Moçambique pode perder com Mali face à insegurança em Maputo

A seleção moçambicana de futebol pode perder o jogo com o Mali, de apuramento para a Taça das Nações Africanas (CAN), pela insegurança em Maputo, face às manifestações pós-eleitorais, admitiu hoje o presidente da federação, Feizal Sidat.

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Lusa
12/11/2024 12:00 ‧ 12/11/2024 por Lusa

Desporto

CAN'2025

Em causa está a partida da quinta jornada da fase de grupos de apuramento à fase final da Taça das Nações Africanas (CAN) 2025 de futebol, agendada para o Estádio Nacional do Zimpeto, arredores de Maputo, na sexta-feira, às 18:00 locais (16:00 em Lisboa), precisamente no terceiro dia de uma nova fase de manifestações convocadas pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, que têm degenerado, desde outubro, em violência.

 

Feizal Sidat afirmou hoje, em conferência de imprensa, em Maputo, que tem a "certeza absoluta" de que a Confederação Africana de Futebol (CAF) vai atribuir a "derrota" aos 'mambas' se "não houver segurança" para as duas seleções -- e a equipa de arbitragem - iniciarem os treinos já na quarta-feira, primeiro dia das manifestações.

Caso perca este encontro na 'secretaria', Moçambique pode comprometer a segunda presença consecutiva na fase final da CAN, numa altura em que, com duas jornadas por disputar, lidera o Grupo I de apuramento, com oito pontos, os mesmos do Mali, segundo, e mais quatro do que a Guiné-Bissau, terceira, precisando apenas de um triunfo para assegurar a qualificação.

"Nós, como homens do futebol, estamos a apelar aqui a todos (...) para que possam falar com eles [promotores das manifestações]. Estamos aqui como moçambicanos, desportistas, para que passem a mensagem para eles: semana dos mambas, stop. Vamos todos concentrar-nos na mesma coisa", pediu Sidat.

O presidente da FMF confirmou que na quinta-feira foi recebido em Maputo um ofício da CAF a solicitar garantias de segurança para a partida, dadas através de um ofício que juntou também a secretária de Estado do Desporto e o Ministério do Interior moçambicano.

Tendo em conta que esta 'data FIFA' já está em curso, acrescentou que não há possibilidade de o encontro se realizar numa outra data, fora de Moçambique.

"É preciso garantir a segurança de todos os protagonistas neste jogo (...) Faltam três dias para o jogo e temos de o realizar em Moçambique, com tranquilidade", disse ainda o presidente da FMF, admitindo estar "otimista".

Ainda assim, deixou um apelo: "Gostaríamos de apelar à responsabilidade, tolerância, patriotismo de todos os moçambicanos, pois, caso este apelo não seja correspondido, o nosso país poderá ser sancionado pela CAF com uma derrota e uma pesada multa".

A CAN2025 vai ser disputada entre 21 de dezembro de 2025 e 18 de janeiro de 2026, em Marrocos.

O candidato presidencial Venâncio Mondlane, que não reconhece os resultados anunciados das eleições gerais de 09 de outubro, apelou na segunda-feira para um novo período de manifestações em Moçambique, durante três dias, a partir de quarta-feira, em todas as capitais provinciais, contestando o processo eleitoral.

"Vamos manifestar-nos nas fronteiras, nos portos e nas capitais provinciais. Todas as 11 capitais provinciais (...) Vamos paralisar todas as atividades para que percebam que o povo está cansado", pediu Venâncio Mondlane.

O responsável falava sobre a "quarta etapa" de contestação ao processo das eleições gerais, a qual terá "várias fases", a anunciar posteriormente, sendo também contra os "raptos e sequestros" e "contra o assassinato do povo".

"Durante três dias vamo-nos manifestar. Depois faremos uma pausa", afirmou, na mesma intervenção, que disse ser feita desde "o exílio", pedindo a concentração da população de todos os distritos, até sexta-feira, em cada capital provincial, incluindo Maputo.

Sobre o impacto da manifestação nacional de 07 de novembro em Maputo - terceira etapa dos protestos -, que levou a capital moçambicana a um dia de caos, afirmou que nunca foi intenção realizar um golpe de Estado.

"Se quiséssemos fazer um golpe de Estado, teríamos feito", disse, garantindo: "Nós não vamos desistir, nós não vamos recuar. Já mataram muita gente".

Pelo menos cinco pessoas morreram, 38 foram baleadas e 164 detidas em Moçambique em 07 de novembro, último dia da terceira etapa das manifestações convocadas pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, divulgou a organização não-governamental (ONG) moçambicana Plataforma Eleitoral Decide.

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