores como Paulo Futre, João Pinto, Deco e Iker Casillas e também dirigentes de outros clubes, como Florentino Pérez do Real Madrid e Joan Laporta do Barcelona.
"Sabemos há uma grande paixão em Portugal pelo futebol. O Benfica e o FC Porto são dois grandes pontos de interesse. Sabemos que estas séries documentais sobre desporto geram muito interesse. Como surgiu a ideia? Através da produtora [SPi]. Conseguimos ser reconhecidos em Portugal como um parceiro que tem muito interesse em projetos que são interessantes. Foi uma proposta que nos chegou e desde o primeiro minuto que acreditámos nele", começou por dizer, antes de descrever como foi trabalhar de perto com Pinto da Costa na realização desta série que durou quase um ano.
"É tudo mérito da produtora. Pinto da Costa é uma das personagens mais relevantes na história do futebol em Portugal. Ele foi muito rápido a apoiar o projeto", prosseguiu.
Questionado sobre se o Sporting poderá ser o próximo clube português a ser documentado em série, Ricardo Carbonero confessou que a plataforma de streaming vai continuar atenta à paixão dos portugueses pelo futebol, não descartando conta em série documental o que foi parte da carreira futebolística de Cristiano Ronaldo ao serviço dos verde e brancos.
"Pode ser... Vamos seguir nesta onda das séries documentais desportivas. Sempre que encontremos histórias relevantes, que podem ser sobre clubes ou personagens, vamos estar atentos. Cristiano Ronaldo? Ele é uma personagem muito interessante, claro, mas têm de coincidir várias coisas: o interesse da personagem e as nossas possibilidades para um projeto desta escala e natureza. O bom é que em Portugal há grandes personagens e vamos continuar a apostar nelas", finalizou.
Jorge Marecos Duarte (esq.) da produtora SPi, Pinto da Costa (ao meio) e Ricardo Carbonero (dir.), da Prime Video© Igor Martins / Global Imagens
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