Nenhum ingrediente faltou neste Clássico. Houve golos, tensão e intensidade na vitória do Benfica sobre o FC Porto, por 4-1, no Estádio da Luz, na 11.ª jornada da I Liga, e só uma polémica e as duas interrupções provocadas pelo mau comportamento dos adeptos nas bancadas amargaram um jogo de tão grande qualidade.
O Benfica, ainda 'traumatizado' pelo nevoeiro que obrigou ao adiamento do jogo frente ao Nacional, no passado mês de outubro, viu a própria casa repleta de um fumo branco causado por tochas que, por duas vezes, levou a que a partida fosse interrompida. Enquanto isso, o jogo propriamente dito não se ia afigurando interessante, situação que mudou drasticamente a partir do 20.º minuto.
E como não são apenas os jogadores a ficarem nervosos em jogos grandes, talvez tenha sido precisamente esse o sentimento que dominou o árbitro João Pinheiro na hora de decidir interromper uma perigosa jogada de ataque do Benfica quando em causa estava uma falta do FC Porto. Akturkoglu foi puxado à entrada da área e a bola sobrou para Pavlidis, com o grego a fazer um chapéu e a introduzir a bola na baliza. O golo, ainda assim, foi invalidado porque Pinheiro optou por não dar a lei da vantagem.
O ímpeto ofensivo das águias não se perdeu por entre a polémica, muito pelo contrário. Apenas cerca de 10 minutos depois, o primeiro golo válido seria celebrado e o mérito tem de ser dividido: Tomás Araújo, por um lado, foi capaz de descobrir Carreras sozinho na esquerda, mas o lateral espanhol, por outro, mostrou que sabe 'dançar' flamengo e deixou Martim Fernandes, uma das novidades do onze inicial de Vítor Bruno, completamente 'atordoado'. Já com espaço, o ex-Manchester United rematou para o 1-0 e mostrou por que motivo está a Europa 'louca' com ele.
Os erros pagam-se caros em jogos como este e o Benfica 'passou a fatura', ao permitir que o FC Porto empatasse. Francisco Moura, um dos elementos mais positivos dos azuis e brancos em todo o jogo, percorreu a ala esquerda antes de enviar a bola para a área e por lá estava Otamendi, que tinha de fazer melhor. O central argentino atrapalhou-se e, apesar de ter tudo para desviar o lance, permitiu que este fosse parar aos pés de Samu. O internacional espanhol, embora já a pensar na estreia pela La Roja, não desperdiçou e igualou o marcador.
A segunda parte teve ainda mais emoção e, consequentemente, mais golos... embora só para um dos lados. Começou logo com Dí María a aumentar o resultado, após um passe a rasgar de Aursnes, sendo que este parece ter sido o momento-chave para atirar o FC Porto 'ao tapete'.
Cinco minutos depois, o Benfica voltou a chegar ao golo e a noite provava ser 'negra' para os centrais argentinos quanto Nehuen Pérez fez um auto-golo (3-1).
O jogo caminhava para o fim e o FC Porto não apresentava argumentos para surpreender. Ao invés disso, foi mesmo o Benfica a chegar novamente ao golo, com Di María a ser chamado para converter uma grande penalidade. O extremo cumpriu, bisou e pediu, uma vez mais, união aos adeptos encarnados, certamente mais satisfeitos com Bruno Lage do que no início do jogo.
Revisto o filme do jogo, vamos então às notas.
Figura
Di María foi feito, acima de tudo, para jogar jogos grandes. Aos 36 anos, quando a velocidade já não é a mesma de outrora, continua a provar que ainda tem forma de ser decisivo e, para além dos dois golos, também serviu para galvanizar o plantel. Que bom que é ter este craque a jogar em Portugal.
Surpresa
Álvaro Carreras só não levou o prémio de melhor em campo para casa porque o extremo argentino de que lhe falámos anteriormente estava mais que inspirado. O lateral espanhol está em todo o lado e assim será difícil segurá-lo por muito mais tempo por cá.
Desilusão
Fábio Vieira nada acrescentou ao jogo. Quem não souber que o português chegou ao Dragão vindo do Arsenal e tenha visto apenas este jogo, terá dificuldades em acreditar.
Treinadores
Bruno Lage
Exibição muito segura do Benfica, que não se deixou abalar pela decisão polémica que marcou a primeira parte, nem mesmo pelo auto-golo antes mesmo do intervalo. A aposta no onze que dava mais garantias, sem invenções, também provou ser acertada.
Vítor Bruno
As alterações ao onze inicial deixam algumas dúvidas. O FC Porto foi inofensivo durante grande parte do jogo e podia até ter deixado a Luz com um resultado mais volumoso.
Árbitro
O erro de João Pinheiro cedo no jogo podia ter determinado o que se seguiu. Ainda assim, e tirando essa decisão infeliz, teve uma exibição razoável.
Leia Também: Cinco minutos 'à Benfica'. FC Porto perde Clássico e Sporting 'foge'