A UEFA impediu Arlind Sadiku, jornalista da estação televisiva kosovar Artmotion, de entrar em qualquer outro estádio, naquilo que resta do Campeonato da Europa, devido a um incidente registado no jogo da jornada inaugural da fase de grupos, entre Sérvia e Inglaterra.
Em declarações prestadas, esta sexta-feira, ao jornal britânico The Guardian, o repórter explica que foi destacado para um local imediatamente à frente de centenas de adeptos sérvios, que terão entoado cânticos de natureza nacionalista, um deles com a expressão "O Kosovo é o coração da Sérvia".
A Sérvia, recorde-se, não reconhece a independência do Kosovo, e as relações entre ambos os países permanecem tensas, mesmo depois do final da guerra, em 1999. Farto do que ouvia, Arlind Sadiku virou-se para o público e fez o famoso gesto da águia.
Gesto esse que fazia referência à bandeira da Albânia, outro país com o qual a Sérvia está de 'costas voltadas', e que foi entendido pelo organismo que rege o futebol do Velho Continente como um episódio de "má conduta".
"As pessoas não sabem como eu me estava a sentir, naquele momento, porque tenho trauma da guerra. A minha casa foi bombardeada a meio da noite, quando era criança. Estava a dormir e lembro-me de acordar com vidros e sangue na cara e no corpo", afirmou o próprio.
"Sei que não foi profissional da perspetiva de um jornalista, mas ver a minha família naquela situação foi traumático para mim, e não posso esquecer", completou.
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