Bruno Costa fez quase toda a sua formação enquanto jogador no FC Porto, estando agora ao serviço do Nacional, que luta pela permanência na I Liga, objetivo pelo qual está bem posicionado, neste momento.
Em entrevista exclusiva ao Desporto ao Minuto, o médio português recordou a saída dos dragões, falou sobre a morte do ex-presidente, Jorge Nuno Pinto da Costa, e deixou as próximas etapas da carreira em aberto.
O camisola oito dos insulares, que conta com uma precisão de passe a rondar os 85%, recordou a experiência no estrangeiro e recordou momentos com colegas de balneário.
Como descreve a época do Nacional até ao momento? Acredita na manutenção?
No plano geral, está a ser uma boa época, uma época interessante, difícil, como são todas, na I Liga, mas estamos a conseguir focar no nosso objetivo, a mantê-lo de pé, e é nisso que estamos a trabalhar, todos os dias. Se o campeonato acabasse hoje, tínhamos conseguido esse objetivo e é nisso que pensamos.
Na temporada passada, teve a sua primeira experiência no futebol estrangeiro, no Valenciennes. Como descreve essa passagem por França?
A experiência no Valenciennes não foi a mais feliz, não me consegui adaptar muito bem, mas é uma coisa que está na minha cabeça. Gostava de, um dia, poder voltar ao estrangeiro.
Bruno Costa ao serviço do Valenciennes (França)© Reprodução/Instagram Bruno Costa
Tem contrato até junho de 2026, no Nacional. O que antevê para o futuro? Uma nova experiência fora de Portugal ou continuar por cá?
Isso, depois, no mercado de transferências, é que se vê. Agora, tenho mais um ano no Nacional, é nisso que estou focado e, depois, quando o mercado estiver ativo e surgir alguma coisa, todas as partes envolvidas falarão.
Esta época, o Nacional venceu o FC Porto. Como foi ganhar ao clube onde foi formado?
Toda a gente sabe que eu gosto muito do FC Porto, mas, dentro de campo, é diferente. Tenho de me focar no meu trabalho, sou profissional e fizemos o nosso trabalho. Na minha opinião, foi o ponto alto da nossa temporada, foi uma excelente vitória contra uma equipa extremamente difícil e que, de certa forma, nos deu muita confiança para o que vem depois.
Qual é o objetivo nos próximos anos? Vê-se a voltar a um 'grande'?
Sinceramente, tento-me focar muito no meu presente, porque ainda tenho de melhorar muito, todos os dias, em dar o meu melhor, fazer o meu melhor. O futuro será o que será e, depois, no mercado de transferências, vamos ver o que aparece, e vou definir o que é melhor para mim e para a minha família, porque nunca os ponho de parte.
Gostava de acabar a carreira no FC Porto, se surgisse a oportunidade?
Sim, sem dúvida. Eu voltava ao FC Porto sem pensar duas vezes.
Bruno Costa com Fábio Vieira e João Mário nos festejos da conquista da Taça de Portugal em 2022© Reprodução/Instagram Bruno Costa
O que motivou a saída do FC Porto?
É o futebol… Comecei no FC Porto aos 11 anos, foi muito tempo lá, a primeira vez que saí foi para o Portimonense, para ter mais minutos e mais experiência de I Liga, mas são coisas de futebol. Os mercados mexem e, nessa altura, foi o momento de sair, e os mercados existem para isso.
Qual foi o treinador que o marcou mais na carreira?
Vou dizer dois. O mister António Folha e o mister Pepa. O primeiro, apanhei muito tempo, no FC Porto, desde a formação à equipa B. É muito meu amigo, toda a família, é uma pessoa com quem me dou mesmo bem e que admiro muito. O segundo, pela época fantástica que tivemos no Paços de Ferreira, para mim, a minha melhor temporada, dentro e fora de campo, foi uma época muito feliz e que sinto falta dela. Foram os que mais me marcaram.
Esteve muitos anos no FC Porto… Como recebeu a notícia de que Pinto da Costa tinha falecido?
Muito triste. Fui para o FC Porto aos 11 anos, mas eu já nasci portista. Sou sócio do FC Porto e portista. Foi um momento complicado, uma excelente pessoa e o melhor presidente do mundo, que faleceu e, sem dúvida, um momento muito triste para mim e para todos os portistas.
Algum conselho que ele lhe tenha dado?
Eu não falei muito com ele, mas estive com ele muitas vezes, e é uma pessoa que, só pela sua presença, já ajudava, já ensinava. Uma pessoa que respeito muito.
Qual a memória mais icónica de que se lembra de Pinto da Costa? Alguma história em concreto?
Lembro-me de um momento com ele, não me lembro em que jogo foi, mas estava empatado até ao fim e ganhámos nos descontos. Eu estava na bancada, depois do jogo estava a ir para junto da equipa e cruzei-me com o presidente no elevador. Eu estava nervoso pelo jogo e pela forma como tudo aconteceu, visto que tínhamos ganho no último minuto, e ele virou-se para mim e disse "Estavas nervoso?", mas com muita calma, e eu tenho noção de que era uma pessoa que se enervava muito, porque sentia muito o clube. Disse-lhe que estava, ao que ele me responde "O jogo só acaba quando o árbitro apitar". Essa calma dele... Acredito que não estava calmo, mas, para me acalmar e tranquilizar, ele disse isso. É uma pessoa que sentia bastante o clube, mais do que todos…
O legado de Pinto da Costa é muito difícil de preencher, mas acredita que o André Villas-Boas está a conseguir fazer um bom trabalho no FC Porto?
Sim, acho que, com tempo, vai conseguir. Na minha opinião, os primeiros anos vão ser mais complicados, este está a ser, o próximo também acredito que seja, mas, daqui a dois anos, já vamos começar a notar bastantes diferenças, é nisso que acredito.
Bruno Costa no Paços de Ferreira© Reprodução/Instagram Bruno Costa
Qual foi o colega de balneário com que mais se identificou na carreira?
Vou também dizer dois. O Fernando Fonseca, que já o tinha apanhado na formação do FC Porto, e tive oportunidade de estar novamente com ele, no Paços de Ferreira, e estávamos sempre juntos, posso contar aqui uma história. No Natal, tínhamos treino, eu e o Nando fomos comprar fatos de Pai Natal e estávamos atrasados para o treino, parámos um bocado antes do estádio para nos vestirmos, isto já atrasados, o pessoal todo já a ligar, preocupado, o treinador e o presidente do Paços, e nós metemos a música do Natal nas alturas. Chegámos no meu carro os dois vestidos de Pai Natal, com prendas para toda a gente e todos se começaram a rir.
Livraram-se da multa com as prendas?
Sim, sim [risos], o ambiente lá era muito bom e o Nando é uma pessoa que alegrava, sem dúvida, o nosso dia a dia.
Não íamos com a cara um do outro. (...) Agora ele é padrinho do meu filho e eu sou padrinho do filho dele. O sentimento que havia antes de falarmos era uma estupidez
E quem foi o segundo?
O Fábio Vieira, foi uma pessoa que conheci no FC Porto, mas nunca tínhamos falado, havia ali um sentimento mútuo de não irmos com a cara um do outro. Tivemos a oportunidade de estar juntos na equipa A do FC Porto e vimos logo que o que sentíamos um pelo outro era realmente uma estupidez. Demo-nos logo super bem, ele é padrinho do meu filho e eu padrinho do filho dele, por isso, somos como irmãos e também é uma pessoa que no balneário é muito alegre, muitas piadas, o Fábio é uma pessoa muito especial, muito caricata, todos gostam dele, especialmente eu.
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