"Não será fácil, existem outras seleções fortes, porventura, melhores do que a nossa. Mas, depende sempre do momento. É ir passo a passo, tentando chegar o mais longe possível. Temos uma seleção muito forte, e prova disso são os resultados recentes e a nossa presença regular em fases finais de Europeus e Mundiais", disse à agência Lusa o antigo internacional português.
António Sousa, agora com 67 anos, tem um lugar cativo na história do futebol português, não só pelos títulos e carreira a nível de clubes, com passagens por Beira-Mar, FC Porto, Sporting, entre outros, mas, também, por ter 'assinado' o primeiro golo de Portugal num Euro, em 1984, em França, num jogo frente à Espanha, na segunda jornada da prova.
"É impossível esquecer. Foi um momento único, que tive oportunidade de aproveitar. Ainda hoje, quer os mais novos quer os mais velhos me falam desse golo. Além de ter sido um bonito momento, foi visto por milhares de pessoas. Saber que fui eu que marquei o nosso primeiro golo num Campeonato da Europa é um grande orgulho", recordou.
O ex-médio recorda com saudade esse momento, mas também "uma equipa de qualidade, com jogadores de grande nível individual, onde os treinadores tinham dificuldade em fazer o onze".
"Hoje é difícil encontrar pontas de lança, mas essa seleção de 1984 tinha Fernando Gomes, Jordão, Nené, e ainda ficou de fora da convocatória o Manuel Fernandes. Fizemos um campeonato da Europa brilhante, e foi pena no jogo com a França [derrota por 3-2, no prolongamento] não termos conseguido ir mais além. Merecíamos ter chegado à final", afirmou.
Regressando à atualidade, António Sousa aponta que Portugal continua a ter "uma seleção forte fruto de uma boa geração de jogadores", acreditando no potencial da equipa para "continuar num patamar elevado".
"Não podemos fazer comparações [entre a equipa de 1984 e a de 2024]. Tudo é diferente, desde os métodos de trabalho aos relvados. Mas o que me parece que é idêntico é a qualidade individual. Está ao nível dos últimos anos, e faço votos para que consigam dar-nos uma grande alegria neste Euro", partilhou.
Volvidos 40 anos desde esse Campeonato da Europa de estreia para Portugal, e onde António Sousa foi um dos protagonistas, a presença da 'equipa das quinas' em fases finais da prova tornou-se quase um hábito, mas o antigo médio não acredita que tal implique menos concentração dos atletas que vão agora arrancar a nona presença do nosso país num Euro.
"Não creio que da parte dos jogadores e dos responsáveis, se ache que é fácil lá chegar. Acredito que eles queiram construir coisas boas com vitórias. A mentalidade de chegar o mais longe possível já está enraizada", notou.
O ex-internacional, que fez um total de 27 jogos por Portugal, lembra que "o gosto e o prazer de representar o país" e defendeu que a "enorme vontade de fazer parte da história e vencer" tem sempre nortear o espírito da seleção portuguesa.