Ángel Di María concedeu uma longa entrevista ao Rosario3, divulgada esta terça-feira, em que aprofundou a polémica situação em torno das ameaças recebidas pela sua família na Argentina, numa altura em que preparava a sua mudança do Benfica para o Rosario Central - algo que não se concretizará este verão. No meio de todo o caos, o internacional argentino explicou quando tomou a decisão de não voltar à casa de partida, revelando algumas ameaças arrepiantes que recebeu.
"Tomei a decisão depois de ter passado a primeira ameaça. Lembro-me que estava nos Estados Unidos com a seleção da Argentina e foi aí que disse que era impossível regressar, no dia 25 de março. Garanti que, assim, não ia voltar para Rosário. Tocaram na minha família e eu não vou permitir isso. Não a qualquer preço", começou por dizer.
"O tempo passou e voltei a falar com Gonzalo Belloso [presidente do Rosario], em maio, e disse-lhe que não ia voltar, que não ia poder estar tranquilo a saber que a qualquer momento podia acontecer alguma coisa. Sei que, para muitas pessoas o Central está em primeiro lugar, mas não para mim, para mim a minha família está em primeiro lugar, doa a quem doer", acrescentou ainda.
"Houve uma ameaça no bairro dos meus pais, que apareceu por todo o lado, e, simultaneamente, houve outra ameaça na imobiliária da minha irmã que não veio à tona, porque a minha irmã e o meu cunhado ficaram assustados e não denunciaram. Era uma caixa com uma cabeça de porco com uma bala na testa, e um bilhete que dizia que se eu voltasse para o Central a próxima cabeça seria a da minha filha", lamentou o extremo, de 36 anos.
"Só de ver o nome da minha filha num bilhete e o que eles mandaram numa caixa já estava além de qualquer coisa que eu pudesse fazer. Foram meses horríveis. Só pensávamos e chorávamos todas as noites porque não conseguíamos realizar o nosso sonho", admitiu.
Segundo Di María, toda a família estava entusiasmada com o regresso a Rosário, mas o receio das ameaças "superavam tudo". "Quem não entende é porque não se coloca nem por um segundo no meu lugar, porque é fácil reclamar e abusar nas redes sociais sem se colocar no lugar do outro. [O regresso ao clube argentino] foi e é o meu sonho", referiu.
O campeão mundial e bicampeão da Copa América, que passou ainda na Europa por Real Madrid, Paris Saint-Germain, Manchester United e Juventus, vincou que não queria viver "sob custódia" das autoridades policiais para garantir a sua segurança, e a da sua família, caso regressasse à Argentina, mas deixou em aberto a possibilidade de 'pendurar as botas' no Rosario Central.
Leia Também: Di María rejeitou Rosario. "Disse-nos que não se sentia seguro"