"Ontem [domingo], em pleno Estádio Olímpico chorámos, chorámos muito, olhámos para o céu e para os anéis olímpicos e você já estava lá", indica a conta oficial no Facebook de Fernando Pimenta, que recebeu a notícia durante a cerimónia de encerramento dos Jogos Paris2024.
O canoísta recordou o "amigo e presidente" do COP, que morreu no domingo, aos 74 anos, em Lisboa, recordando a primeira vez que se reuniu com José Manuel Constantino, para abordar um "tema difícil", numa altura em que "estava de costas voltadas com a federação".
"Também me lembro de todas as vezes que me ligou a dar os parabéns, a perguntar como eu estava e me sentia, as vezes que nos visitou em estágios, as vezes que esteve ao nosso lado em conquistas importantes para o desporto nacional", assinalou Fernando Pimenta, que falhou a possibilidade em Paris de se tornar o atleta português com mais medalhas olímpicas (três).
O atleta, de 34 anos, que conquistou uma medalha de prata em Londres2012, em K2 1.000 metros, com Emanuel Silva, e uma de bronze em Tóquio2020, em K1 1.000, lembrou a conversa que teve com José Manuel Constantino após o terceiro lugar na capital japonesa.
"Em Tóquio, deu-me os parabéns, mas sabia que eu não estava satisfeito, eu disse-lhe que aqui em Paris ia por mais e melhor. Não consegui. Não vou desistir, como você nos mostrou mesmo em momentos mais difíceis da sua saúde", assinalou.
José Manuel Constantino presidia ao COP desde 26 de março de 2013, quando sucedeu a Vicente Moura, no auge da sua experiência no dirigismo desportivo, após liderar o Instituto de Desporto de Portugal, antecessor do Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ), e a Confederação do Desporto de Portugal.
Nascido em Santarém, em 21 de maio de 1950, Constantino foi o primeiro licenciado em Educação Física (1975) a presidir ao COP, depois de uma vasta experiência na docência, tanto no ensino universitário (1994-2002), como no ensino básico, no início da carreira (1973-1986).
Com vários livros e inúmeros artigos publicados sobre desporto, era um dos grandes pensadores sobre o fenómeno em Portugal, algo que foi reconhecido com os títulos de Doutor Honoris Causa pela Universidade do Porto, em 2016, e pela Universidade de Lisboa, em 2023.
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