Álvaro Djaló foi um dos grandes destaques do Sp. Braga durante a presente temporada. O jogador, que tem duplo passaporte espanhol e guineense, já foi vendido ao Athletic Club ainda durante esta temporada, por 15 milhões de euros. O Sp. Braga pode ainda receber mais 5,5 milhões em objetivos, numa venda que entra no top-5 das mais volumosas da história do clube.
Djaló chegou ao clube minhoto em 2017, proveniente do modesto Begoña, do País Basco, e afirmou-se lentamente no clube, desde a equipa de juniores, passando pela equipa sub-23, B, e finalmente a equipa principal. Gabriel Silva, treinador-adjunto do Trofense, assistiu aos primeiros passos de Djaló no Braga, enquanto preparador físico dos juniores, em 2017-18.
"Tendo em conta a posição dele, acaba por não ser difícil chegar a esses valores. Ele tinha algumas características que o diferenciavam. Os jogadores que resolvem jogos são mais bem pagos", começa por dizer, em entrevista exclusiva ao Desporto ao Minuto.
Além de Djaló, Vitinha, David Carmo ou Francisco Moura integravam essa equipa. "A passagem que tive foi curta porque tive a possibilidade de ir para o Boavista com o Jorge Simão. Mas tive a oportunidade de treinar com esses jogadores. Aquilo que destaco, para além da qualidade que já demonstravam, eram algumas coisas que os diferenciavam. Uma personalidade forte. Já sabiam o que queriam. Tinham uma forma de estar muito profissional, adulta, que levava a crer que chegassem a onde chegaram", explica Gabriel Silva.
Jorge Simão é um treinador confiante, que delega confiança na sua equipa técnicaO referido convite de Jorge Simão, que regressou recentemente ao Boavista, foi uma surpresa para o jovem técnico, de 31 anos. "Ele conheceu o meu trabalho no Sp. Braga, pelo meu trabalho como estudante, na faculdade. Ele precisava de alguma pessoa para funções específicas - o controlo do treino, a periodização. Gostou na altura da minha forma de estar. Não estava nada á espera, foi repentino. Aí, sim, tive a possibilidade de dar esse passo para o futebol profissional", refere.
No espaço de um ano, Gabriel Silva deu um salto desde os juniores do Esmoriz, passando por Braga, com a última paragem no Bessa, na I Liga. Já tinha sido adjunto nos juniores do Lusitânia Lourosa, Leixões e Grijó, agora tinha outras responsabilidades.
"Foi uma possibilidade de trabalhar numa função um pouco diferente, neste caso era como periodologista, recuperador físico, mas era uma oportunidade de trabalhar com uma estrutura profissional, com jogadores de nível alto. Foi por isso que decidi mudar um pouco as funções mas estar mais perto daquilo que era o futebol profissional", explica.
O primeiro impacto no Bessa foi marcante para Gabriel Silva. "Na altura tinha 24 anos. Era preparador físico e, no primeiro treino que conduzi, tinha ainda muito pouco contacto com o Jorge Simão. Com os jogadores, zero. Mas ele deu-me autonomia completa para conduzir o treino de recuperação com os jogadores que tinham acabado de vencer o Benfica no dia anterior [2-1, no Bessa]", num jogo que ficou marcado na memória benfiquista por um 'frango' de Bruno Varela.
Por isso, Jorge Simão merece elogios por parte de Gabriel Silva. "Só aí, foi esse impacto de perceber aquilo que é um treinador confiante, que delega confiança na sua equipa técnica. Uma forma de estar diferenciada daquilo que tivemos na formação. Levei essa experiência até aos dias de hoje", finaliza.
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