Sara Bermell não esconde que o drama que a comunidade de Valencia, de onde é natural, está a viver tem estado no centro das suas preocupações. Atualmente a morar na Madeira por estar ao serviço do Marítimo, a avançada espanhola de 23 anos contou, em entrevista à MARCA, publicada esta sexta-feira, como foi mantendo o contacto com a família nas horas de maior aperto.
"Por sorte, a minha família está bem, mas tenho conhecidos que não podem dizer o mesmo das suas. O povo está destroçado. Creio que aqueles que estão fora não conseguem entender a magnitude daquilo que aconteceu, mas está a ser muito duro", começou por dizer Sara Bermell, antes de explicar como percebeu a real dimensão do impacto das cheias a partir de uma mensagem da mãe no WhatsApp.
"'Meu deus, Sara. O que está a acontecer...'. A mensagem deixou em alerta, mas quando comecei a receber vídeos de como estavam as ruas de Paiporta, dos carros a flutuar, das pessoas a pedir ajuda, aí fiquei realmente assustada", explicou a jogadora que se encontra a cumprir a segunda época ao serviço do Marítimo.
Apesar do enorme susto, Sara Bermell revelou que a família conseguiu escapar à tragédia e não tem dúvidas em afirmar que a sorte esteve do seu lado.
"Por sorte, a minha mãe estava a trabalhar em Paterna, que não sofreu nada. O meu pai e a minha irmã estavam em casa, mas conseguiram salvar-se. O carro demorou uma semana a ser rebocado da garagem, mas não tem salvação. Mas, achas que depois de tudo estamos preocupados com o carro? Foi uma loucura", apontou a jogadora que, por coincidência, estreou-se a marcar pelo Marítimo no passado sábado frente ao Clube de Albergaria e logo em dose dupla.
"Festejei o primeiro golo fazendo um 'V' e dediquei a todos os valencianos e o segundo dediquei ao meu namorado, que sempre foi um grande apoio" rematou a camisola 11 do Marítimo.
De acordo com o mais recente balanço, 219 pessoas morreram e 93 continuam desaparecidas na sequência das inundações. A maioria das vítimas mortais é da região autónoma da Comunidade Valenciana, onde estão confirmados 211 mortos. Na região de Castela La Mancha, numa zona vizinha da Comunidade Valenciana, morreram mais sete pessoas e há ainda uma vítima mortal na Andaluzia.
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