Atualmente sem clube, após três temporadas ao serviço da AS Roma, José Mourinho deu uma entrevista ao jornal inglês The Telegraph. Falou sobre o futuro e o que pretende num próximo trabalho, relembrando o porquê das coisas terem corrido mal na Roma.
"Não é que eu tenha medo de empregos em clubes que não sejam 'feitos para ganhar'. Quando alguns [treinadores] atingem um certo nível, talvez digam: 'Só vou ter empregos feitos para ganhar'. A minha função é tentar transformar os clubes em clubes 'feitos para ganhar', ou para atingir alguns objectivos", afirma o português.
Questionado sobre a reputação de Mourinho e como isso pode 'afugentar' alguns clubes a contratá-lo, o português rejeita essa ideia:
"A descrição do meu trabalho de sonho - porque às vezes temos um título de trabalho e outra coisa é a descrição do trabalho - é 'treinador principal'", diz. "É esse o meu sonho. Ser o treinador. Ser a pessoa que trabalha com a equipa, que se concentra na formação dos jogadores, que prepara os jogos", descreve.
"Felizmente, tive isso na minha carreira. Infelizmente, tive outras situações em que tive de ser muito mais do que isso. Quando se é muito mais do que isso, não se é tão bom treinador quanto possível. O clube coloca-nos numa posição em que eu não quero estar. Acham que depois da final da Liga Europa que perdemos, nas circunstâncias em que perdemos, fiquei feliz com toda a emoção que senti? Acham que fiquei feliz por ser o rosto do clube que foi à conferência de imprensa para falar sobre estes acontecimentos? Não, detestei ir", referindo-se aos casos de arbitragem.
"Se as pessoas temem alguma coisa [em relação a Mourinho], não temam. Deem-me uma estrutura profissional em que eu seja apenas o treinador principal, porque é nisso que sou bom. As pessoas dizem que sou bom a comunicar. Muitas e muitas vezes dizemos as coisas erradas. Sobretudo quando se comunica três ou quatro vezes por semana. A estrutura de um clube empurra-me na direção errada", afirmou.
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